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Não transformem o ‘rolezinho’ em luta de classes. A democracia perderia

Por Por Ruy Sant’Anna (*) | 22/01/2014 10:48

Ei, ei, calma lá... Não vamos politizar, partidarizar, nem ideologizar os ‘rolesinhos’. Isso não! Também que a preguiça não os jogue na criminalização. Seria extremamente danoso.

Essas ocasiões sempre têm um organizador para juntar a galera, conhecer e fazer novas amizades. A ideia não é prejudicar ninguém ou provocar briga, furto nem roubo. Não há inveja nesses lances. Agora, se os contra essa manifestação pacífica partirem para rotulagem pejorativa e forem pra cima dos jovens, é possível que encontrem resistência, né?

O movimento do PT Jovem, da capital paulistana, já se pronunciou afirmando sua participação num rolezinho. E daí? Nenhum partido político sob nenhum disfarce deve meter o nariz nos ‘rolezinhos’.

Articulação, proveito (abuso) político dos rolezinhos só vai atrasar a vida dessas crianças e jovens, e pior: vai colocar qualquer partido político que queira tirar proveito, na situação de ‘tiozão’ desinformado e mau caráter. Por trás desses movimentos partidários ‘espontâneos’ sempre tem um ‘tiozão’.

Coloque-se na situação de uma menina ou menino de uns 12 anos que quisesse comprar algo num shopping e fosse barrada (o) por estar sem acompanhante responsável. Isso ajudaria? Guardadas as proporções e locais, veja que a partir de uma idade indefinida tem algumas crianças e jovens que tentam fazer seus pais entenderem que não querem acompanhamento até a porta do colégio. Beijinho de tchau, nem pensar... Não são todos, mas têm vários assim. Já condicionados pela sociedade dos, ‘o que vão pensar de mim’?

Os rolezinhos são resultados de várias condicionantes que massacram a vida mental, intelectual e saúde de toda ordem, asfixiando os que vivem fechados em casa, barraco, após as aulas quando podem frequentá-las ou depois de limpar a casa, cuidar dos irmãozinhos menores, dos também cuidadores; preparar o arroz com feijão, quando tem; dar banho deixar tudo na ordem possível, para a chegada em muitos casos só das mães. Os pais, aqueles de mau caráter, quando não vivem na bebida ou droga, surrando os enteados ou filhos e as companheiras dão o pinote. Deita o cabelo na estrada da vida e vão fazendo mais filhos e criando problemas. Claro, nem todos vivem essas dificuldades sufocantes, pelo menos nesse grau.

Então, esses pequenos não são apenas o que a televisão e a imprensa em geral mostram muito menos o que alguns policiais e ‘otoridades’ querem nos fazer entender.

Os rolezinhos representam as faltas de espaços sociais e estrutura familiar. Eles têm muita, muita angústia e ansiedade por dias melhores. Mas, como conseguir se vivem todo dia os mesmos e mais agravantes problemas?

Alguns vivem desordem social, porém como se exigir dos pais ou só das mães para que interajam com seus filhos? Dá para eles retomarem suas responsabilidades de família, na educação de tais menores? Seria proveitoso segregá-los fora do convívio dos seus pais?

Até onde se sabe, as famílias quando existem se ocupam em sobreviver. O que é extremamente doído. Não pelo trabalho em si, mas até para consegui-lo e paralelamente ter que fazer mais para ajuntar mais din din. Os pais e mães desses jovens também foram jovens um dia, e vem de gerações igualmente desamparadas por tudo e todos.

Os rolezinhos, na verdade, é a mínima parte da realidade nacional. Realmente são milhões de crianças e jovens que teoricamente “estão na classe média” brasileira. Só teoricamente! E de alguma maneira contribuirão para dirigir o futuro deste País, junto dos hoje melhor aquinhoados.

Gente, nós somos seres de instinto gregário, vivemos em bando, em união; dependemos um dos outros daí uma das identidades desses “bandos” como pássaros que, vivem em gaiolas, mesmo que com poesias que muitos graças a Deus vivenciam, e procuram ser líderes ou liderados nos rolezinhos.

Sobretudo, que se atente clara e objetivamente para se evitar que os ‘rolezinho’s que não são uma simples questão de baderneiros, mas de pessoas ávidas pela felicidade sem muita pretensão, acabe saindo do controle. Que o governo central socorra tal população jovem ao invés de assistir a involução disso tudo para algo bem pior.

Tenho certeza que os shoppings e a população brasileira não quer que isso se transforme numa luta de classes. A democracia perderia. Assim, abraço às crianças e jovens, sobretudo de Campo Grande e Mato Grosso do Sul, que cheios de alegria e disposição para a brincadeira pacífica encontram-se para se conhecer e divertir sem violência, raiva ou rancor, e lhes dou minha manifestação de apoio com meu bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna é jornalista e advogado.

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