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O Estado de Cunha

Por Gabriel Bocorny Guidotti (*) | 02/08/2015 14:00

No ápice da monarquia francesa, o rei Luis 14 decidiu marcar sua passagem pela terra com a construção de uma obra que representasse a magnitude do poder absolutista. Para atingir tal intento, contratou um arquiteto, Louis Le Vau, que deu início a um projeto ambicioso. O resultado foi o Palácio de Versalhes, localizado na cidade francesa homônima. Trata-se do maior palácio do mundo, uma obra magistral.

Luís 14 deixou para a posteridade uma representação de seu vasto poder, mas não apenas por meio de Versalhes. Uma frase histórica, atribuída a ele, diz o seguinte: “O Estado sou eu”. Todos eram vassalos, todos poderiam ser subjugados. Talvez seja impressão minha, mas vejo semelhança neste temperamento com o que acontece na Câmara dos Deputados do Brasil. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente da Casa, é o político mais influente do país, no momento. Ele assumiu um protagonismo que o alça para acima da própria Dilma Rousseff.

As maquinações políticas de Cunha têm trazido prolíferos resultados à proposta de ser oposição do atual governo. Tanto é que a Câmara barra projetos de origem do Planalto. Uma grande dor de cabeça para Dilma, em outras palavras. Alguns acusam Cunha de ser inescrupuloso e antiético. Outros dizem que a carga excessiva empregada logo no primeiro semestre desgastou o deputado, de modo que ele não vai durar no cargo. Seja como for, Cunha permanece onde está. E, a despeito de denúncias na Lava Jato, com solidez expressiva.

Fato é que o deputado representa um partido polêmico. O PMDB, historicamente, esteve do lado mais forte. Agora que o PT sofre as consequências de sua própria incapacidade, os peemedebistas pulam fora da barca paulatinamente, pois a pretensão é ter candidato próprio em 2018. Dependendo dos próximos episódios, o partido pode assumir o poder antes do que esperava. Com tantas pressões, será que Dilma vai suportar mais três anos e meio de mandato?

Destarte, minha intenção não é ser injusto com Cunha e tampouco acusá-lo de qualquer coisa. Ele faz seu jogo, como todos no Congresso. No momento, é o melhor jogador. Creio que muitos indivíduos do cenário político brasileiro abraçam a frase de Luís 14. O PT, de Dilma, pela forma como conduziu sua reeleição. O PSDB, de Aécio, que se diz uma oposição viável, mas recebe fundos dos mesmos patrocinadores e promete uma mudança que não fez em oito anos de mandato. Com tantos interesses em jogo, acredito que o poder absoluto, embora ramificado, permanece imbatível.

(*) Gabriel Bocorny Guidotti, bacharel em Direito e estudante de Jornalismo

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