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O significado da Quinta-feira Santa

Por Heitor Freire (*) | 16/04/2019 13:00

Religiosamente, a Quinta-Feira Santa é conhecida como “endoenças”, que é um termo de origem latina do verbo indulgeo, que significa perdoar, ser condescendente, interpretado pelo cristianismo como dias de perdão. Porém, esse termo também pode receber outra interpretação, como sofrer, sentir dor. Daí a denominação desse período como de endoenças.

Como sabemos, a história da humanidade é contada antes e depois de Cristo, o que demonstra claramente a importância de Sua vida e a transformação que Ele provocou em todo o planeta.

A pregação pública de Jesus, realizada em apenas três anos, teve dois momentos marcantes: o primeiro, o Sermão da Montanha – sem dúvida, o discurso mais importante já proferido nesta Terra; o segundo, toda a preparação que foi registrada em João, 13:31 até 18:01 – conhecido como o Evangelho do Testemunho, o discurso da despedida –, um dos momentos mais significativos da vida de Jesus, que começa com o ritual de lava-pés dos apóstolos e depois Ele demonstra de forma clara que o dinamismo da fé é o amor, preparando os apóstolos para a sua missão.

Os apóstolos de Jesus são retratados como pessoas simples, rudes, pescadores sem instrução formal. O próprio Jesus não teve uma formação educacional. Sem dúvida, cada um dos apóstolos era dotado de uma dimensão espiritual muito elevada, pois foram designados para a difusão da mensagem de Cristo. Todos eles são membros da Ordem Maior e aqui vieram como companheiros de Jesus secundá-Lo na pregação e no trabalho de divulgação do Evangelho.

Jesus lhes disse: “Não fique perturbado o coração de vocês. Acreditem em Deus e acreditem também em mim. Existem muitas moradas na casa do meu Pai. Se não fosse assim, eu lhes teria dito, porque vou preparar um lugar para vocês. E quando eu for e lhes tiver preparado um lugar, voltarei e levarei vocês comigo, para que onde eu estiver, estejam vocês também. E para onde eu vou, vocês já conhecem o caminho” (Jo, 14,1-4). Essa passagem confirma que apesar de os apóstolos serem pessoas humildes, eles não foram escolhidos de forma aleatória por Jesus. Eles vieram com um compromisso assumido. No caso de Judas Iscariotes, houve um desvio de comportamento.

Foi nesse momento que Jesus anunciou um novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Assim serão reconhecidos como meus discípulos”.

“Não se acovardem. Vou enviar o Espírito da Verdade. Para que todos sejam um”. O evangelho do testemunho encerra também exortações e conselhos finais: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Eu garanto a vocês, se pedirem alguma coisa ao Pai, em meu nome, ele O concederá”.

A liturgia utilizada na noite da Quinta-feira Santa encerra a Quaresma e dá início ao chamado Tríduo Pascal, o período em que se comemora a paixão, morte e ressurreição de Jesus, incluindo ainda a Sexta-feira Santa, o Sábado de Aleluia e terminando no Domingo de Páscoa.

A história de Jesus encerra um mistério, se formos considerar a falta de instrução formal em sua vida aqui na Terra. Mas, indubitavelmente, Ele não carecia disso. Ele já veio pronto e preparado. A interpretação que se dá a esse período que antecede a sua crucificação, de momentos de dúvida e de sofrimento, me parece equivocada, porque Ele sempre soube o que Lhe deveria acontecer, aceitando e assumindo integralmente o Seu papel.

“Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a Tua vontade”. Ele bebeu da Taça Sagrada até a última gota. Acredito que a Sua dimensão espiritual, o Seu conhecimento e a consciência de Sua missão davam a Ele o suporte necessário para encarar tudo de forma serena.

A nós, que estamos aqui na horizontalidade da nossa posição, só nos cabe procurar entender e agradecer o trabalho de Jesus, que nos mostrou o verdadeiro caminho.

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

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