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Outubro Rosa entre os meses cinzentos da desigualdade no Brasil

Liana Junqueira e Rafaela Marques (*) | 28/10/2021 08:30

Anualmente, o mês de Outubro é referência para alertar às mulheres quanto à importância de prevenir e/ou fazer um diagnóstico precoce do câncer de mama que atinge mulheres de todo o mundo, não diferenciando sua classe social. Entretanto, para mulheres que vivem em situação de maior vulnerabilidade e dependem exclusivamente dos serviços públicos de saúde, o câncer de mama, afeta de um jeito diferente.

Essas mulheres enfrentam verdadeiras batalhas para fazer o diagnóstico. Dificuldade no acesso a serviços básicos de saúde, demora em realização de exames de imagem e procedimentos como biópsia, levam a um diagnóstico tardio e acarretam, por vezes, tratamentos mais debilitantes, mutiladores e longos.

Concomitante a esta triste realidade da assistência pública, as mulheres quando trabalhadoras necessitam se afastar de suas funções para se tratarem. A mulher, trabalhadora nas circunstâncias do trabalho formal há respaldo previdenciário para que quando da incapacidade laborativa, mantenha a concessão do pagamento de seu salário enquanto perdurar a incapacidade. Mas quando falamos de uma trabalhadora informal, cujo vínculo previdenciário não existe, estamos dizendo que para que esta mulher realize seu tratamento, ela não terá a garantia de renda enquanto perdurar a incapacidade.

Esta realidade é assustadora diante da impotência de nós, assistentes sociais, trabalhadores na área da atenção oncológica na rede pública no DF. Ficamos diante da escolha árdua dessas mulheres em deixarem de lado, mesmo que temporário, o seu trabalho, deixarem de ter sua renda, por vezes a única renda da família para encarar uma longa jornada em busca de sua saúde.

O maior impacto nesta jornada, que em sua maioria, envolve sessões de quimioterapia, radioterapia e cirurgias, é chegar ao final com o mínimo possível de sequelas ou limitações físicas que possam interferir no cotidiano dessas mulheres e as impedindo de retornar as atividades laborais.

Isso porque não estamos falando somente de preconceito que envolve o diagnóstico oncológico, estamos apenas relatando uma realidade vivenciada por mulheres que quando diagnosticadas com câncer de mama, enfrentam uma batalha não só para sobreviver ao câncer. Mas que quando sobrevivem, se veem diante da impotência em realizar com a mesma condição algumas atividades que anteriormente não tinham dificuldade.

Para as trabalhadoras formais, o Programa de Reabilitação Profissional vinculado ao INSS, viabiliza uma nova formação e capacitação profissional compatível com as atuais limitações e incapacidades decorrentes do tratamento oncológico, oportunizando a reinserção no mercado de trabalho. Já as mulheres em trabalho informal, mais uma vez ficam às margens da sociedade, onde em sua maioria acabam tendo que se submeter a empregos que não respeitam suas limitações o que acarreta muitas vezes em uma limitação permanente e totalmente incapacitante para o trabalho.

(*) Liana Junqueira é graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Maranhão.

(*) Rafaela Marques é graduada em Serviço Social pela Universidade de Brasília.

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