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Para o Mamão, como para Manoel: Liberdade caça jeito

Por Alan “Kaká” Brito (*) | 24/01/2017 16:56

Escreveu sobre si e sobre nós o menino-passarinho Manoel de Barros: “Quem anda no trilho é trem de ferro. Sou água que corre entre pedras - liberdade caça jeito”, Manoel.

Ao descobrir que o amigo Ilmar Renato, o Mamão, foi chamado para participar do BBB 17, e aceitou, de bate-pronto eu fiquei assustado e um misto de sentimentos me tomou. Só consegui expressar em voz alta: “Mamão, seu doido!!!”.

Pois bem.

Não tardou para o “buzz” da notícia nas redes sociais e com ele uma enxurrada de apoios, piadas prontas – bem condizentes com a personagem – e claro, uma enxovalhada de críticas descabidas. “Afinal, o que um militante da esquerda está fazendo neste programa?”. Em resumo e minimizando o criticismo latente, este foi o questionamento mais levantado.

De um lado vi deslumbrados com a possibilidade revolucionária – mas hein? – que a participação de alguém como o Ilmar poderia ter no programa. De outro um sentimento de traição com “as causas” que esta mesma participação seria.

Nem tanto ao mar, nem tanto ao céu, diz o provérbio português. Não há no amigo Mamão trairagem alguma, principalmente com as bandeiras. Menos ainda há o impositivo de que ele seja um militante “24 horas por dia”. Ainda mais na “casa mais vigiada do país”.

Não sou ingênuo quanto ao “casting” desse programa: não foi a beleza do Ilmar que o pôs no programa, mesmo por que...

Há a pretensão clara de levar para dentro da casa do debate das redes e das ruas. Não é de hoje que a produção do programa faz isso e com exímia destreza. São profissionais gabaritados, competentes e astutos. Vide que apenas o anúncio da participação de nosso querido amigo frutuoso já causou frisson. O objetivo de chamar a atenção e causar o debate em uma parcela que não se vê no programa foi concluído por eles com êxito.

“O programa é um fenômeno comunicacional que reflete todo um contexto social que inclui até mesmo o mau uso das concessões públicas. Ou seja, ficar criticando quem assiste - maior parte da população - é ignorar que há um bom tempo as pessoas não consomem nada passivamente. (...) Além disto, o que acho mais preocupante nestas críticas são as pessoas se colocarem em um pedestal, como se não fizesse parte da sociedade que consome o BBB. Se identificar neste universo é o primeiro passo para mudá-lo”, comentou em rede social a jornalista Tainá Jara.

Pertinente, a jornalista expressa uma verdade: todo espaço está em disputa. O objetivo não é ganhar a hegemonia de pensamento dos consumidores deste entretenimento, mas se com a participação do Mamão for possível colocar uma cunha em alguns pontos que não entram na programação da Globo, isto já é algo valioso. Mas não é esse o objetivo, reitero.

Deixa o cara ir lá e se divertir. Falar as PRÓPRIAS verdades. Não as minhas, não as suas. As dele. Há de se lembrar quem é o Ilmar: mais um cara. Um cara interessante. Um maluco de carteirinha. Ontem mesmo vi um meme em que o Mamão é comparado ao saudoso Patropi! Quer alguma coisa mais deliciosamente exata que essa comparação?

Desejo que ele encante a todos como nos encanta e com isso fique por lá tempo o bastante para ganhar o coração e a mente das pessoas, não para as causas, por que elas são coletivas e maiores que ele, mas para si, pois ele cabe onde achar que cabe.

(*) Alan “Kaká” Brito é jornalista

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