ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 29º

Artigos

Suprema dor

Valfrido M. Chaves | 03/09/2012 08:50

Parece ser ponto pacifico que, em nossa cultura, a suprema dor que pode nos assolar é aquela que advém da perda dos filhos. As circunstâncias em que a tragédia se dê podem acrescentar mais fel ou atenuar a dor que avassala a alma daqueles atingidos pela maldição.

Tal como nos empatizamos com os pais, até comungando de suas dores, também o fazemos com as vitimas, cujo destino foi truncado em circunstâncias que podem ser diversas.

Vidas jovens, sorridentes, sem lastros de maldade em seu curto trajeto de vida, quando ceifadas pela maldade desumana, mais nos tocam. Imaginamos o terror pelo qual passaram e, nem vale a pena prosseguir por esse caminho que a imaginação ou experiências de vida nos permitem traçar.

Mas Campo Grande está mais uma vez chocada por um “crime de encomenda”. Crime de encomenda de um veículo, para ser vendido na Bolívia, por 15, 20 mil reais, talvez em troca de drogas, a mando de dentro de presídios. Afinal, os bandidos reclusos, precisam manter suas famílias, com bom padrão de vida.

As leis que os protegem e que facilitam suas ações e comunicações com o mundo extra muros, não protegem os inocentes. O criminoso sabe que, qualquer que seja seu crime, permanecerá apenas de 5 a 7 anos recluso, quando dará continuidade a seu destino: não há quem não saiba que a psicopatia é incurável.

Que o psicopata não fica isolado da massa carcerária sobre a qual exerce domínio, além de poder dar ordens para executar ações criminosas no mundo externo. O celular nas prisões mostra-se intocável.

Coisa certa e sabida, tal como sabido é que assim continuará. Talvez, se seqüestrarem a mãe do Papa ou o filho do Lula, a coisa possa mudar por uns tempos. Mas sabido é ainda, leitor, que não basta uma alma corrompida ou destituída de humanidade, para que ela se lance ao crime.

O clima de impunidade que reina na nação faz parte do que induz ao crime e impregna a alma da nação. Querem ver? Um tal de João Cunha não estava aí, cercado e apoiado pelos poderosos do momento, candidato a prefeito de uma grande cidade?

O Ministro da Justiça atual não é responsável por uma Lei que deu cobertura à mutretagem da Visanet? Um ex-presidente não diz, com todas as letras, que o Mensalão, a maior rede de corrupção da história da República, não existiu? Não nos informa a imprensa que o comando do PCC em SP teria recebido camisas autografadas do mais popular clube de futebol brasileiro, após conquista internacional?

Nesse contexto de flacidez moral, como ficam os freios morais daqueles que os têm menos estabelecidos? Ou sabendo que sua prisão será pouco menos que uma pós-graduação para o crime?

Mas nada mudará, leitor, pais apreensivos. Leis para dar cobertura a mutretagens, nós vimos e veremos. Mas para proteger os inocentes, os que têm humanidade dentro de si, os que trabalham, os que sustentam esse circo amaldiçoado? Só quando galinha criar dente. Que os fatos nos desmintam, leitor!

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista.

Nos siga no Google Notícias