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Tecnologia na educação: melhores professores, melhores aulas

Por Roberto Paes de Carvalho Ramos (*) | 17/08/2015 09:11

Quando o Ensino a Distância (EAD) começou a fazer parte da realidade do ensino superior, tal modalidade era inadvertidamente vista como simulacro do ensino presencial, uma espécie adaptada da educação regular. Claro que essas não eram características da modalidade em si; de fato, eram efeitos de sentido comuns à visão (ainda!) distorcida oriunda do ensino tradicional, em especial do seu corpo docente.

Talvez o grande vetor da aproximação irreversível dessas modalidades venha a ser o emprego de tecnologia. Como o EAD está fortemente atrelado a ela, concomitante ao fato de que não é mais possível ignorar a ascensão tecnológica para todos (inclusive nas salas de aula), somada à quase obsolescência da didática do “cuspe-giz”, é natural que a matriz venha beber na fonte da filial.

Mas por que isso aconteceria? É simples: tecnologias usadas em aprendizagem digital melhoram o ensino presencial, invariavelmente. Com amplo uso na oferta de conteúdo para cursos EAD, as videoaulas, por exemplo, aprimoram a didática do professor e possibilitam (ou reforçam) a aprendizagem do aluno. No primeiro aspecto, entre outros motivos, porque permite a autoconfrontação, técnica comum aos docentes que já entraram em um estúdio para gravar aulas em vídeo.

Em geral, nesse “teste”, diversos vícios de linguagem, maneirismos e manias vêm à tona, coisas que os alunos comentam e que não falariam ao professor... Aliás, já há tecnologias que permitem produzir vídeos mesmo sem estúdio, como dispositivos que recebem acoplagem de qualquer smartphone e que “seguem” o usuário durante seus movimentos a partir de um receptor de áudio (como um microfone de lapela). Além disso, essas mesmas tecnologias sincronizam apresentações com a fala, transmitem ao vivo a aula, ou gravam e postam em redes sociais, blogs etc.

Outro aspecto, talvez o mais importante dentre os dois, é o da extensão da experiência de sala de aula para outros ambientes. No curso de Gastronomia oferecido pela Universidade de Wilmington (Delaware, USA), por exemplo, a professora de culinária asiática grava a confecção de pratos em sua própria casa e disponibiliza tais vídeos como atividade obrigatória antes da prática em laboratório. Isso diminui a incidência de dúvidas, o desperdício de alimentos e, certamente, aprimora a aprendizagem, já que o aluno pode assistir à gravação quantas vezes quiser antes de colocar a mão na massa, literalmente.

Temos muitos desafios, certamente não precisamos de mais equívocos, como acreditar que a tecnologia tira emprego do professor ou despersonaliza o ensino e a aprendizagem, dentre outros lugares-comuns afeitos a pouca ou nenhuma reflexão mais apurada. Caminhamos, de fato, a passos largos para modelos híbridos, com forte uso de tecnologia e, paradoxalmente, cada vez mais personalizados. Nessa realidade, os grandes desafios passam a ser o de incentivar as culturas de mudança e de inovação e, também, integrar tecnologia na formação docente.

(*) Roberto Paes de Carvalho Ramos é doutor em Linguística, com experiência de mais de 15 anos em EAD e em tecnologia educacional. Ocupa o cargo de Diretor de Suporte ao Ensino no Grupo Estácio.

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