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Uma ponte para o futuro

Por Ângelo Rabelo (*) | 04/07/2019 06:42

Em algum momento da nossa evolução, rompemos. Deixamos de acreditar que somos dependentes e passamos a pensar e agir como independentes, soberanos, e até Homo Deus. Avançamos na maioria das relações de uma forma destrutiva e egoísta para satisfazer nossas necessidades, na sua grande maioria pessoais em detrimento do coletivo. Resolvemos definir isto como desenvolvimento, e na evolução, aperfeiçoamos para nosso conforto político, para Desenvolvimento Sustentável.

Diante muitas agressões, quando simplesmente passamos a produzir, em média, 1 kilo de lixo dia por pessoa e fomos orientados a colocar para fora de casa para coleta, sem a preocupação de saber para onde vai exatamente, atingimos a plenitude da ruptura com nossa casa, a Terra. Hoje, mais de 90% da população vivem nas cidades e diante do colapso dos clubes e parques urbanos de lazer nos fins de semana, passamos a buscar áreas silvestres, paisagens e rios com águas cristalinas. Esta tendência mundial nos trás uma oportunidade fantástica de potencializar nossos recursos naturais, os quais somos privilegiados, e nos transformarmos um grande destino de natureza. É uma decisão política inclusiva, que gera empregos e movimenta uma economia fantástica a exemplo do que já praticamos de forma modesta, pelos nossos números atuais.

Apenas cerca de 300 mil turistas, entre Pantanal e Serra da Bodoquena se destinam ao Estado, o que certamente pode ser dobrado sem gerar impactos, com a competência do trade turístico instalada e uma gestão ambiental inteligente e competente. Temos acesso, infraestrutura e ainda, recursos naturais conservados e ainda inexplorados, a exemplo do Rio Perdido. Podemos consolidar nosso estado como o melhor e maior destino turístico do país de natureza e ecoturismo. Devemos continuar produzindo carne, grãos, celulose, mas podemos continuar sendo também grandes “Produtores de Natureza". Este conceito inovador, esta associado a todas as iniciativas de proteção e uso de recursos naturais, onde existem ecossistemas completos, historias e culturas. O resultado se traduz em uma economia crescente, oportunidades para todos aqueles que vivem nestes lugares e orgulho.

Nosso Estado é privilegiado neste sentido. Para isso, basta repactuarmos nossos compromissos onde os interesses devem ser equilibrados e sermos Pop, Tec e Tudo, em todas as áreas. Não precisamos de novas normas ou processos jurídicos infindáveis onde apenas um segmento ganha e o coletivo perde. A negação dos fatos, entender ou classificar como “fake” a realidade, nos dividirmos em agro e ambientalistas elimina a oportunidade de usarmos nossa sabedoria e competência para construir um Estado forte, de oportunidades, de riqueza. Já disse o maior poeta, Manoel de Barrros: “Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças, nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”. Afinal, devemos, motivados por este encantamento, aproveitar nossos riquezas naturais para construir, juntos, uma ponte para o futuro.

(*) Ângelo Rabelo foi comandante da Polícia Militar Ambiental e é fundador do Instituto Homem Pantaneiro.

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