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Cidades

Cansadas, famílias de MS preferem não acompanhar júri de caso da boate Kiss

Acusados de serem os responsáveis pelo incêndio, quatro réus serão julgados a partir desta quarta-feira

Caroline Maldonado | 01/12/2021 08:54
Vítimas do incêncio que eram de MS, David Santiago Souza, Ana Paula e Flávia de Carli Guimarães. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Vítimas do incêncio que eram de MS, David Santiago Souza, Ana Paula e Flávia de Carli Guimarães. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Passados quase nove anos do incêndio, que matou três jovens de Mato Grosso do Sul, entre as 242 vítimas na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), quatro réus vão a júri popular hoje (1º), no Foro Central de Porto Alegre. O júri está previsto para começar às 9h e deve se estender por vários dias.

Nascida em Chapadão do Sul, a 331 quilômetros de Campo Grande, Flávia de Carli Guimarães, na época, estava com 18 anos. O campo-grandense David Santiago Souza, com 23 anos, era acadêmico de Odontologia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e Ana Paula Rodrigues, que estava com 21 anos, morava em Mundo Novo, a 463 quilômetros da Capital.

Diante da dor da perda, da revolta pela negligência dos acusados e demora da Justiça para julgar o caso, alguns dos familiares preferiram não ir ao júri. Prima de Flávia, Franciele Schultz conta que os parentes já desistiram de acompanhar os desdobramentos do processo.

“A mãe da Flávia já é falecida e a tia dela, minha mãe, preferiu não acompanhar o júri pela situação revoltante e pelo tempo do acontecido. Tanto ela quanto o pai da Flávia preferiram, já faz tempo, não mexer mais com isso. Eles moram em Palmeiras das Missões, onde a Flávia morava com eles”, conta Franciele.

Pai de Ana Paula, José Rodrigues, não irá ao júri e não sabe se os parentes em Santa Maria irão. “Minha enteada, que é irmã da minha filha, mora lá, mas não sei se vai acompanhar mais essa instância. É complicado pensar e lamentar o que aconteceu. Dinheiro nenhum traz minha filha de volta. Se tivessem tomado todas as providências legais, se tivesse extintor, nada disso teria acontecido”, lamentou o pai.

No dia 27 de julho de 2016, a Justiça de Santa Maria acolheu a denúncia do Ministério Público e proferiu sentença de pronúncia, determinando que os réus sócios da Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann; o vocalista da banda Gurizada Fandangueira Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Luciano Augusto Bonilha Leão, acusados de serem os responsáveis pela tragédia, fossem julgados pelo Tribunal do Júri.

No mesmo ano do incêndio, foi criada a Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, com mais de 28 mil assinaturas. Eles pediam apoio do Ministério Público para conseguir que fosse feita justiça.

Incêndio - No dia 27 de janeiro de 2013, a casa noturna no centro da cidade de Santa Maria pegou fogo depois que um sinalizador foi aceso. Sobreviventes disseram que o extintor de incêndio não funcionou. Faíscas atingiram o teto revestido de espuma e a fumaça tóxica deixou todos em pânico.

Superlotada, a boate tinha entre 800 e mil pessoas, sendo que a capacidade era para 690 pessoas. Sem saber o que acontecia, seguranças impediram a saída das pessoas.

Houve explosão e muitas pessoas tentaram buscar ar nas janelas do banheiro, mas morreram ali mesmo, enquanto alguns conseguiram sair. Muitos sobreviventes precisaram ficar hospitalizados e tiveram sequelas.

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