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Descrença sobre o vírus é preocupação a mais para profissionais da Saúde

Médicos, enfermeiros e outros trabalhadores que estão na linha de frente alertam para falta de medidas de prevenção ao coronavírus

Maressa Mendonça | 20/04/2020 17:43
Descrença sobre o vírus é preocupação a mais para profissionais da Saúde
Prédio do Hospital Regional em Campo Grande, referência no atendimento ao coronavírus em MS (Foto: Arquivo)


Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais da área da Saúde têm uma preocupação a mais quando o assunto é o coronavírus: a descrença de algumas pessoas em relação aos riscos representados pela doença. Segundo eles, a falta de máscaras e desrespeito aos espaçamentos em filas, por exemplo, são provas dessa “tranquilidade”.

Para médico Sandro Benites, que trabalha no Hospital Regional em Campo Grande, as medidas adotadas pela maioria dos campo-grandenses estão “muito distantes do necessário”.

Descrença sobre o vírus é preocupação a mais para profissionais da Saúde
Profissionais comemoram transferência de paciente diagnosticado com coronavírus da UTI para enfermaria do Hospital Regional (Foto: Divulgação)

Ele ressalta a facilidade em se prevenir contra o vírus e questiona a falta de atenção em relação a estas recomendações. “São três medidas: uso da máscara, higienização das mãos e distanciamento social. Não é fácil diante de uma pandemia mundial onde está morrendo muita gente? Mas nem isso é o suficiente para as pessoas manterem distância”.

Benites enfatiza que essas medidas beneficiam tanto os que acham se trata de uma “gripezinha”, passando pelos que defendem isolamento total e chegando nos que entendem a necessidade da quarentena sem desconsiderar a parte econômica.

“Se abre o comércio e todos usam álcool em gel e mantêm a distância a chance de contágio é menor. Os que ficam em casa também serão contemplados quando precisarem sair. Ninguém pode ser contra essas medidas. O problema é que nem todo mundo adota”, diz.

Opinião semelhante é do diretor técnico da Santa Casa em Corumbá, médico Manoel João de Oliveira. A cidade está com três casos confirmados para a doença e partir das primeiras confirmações a população começou a ficar mais preocupada, mas isto não quer dizer que as atitudes tenham mudado. “O pessoal está com medo, mas não está cuidando”, lamenta.

Segundo ele, é comum ver pessoas aglomeradas em filas de bancos ou casas lotéricas sem a mínima preocupação com o risco de contágio. “Nesse tempo de covid isso deveria ter mudado. Cada pessoa deveria saber que é pelo menos 1,5 metro de distância um do outro, mas não é uma fila normal como era antigamente”.

Outra preocupação é que os pacientes ainda estão procurando postos de saúdes com sintomas leves de outras doenças A recomendação é evitar o ambiente hospitalar para não correr o risco de ser contaminado.

O médico reconhece que os profissionais também ficam tensos com a situação, mas ressalta que há um preparo para lidar com os pacientes. Ele mesmo disse ter alterado toda a rotina. Ao chegar em casa, por exemplo, ele deixa sapatos e roupas usadas no trabalho do lado de fora para evitar possível contaminação da família. “Não creio que todo mundo tem que ficar trancado em casa, mas tem que tomar as medidas necessárias”.

Descrença sobre o vírus é preocupação a mais para profissionais da Saúde
Enfermeira Grace Kelly Aponte antes do início do plantão em UPA (Foto: Arquivo Pessoal)

A enfermeira Grace Kelly Aponte trabalha em UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e lamenta quando as pessoas não percebem os riscos da doença. "As pessoas estão sendo orientadas a procurar os postos só em caso de extrema necessidade para evitar aglomerações, mas a maioria não está acreditando na gravidade desse vírus". diz.

Grace comenta ter atendido pacientes que foram ao posto para aferir pressão porque esquecera de tomar remédio e, segundo ela, neste momento de pandemia isto não deveria ocorrer.

Ainda segundo a enfermeira, existe até a desconfiança de alguns pacientes de que os profissionais “estão com má vontade para trabalhar” e por isso recomendam que eles fiquem em casa. “As pessoas teriam de se conscientizar e aceitar as orientações que a gente dá. Não é só uma gripezinha”, finalizou.

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