Destaque no mapa, MS tem a 2ª maior incidência de dengue e 4ª de chikungunya
Estado fica atrás apenas do Espírito Santo quanto à ocorrência de casos, segundo painel do Ministério da Saúde

Com inúmeras anotações de protocolos de atendimento reunidas em um caderno, os moradores dos bairros Monte Castelo e Coronel Antonino, em Campo Grande, não descansam quando tem epidemia de dengue na Capital. A preocupação, em especial, são três terrenos onde funciona um desmanche de veículos a céu aberto na região.
Os protocolos anotados são registros de denúncias feitas pela vizinhança há dois anos, pelo menos. "O local serve como criadouro de mosquitos Aedes aegypti, ratos e escorpiões. Ligamos para prefeitura e pedimos providências, mas nada é feito. Dizem que as atividades do desmanche são regulares, mas no site do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) consta que não", diz uma moradora que não se identifica por temer represálias.
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Um dos terrenos fica no encontro da Rua Uruguaiana com a Rogério Casal Caminha, onde ficava a "oca indígena", antigo ponto cultural e turístico da Capital que foi consumido por um incêndio, ocorrido no início dos anos 2000.
Cansada de ver a família e os vizinhos adoecerem e receberem o diagnóstico de dengue, a moradora denunciou o caso ao Ministério Público Estadual este ano. "É muito triste. Estamos quase sem acreditar que vai ter resultado", lamenta. A mulher não quer se identificar, com medo de sofrer represálias do vizinho, proprietário do desmanche.
Segundo no País - A ocorrência de casos de dengue em Mato Grosso do Sul vem num ritmo crescente desde o início do ano e é a segunda maior do País neste momento, atrás apenas do Espírito Santo.
Os dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses, atualizado pelo Ministério da Saúde até esta sexta-feira (5), mostram que o Estado tem 1.336,40 casos a cada 100 mil habitantes em sua 17ª semana epidemiológica do ano. Já no Espírito Santo, a incidência de casos é de 2.127,63.
O número de óbitos por dengue em Mato Grosso do Sul, que é 19, representa 5% do total de mortes por dengue no País. No Brasil, o número acumulado desde o início das semanas epidemiológicas é de 333.
4º em chikungunya - Quanto à outra doença causada pelo Aedes aegypti, a chikungunya, Mato Grosso do Sul também recebe destaque negativo. Atrás de Tocantins, Minas Gerais e Espírito Santo, ele é o quarto estado com maior incidência.
Os casos da doença entre os sul-mato-grossenses é de 137,05, enquanto o total de casos prováveis são 3.891. Não houve óbitos no Estado.
Zika - O zika, também analisado no painel, tem incidência de 2,75 e 78 casos prováveis investigados em Mato Grosso do Sul, sem registro de morte.
Foram notificados 6,2 mil casos da doença em todo o País, com taxa de incidência de três casos por 100 mil habitantes. De acordo com o Ministério da Saúde, houve um aumento de 289% nos casos se comparados com o mesmo período de 2022, quando o país registrou 1,6 mil ocorrências de zika. Os estados com maior incidência são Acre, Roraima e Tocantins.
No grupo em destaque nos dados do painel relacionados à chikungunya e zika, estão as gestantes. Em Mato Grosso do Sul, são 79 que aguardam confirmação da primeira, e 26, da segunda.
Fiscalização - Ao ser identificado um imóvel ou lote urbano sujo, o proprietário é notificado pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), para realizar a limpeza. A notificação é enviada via Correios por AR (Aviso de Recebimento). Após o recebimento do AR, o proprietário tem o prazo de 15 dias úteis para realizar a limpeza.
Passado o prazo, o auditor fiscal da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) retorna ao local para vistoria, e caso não tenha sido cumprida a notificação, o proprietário é multado. A multa varia entre R$ 2.944,50 e R$ 11.778,00. A Semadur não tem a competência legal de realizar limpeza de terrenos.
Denúncia - O descarte irregular de resíduos em vias públicas ou terrenos se configura em crime ambiental. Quem presenciar o descarte irregular de resíduos pode denunciar para a Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana via telefone 153.