"É um alívio", comemora mãe sobre lei que garante tratamento de fenda palatina
Campo Grande já oferece cirurgias; medida amplia acesso e apoio a famílias em todo o Brasil

Pacientes com fissura labiopalatina, conhecida popularmente como fenda palatina, passam a ter acesso garantido ao tratamento completo pelo SUS (Sistema Único de Saúde). "É uma benção!", comemora Clara Luz Mendoza, mãe de uma menina de 2 anos nasceu com a má-formação.
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Pacientes com fissura labiopalatina, conhecida como fenda palatina, agora têm acesso garantido ao tratamento completo pelo SUS, após a sanção de uma nova lei pelo presidente Lula. A medida, celebrada por famílias como a de Clara Luz Mendoza, mãe de uma criança de 2 anos com a condição, torna o tratamento obrigatório em toda a rede pública. A cirurgia, essencial para melhorar a qualidade de vida, já é oferecida em hospitais como o Humap-UFMS e a Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande. A fissura labiopalatina, uma malformação congênita que afeta 1 em cada 650 nascimentos, pode ter causas genéticas ou ambientais. O tratamento, que inclui cirurgias e acompanhamento multidisciplinar, deve começar aos três meses de vida. A nova lei amplia a visibilidade do serviço e garante que todas as etapas do tratamento sejam cobertas pelo SUS, beneficiando milhares de famílias em todo o país.
A medida foi oficializada nesta quarta-feira (7) com a sanção de uma nova lei pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em Campo Grande, a correção cirúrgica da condição já é oferecida pelo Humap-UFMS (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) e pela Maternidade Cândido Mariano.
Com a nova legislação, a oferta do tratamento torna-se obrigatória em toda a rede pública nacional. “A lei também amplia a divulgação do nosso trabalho. Apesar de já realizarmos o procedimento pelo SUS, agora teremos maior visibilidade e oportunidade de orientar mais famílias”, destaca o cirurgião crânio-facial e otorrinolaringologista Bruno Ayub, do Humap.
A notícia foi recebida com alegria por Clara, que é mãe da pequena Adelynn Barua, de 2 anos. A criança nasceu com fissura labiopalatina, além de outras malformações nas mãos e na coluna. O início do tratamento ocorreu em 14 de março deste ano.
Para garantir o atendimento da filha, a família se mudou do Paraguai para Ponta Porã. No país vizinho, os procedimentos necessários são realizados apenas na capital, Assunção. “Ela esperou muito tempo pela cirurgia. Na primeira vez perdemos a vaga porque não recebemos a ligação do hospital, mas dessa vez ela fez o procedimento”, conta Clara.
Mesmo tendo feito pré-natal e exames de imagem durante a gestação, a condição de Adelynn só foi descoberta no momento do parto. Apesar do susto, Clara relata que a fissura não dificultou a alimentação da filha. A cirurgia, no entanto, era essencial para garantir mais qualidade de vida.
O primeiro dia foi difícil, mas no dia seguinte ela já estava brincando. Eu achei que seria mais complicado, que a recuperação seria demorada. Agora ela já está bem e perfeitinha”, comemora.
Clara também celebra a nova legislação, que beneficiará outras crianças na mesma situação. “É uma bênção. Por isso mesmo procurei o tratamento aqui. Estou muito feliz. Esperei tanto tempo por essa cirurgia, que foi um alívio, muito gratificante”, afirma.
Entenda a condição - A fissura labiopalatina é uma malformação congênita registrada em cerca de 1 a cada 650 nascimentos. Segundo o especialista, embora rara, a condição é observada com frequência devido ao alto número de nascimentos. Em sua maioria, tem origem genética, mas fatores ambientais também podem contribuir.
“Casamentos consanguíneos, uso de algumas medicações, tabagismo e drogas ilícitas durante a gestação podem ser causas. Mas, em geral, é uma condição genética, mesmo sem histórico familiar”, explica Bruno Ayub.
O diagnóstico pode ser feito ainda no pré-natal, o que é considerado ideal. “Quando a descoberta ocorre antes do nascimento, conseguimos orientar a mãe sobre amamentação, desenvolvimento e etapas do tratamento, o que reduz o impacto emocional após o parto”, detalha.
Muitas vezes, no entanto, a fissura só é identificada após o nascimento. O tratamento se inicia cedo, com a primeira cirurgia prevista aos 3 meses de vida. Ao longo da infância e adolescência, o paciente pode passar por até 11 procedimentos, conforme a necessidade.
“As cirurgias do lábio e palato são feitas na Maternidade Cândido Mariano. Já os procedimentos de enxerto ósseo velar, reconstrução dentária e cirurgias ortognáticas são realizados no Humap”, explica Ayub.
Além das cirurgias, o tratamento exige acompanhamento multidisciplinar, com apoio de fonoaudiólogos, psicólogos, ortodontistas, entre outros profissionais. Com a nova lei, todas essas etapas passam a ser cobertas pelo SUS.
“A fissura pode comprometer fala, respiração, alimentação, audição e deglutição. Quando iniciamos o tratamento no tempo certo, aos três meses de idade, conseguimos minimizar esses impactos de forma significativa”, finaliza o especialista.
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