Gêmeas de 2 anos esperam transplante raro para se livrar das dores
Mãe criou vaquinha para custear viagem e tratamento de Maeve e Flor

Diagnosticadas ainda bebês, as irmãs Maeve e Flor vivem sob riscos diários provocados pela anemia falciforme, doença genética que causa dores comparadas a fraturas e ameaça o funcionamento de órgãos. Com dois anos de idade e uma infância marcada por internações, as gêmeas campo-grandenses agora têm uma chance de cura: um transplante de medula óssea do irmão mais velho, Francisco, de 10 anos, 100% compatível.
A cirurgia foi autorizada pelo plano de saúde e será feita em São Paulo, no Hospital Beneficência Portuguesa, sob responsabilidade da equipe do hematologista Victor Zecchin.
A família, no entanto, terá de permanecer cerca de um ano fora do Estado para o acompanhamento médico das crianças, o que exige apoio logístico e financeiro. Uma rede de solidariedade se formou entre amigos e familiares para ajudar com os custos.
Desde os cinco meses de vida, as meninas enfrentam crises constantes. “Flor teve um sequestro esplênico em fevereiro e correu risco de morte. Já a Maeve sente dores abdominais quase todos os dias”, conta a mãe, Lohanna Carrilho, 37 anos, coordenadora pedagógica da rede municipal.
A família já viveu episódios de CTI (Centro de Terapia Intensiva), transfusões, uso de morfina e suspeitas de meningite. “Elas já passaram por tantas situações que a gente se acostuma a viver em alerta. É um medo constante, porque mesmo com todos os cuidados, a doença é imprevisível”, diz.
Maeve e Flor não frequentam escola. Por orientação médica, o contato com o mundo se limita à casa. O quintal da família foi adaptado para as brincadeiras das crianças. “Nos dias bons, elas são só meninas: inventam histórias com fantasias, pintam, montam castelos com o Chico”, descreve Lohanna.
A descoberta da compatibilidade genética entre os três irmãos foi um marco na história da família. “Quando vi que os três eram compatíveis, achei que o exame estava errado. Choramos muito. Era como ganhar na loteria”, relembra a mãe.
Entenda o caso - A anemia falciforme é uma doença hereditária que deforma os glóbulos vermelhos, prejudicando a oxigenação do corpo. As células, com formato de foice, bloqueiam vasos sanguíneos e causam crises de dor. Segundo o Ministério da Saúde, a cada mil nascimentos no Brasil, um bebê nasce com a doença. Sem tratamento adequado, muitos não completam cinco anos de vida.
O tratamento atual ajuda a controlar sintomas com uso de hidroxiureia, antibióticos diários, transfusões e vacinas reforçadas. As meninas são acompanhadas por hematologistas a cada dois meses. Mesmo assim, a mãe diz que não conseguiria mais conviver com o medo. “O sequestro esplênico da Flor foi o limite. Vi que não podia esperar algo pior acontecer para buscar outra alternativa”, afirma.
“A gente acredita muito no amor da nossa família. Com o transplante, elas vão poder viver como qualquer criança merece: sem dor, sem limitações e com direito de sonhar com o futuro”, conclui.
Quem quiser conhecer mais sobre a história das irmãs pode acompanhar o perfil da mãe nas redes sociais: @lohannacarrilho. Uma ajuda de custo é mantida por pessoas próximas. Clique aqui para saber mais.
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