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Cidades

Mãe de menino assassinado pelo pai passa mal durante o enterro

Corpo de Miguel Henrique dos Santos Zenteno foi sepultado às 16h desta sexta-feira, no Cemitério Municipal de Aquidauana

Maressa Mendonça e Geisy Garnes | 20/09/2019 16:33
Parentes e amigos da família durante o sepultamento de Miguel Henrique dos Santos Zenteno no cemitério municipal de Aquidauana (Foto: Giselli Figueiredo)
Parentes e amigos da família durante o sepultamento de Miguel Henrique dos Santos Zenteno no cemitério municipal de Aquidauana (Foto: Giselli Figueiredo)

A mãe do menino Miguel Henrique dos Santos Zenteno, de 2 anos, assassinado pelo pai passou mal durante o sepultamento da criança realizado na tarde desta sexta-feira (20), em Aquidauana, a 135 quilômetros de Campo Grande. Ela e a avó materna da criança estavam em estado de choque. A avó paterna e outros parentes do agressor também participaram.

O velório ocorreu na capela da Pax Vida dentro do cemitério municipal. Pouco antes das 16h, os funcionários pediram para fechar a tampa do caixão e, neste momento, a mãe do menino passou mal. Ela saiu da sala e não conseguiu retornar a tempo de ver o corpo do filho sendo sepultado.

Quase 100 pessoas estiveram no velório e enterro de Miguel. Todos muito consternados.

Evaldo foi preso em flagrante por policiais do Batalhão do Choque (Foto: Divulgação)
Evaldo foi preso em flagrante por policiais do Batalhão do Choque (Foto: Divulgação)

Mentiras e morte - Nos depoimentos da ex-mulher e de amigos à polícia, detalhes das atitudes de Evaldo Christyan Dias Zenteno, de 21 anos, mostram um comportamento conturbado, cercado de mentiras e tentativas de chamar atenção. O rapaz foi preso por matar Miguel.

Os relatos detalham o comportamento do Evaldo da separação até a descoberta do crime. Segundo a ex-mulher do suspeito, de 21 anos, a separação aconteceu há cerca de dois meses, consequência de um relacionamento marcado por muitas brigas. Para recomeçar a vida, saiu de Campo Grande e voltou para Aquidauana, junto com o filho, para morar com o irmão mais velho.

Durante esse tempo, no entanto, Evaldo nunca aceitou o fim do relacionamento e por várias vezes pediu para voltar com a mãe do filho. Para a polícia, o irmão da jovem lembrou que no começou as ligações do suspeito eram constantes. Em depoimento, ela lembrou que o ex chegou a mentir que havia sido atropelado para chamar sua atenção.

Segundo a jovem, o caso aconteceu no mês passado. Evaldo usou o celular da própria irmã para enviar mensagens contando que foi internado na Santa Casa, vítima de um atropelamento. Pouco depois ela descobriu que a história era mentira. Apesar de toda a situação, ele nunca perdeu o contato com o filho, viajava para Aquidauana para ficar com o menino e tinha o hábito de passar os fins de semana com ele.

Em uma das visitas, há cerca de duas semanas, levou o filho para a casa do pai, que também fica no município. Horas depois, ligou para a ex contado que o menino havia caído da cama, batido a cabeça e estava desmaiado. Tanto a mãe, quanto o tio da criança, afirmaram para a polícia que foram até Evaldo e levaram Miguel para o hospital. Ambos acreditaram na versão do suspeito, que agora deve ser investigada pela polícia.

Casa em que o crime aconteceu, no Bairro Guanandi (Foto: Kisie Ainoã)
Casa em que o crime aconteceu, no Bairro Guanandi (Foto: Kisie Ainoã)

A morte – Miguel estava com o pai desde terça-feira (17). Conforme o comandante Marcos Pollet, do Batalhão de Choque, Evaldo viajou para ver o filho e na segunda-feira pediu a ex-mulher para trazer o menino para Campo Grande. Ele teria dito que queria voltar para Aquidauana, vinha para a Capital cuidar da mudança e aproveitaria a situação para levar o filho na casa da mãe, para ela “matar a saudade” do neto.

Em Campo Grande, o menino ficou na casa da avó, onde o pai também morava há cerca de um mês, no Bairro Guanandi. Em depoimento, a mãe do menino contou que o ex sempre mandava noticias do filho. Na manhã do crime ligou para ele para saber se a criança estava bem, às 14 horas recebeu uma foto de Miguel sentado em uma cadeira e às 16h30 a notícia da morte.

A versão, no entanto, foi à mesma contada para polícia. Por telefone Evaldo afirmou que foi rendido por dois assaltantes, que eles levaram cerca de R$ 1 mil dele e o carro em que estava, mas que resolveram sequestrar o menino para conseguir mais dinheiro. Contou que seguiu os assaltantes e viu o momento em que eles jogaram Miguel do veículo, dentro do córrego.

Visivelmente nervoso, relatou que o filho havia morrido por conta disso. Evaldo repetiu a mesma história para um amigo, que era o dono do carro que estava com ele, para a equipe da Santa Casa que atendeu Miguel e também para os policiais do Batalhão de Choque chamados pelo hospital.

Aos poucos, os furos na versão do sequestro começaram a aparecer. O carro do amigo estava com Evaldo e detalhes do crime mudavam a cada vez que ele contava. Foi então que a segunda versão do crime apareceu: a que o menino foi assassinado por um “amigo” conhecido como “Ninguém”.

Policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigações) foram chamados e junto com Evaldo foram na casa em que supostamente o crime aconteceu. Lá os investigadores descobriram que “Ninguém” era Marcio Candia da Silva, conhecido na verdade como “Tim Tim”, um foragido da justiça que não tinha nenhuma das características passadas pelo suspeito.

Ele negou qualquer participação no crime, desmentiu informações de Evaldo, mas foi preso por estar com mandado de prisão em aberto. As equipes então levaram o pai do menino até a casa em que ele morava com a mãe e lá perceberam uma mudança nítida em seu comportamento. Foi ali à primeira vez que ele assumiu o crime.

Contou que depois do almoço levou o filho para casa, deu banho e o colocou para dormir. Com a intenção de fazer a ex-mulher sofrer, por causa de uma suposta traição, decidiu matar o menino. Encheu uma bacia com água, e colocou a cabeça de Miguel, que ainda estava dormindo, dentro. Falou para a polícia que se afastou, deixou ele se afogar sozinho e só voltou quando viu que a criança estava desacorda. Depois disso, a levou para o hospital sem saber se estava viva ou morta.

Segundo os relatos dos policiais, quando entrou na viatura para ser levado à delegacia Evaldo falou: “Acabei com minha vida e matei meu filho por causa de uma mulher”. Na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, disse que foi agredido no momento da prisão e repetiu todo o crime de forma fria, sem mostrar qualquer tipo de ressentimento.

O caso é investigado como homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.

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