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Cidades

Medo da covid, da polícia ou de inimigos eleva em 55,8% fuga de hospital

De janeiro a setembro, foram 268 "altas por evasão", pacientes que fugiram da Santa Casa e interromperam tratamento

Silvia Frias | 14/10/2020 10:53
Ala vermelha do pronto-socorro da Santa Casa também registra evasão (Foto/Arquivo)
Ala vermelha do pronto-socorro da Santa Casa também registra evasão (Foto/Arquivo)

Seja por medo da covid-19, por ansiedade ou até pendências judiciais e/ou policiais, a Santa Casa de Campo Grande teve aumento de 55,81% no número de “fugitivos” do atendimento hospitalar. A saída abrupta pode ser risco à saúde, por conta da interrupção do tratamento, que precisa começar do zero caso o paciente tenha piora no quadro.

De janeiro a setembro deste ano, o hospital registrou 268 altas por evasão, termo técnico para classificar a fuga de pacientes. Em igual período do ano passado foram 172.

O médico Fabiano Cançado, coordenador médico do NIR (Núcleo Interno de Regulação) disse que o índice está relacionado a alguns fatores. O mais evidente é o aumento no número de atendimentos desde que o HR (Hospital Regional) tornou-se referência no tratamento de pacientes com covid-19.

Com isso, a Santa Casa passou a atender outras patologias que antes eram encaminhadas ao HR, intoxicação por envenenamento, por exemplo.

A pandemia também se somou à lista dos que têm aversão a hospitais. “Com a pandemia, as pessoas ficaram com medo de ficar dentro do hospital”, explicou Cançado. A Santa Casa tem ala específica para atendimentos de pacientes com covid-19 como apoio ao HR, mas muitos desconhecem essa restrição.

No perfil de fugitivos do hospital há ainda os foragidos da Justiça ou os que temem ser encontrados pelos inimigos de facção, em situação de fragilidade, e preferem abandonar o tratamento. “Os que têm mandado de prisão em aberto temem ser identificados e fogem, aí nós fazemos o comunicado à polícia”, disse.

Fuga – a maior parte das evasões acontece no Pronto-Socorro, setor de maior movimentação e que a saída passa despercebida pelos seguranças, já que ainda não estão com a roupa de internação.

Até na área vermelha do PS, para onde são levados os considerados mais graves, a fuga é registrada: há casos de pacientes que tiveram TCE (traumatismo crânio encefálico) moderado, precisavam ficar em observação, mas deixam o hospital pois se sentem bem.

Cançado explica que é mais difícil que isso aconteça depois que o paciente já foi internado e está em outras alas do hospital. “Pessoa já está com roupa do hospital, precisa trocar, pode chamar atenção das enfermeiras”.

“Dificilmente o paciente sai de uma vez, ele dá indícios, comenta com enfermeiras e técnicos que está melhor, que quer ir embora”, conta Cançado. A estratégia é acionar o serviço social para explicar as implicações da saída prematura e que interromper o tratamento pode fazer com que a doença avance.

Segundo o médico, não há registro de fuga de pacientes sob escolta policial, aqueles que já chegam ao hospital depois de perseguição ou feridos na prisão.

O médico fala que a fuga dos pacientes é risco à saúde e, se o paciente precisar voltar ao atendimento, vai ter que passar por tudo de novo. “Tem gente que sai faltando dois ou três dias para terminar o medicamento, mas, na volta, vai ter que começar do zero”.

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