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Cidades

Ministra manda Polícia Federal periciar armas, munições e celular de Trutis

O material foi recolhido na operação Tracker, que investiga falso atentado contra deputado

Aline dos Santos | 02/03/2021 10:22
Deputado federal Loester Carlos publicou foto exibindo pistola. (Foto: Reprodução das redes sociais) 
Deputado federal Loester Carlos publicou foto exibindo pistola. (Foto: Reprodução das redes sociais)

A PF (Polícia Federa) tem prazo de 60 dias para periciar armas de fogo, munições e também celular apreendido do deputado federal Loester Carlos Gomes de Souza (PSL), conhecido como Trutis.

O material foi recolhido na operação Tracker, realizada em 12 de novembro para investigar falsa comunicação de crime, disparos em via pública e porte ilegal de arma. Nove meses antes, em fevereiro de 2020, o congressista denunciou ter sofrido atentado e o caso passou a ser investigado pela PF, que apontou que o crime era uma farsa.

A autorização para as novas diligência foi dada no último dia 25 pela ministra Rosa Weber, relatora do Inquérito 4857.

“As diligências requeridas mostram-se pertinentes ao objeto da investigação, proporcionais sob o ângulo da adequação, razoáveis sob a perspectiva dos bens jurídicos envolvidos e úteis quanto à possível de descoberta de novos elementos que permitam o avanço das apurações”, informa a ministra.

O procedimento de perícia em todas as armas de fogo e munições é para exame de compatibilidade com as cápsulas deflagradas encontradas no local dos supostos crimes e no automóvel utilizado pelo deputado no dia do suposto atentado.

Os policiais federais encontraram uma pistola, um revólver e um fuzil. As armas eram registradas em nome de “laranjas” porque o deputado, signatário da Bancada da Bala, não pode ter arma por responder a processo enquadrado na Lei Maria da Penha.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) solicitou mais prazo para nova tentativa de extração de dados do aparelho celular do deputado federal, finalização da análise das informações extraídas dos demais aparelhos telefônicos apreendidos, além da perícia em armas e munições.

“Por oportuno, ressalta-se que, somente após a realização dos exames periciais em todas as armas de fogo e munições apreendidas e sua análise de compatibilidade com aquelas encontradas no local dos supostos crimes sob investigação, será possível a este Parquet pronunciar-se sobre a competência do Supremo Tribunal Federal quanto aos possíveis crimes de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (artigo 14 da Lei n. 10.826/03) e de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito (artigo 16 da Lei n. 10.826/03), flagrados no dia da efetivação das medidas cautelares de busca e apreensão”, informa o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros.

Marcas de tiro em Toytota Corolla onde deputado federal Loester Carlos viaja. 
Marcas de tiro em Toytota Corolla onde deputado federal Loester Carlos viaja.

Arma no Rio Grande do  Norte - A defesa de Trutis aponta irregularidade e tenta “trancar” o inquérito. “Por tudo que está acontecendo nesse processo, o cerceamento de defesa, acredito que serão anuladas as provas ilícitas”, afirma o advogado Mário Panziera Junior.

No rol das irregularidade, ele cita perícia no carro (Toyota Corolla onde o deputado viajava) sem autorização judicial e oitiva dos acusados sem garantia do direito ao silêncio. “Da mesma forma que acontece com o Loester, poderia acontecer com qualquer um de nós”, diz.

Ele reclama da postura do delegado que preside o inquérito e que a imprensa não dá o mesmo espaço para os feitos do parlamentar, como recursos para Campo Grande e aquisição de viaturas. Sobre o celular apreendido em 12 de novembro, o advogado afirma que não foi requisitada a senha.

De forma extraoficial, a defesa fez contato com a Polícia Civil do Rio Grande do Norte para verificar se há relação entre a  arma apreendida com o ex-guarda municipal José Moreira Freites, o Zezinho, e a usada no atentado contra Trutis. “O deputado batia muito nele aqui [Jamil Name]. Ver se foi um cala-boca”, diz o advogado.

Zezinho era procurado na operação Omertà e foi morto ano passado no Rio Grande do Norte.

Investigação - Rastreador do carro, câmeras espalhadas pela BR-060, perícia e exaustiva investigação levaram a Polícia Federal a esclarecer que a tentativa de homicídio era uma farsa ou, como classificou os investigadores, uma tragicomédia com dois atores: o deputado e o seu então motorista.

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