Número de mulheres responsáveis por famílias cresceu 11% em 12 anos em MS
De acordo com o último Censo, 97.461 lares são chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos

O novo levantamento do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE, mostra transformações importantes no perfil das famílias de Mato Grosso do Sul. O estudo detalha a composição dos lares, o sexo e o nível de instrução das pessoas responsáveis, além da renda familiar per capita. Os dados revelam que o estado acompanha uma tendência nacional de diversificação dos arranjos familiares, com aumento da presença feminina como chefe de família, melhora da escolaridade e persistência das desigualdades econômicas.
RESUMO
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Em Mato Grosso do Sul, o número de famílias chefiadas por mulheres aumentou significativamente, passando de 35,4% em 2010 para 46,6% em 2022, segundo dados do Censo Demográfico divulgados pelo IBGE. O avanço é atribuído ao maior acesso à educação, ampliação da presença feminina no mercado de trabalho e redução da fecundidade. O estudo revela que o modelo familiar mais comum no estado continua sendo o de casais com filhos (41,8%), seguido por casais sem filhos (25,1%). Destaca-se também o crescimento das famílias chefiadas por mulheres sem cônjuge e com filhos, que representam 12,6% dos lares, número expressivamente superior ao de homens na mesma condição.
O número de famílias chefiadas por mulheres teve crescimento expressivo no estado. Em 2022, 46,6% das famílias sul-mato-grossenses tinham uma mulher como responsável, enquanto 53,4% eram chefiadas por homens. Em 2010, as mulheres representavam apenas 35,4% desse total. Em doze anos, a proporção feminina na chefia dos lares aumentou em 11 pontos percentuais, o que o IBGE relaciona a mudanças culturais e econômicas significativas.
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Entre os fatores que explicam esse avanço estão o maior acesso das mulheres à educação, a ampliação da presença feminina no mercado de trabalho e a redução da fecundidade, o que permite maior independência financeira e autonomia. O fenômeno também reflete transformações nos papéis tradicionais dentro das famílias brasileiras, com mulheres cada vez mais vistas como provedoras e decisoras dentro do lar.
O Censo aponta que o modelo de família mais comum em Mato Grosso do Sul continua sendo o de casais com filhos, que representam 41,8% dos arranjos. Em seguida vêm os casais sem filhos, com 25,1% das famílias. Um dado relevante é o crescimento das famílias chefiadas por mulheres sem cônjuge, mas com filhos, que somam 97.461 lares (12,6%), um número muito superior ao de homens na mesma condição (2%).
Essas famílias lideradas por mulheres solo reúnem diferentes perfis, mas o IBGE mostra um contraste entre escolaridade e renda. Mais de um terço dessas responsáveis (35,5%) não têm instrução ou possuem apenas o ensino fundamental incompleto. Ainda assim, 17,6% delas têm ensino superior completo, percentual superior ao dos homens responsáveis sem cônjuge e com filhos (13,4%). O dado indica uma parcela crescente de mulheres com maior qualificação educacional sustentando seus lares sozinhas, mas também evidencia a vulnerabilidade de muitas mães de baixa renda.
Outro destaque é a predominância das chamadas “famílias únicas”, aquelas compostas por um único núcleo familiar dentro do domicílio. Em Mato Grosso do Sul, elas representam 90,3% das residências, segundo o IBGE. Esse número é superior ao observado em 2010 (86,1%) e mostra uma retomada após um período de queda entre 2000 e 2010. Já os domicílios com famílias conviventes, ou seja, mais de um núcleo familiar sob o mesmo teto, caíram de 13,9% para 9,7% em 2022.
Essa mudança indica uma tendência de “nuclearização das famílias”, com mais pessoas optando por viver em domicílios próprios, possivelmente influenciada pelo aumento do crédito habitacional e pela busca por maior independência entre gerações.
O nível de escolaridade dos responsáveis por famílias em Mato Grosso do Sul apresentou melhora consistente entre 2010 e 2022. O percentual de pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto caiu de 50% para 35,1%. Ao mesmo tempo, o número de responsáveis com ensino médio completo ou superior incompleto subiu de 23,4% para 29,7%, e os que têm ensino superior completo quase dobraram, passando de 10,9% para 19,1%.
A elevação da escolaridade reflete políticas de expansão do acesso à educação e ao ensino superior no país nas últimas décadas. Também reforça a correlação entre formação e autonomia, especialmente entre as mulheres que passaram a ocupar mais espaço como chefes de família.
Apesar da melhora nos indicadores de escolaridade, a renda das famílias sul-mato-grossenses ainda está concentrada nas faixas mais baixas. A maior parte dos lares (29,9%) tem renda per capita entre meio e um salário mínimo, e outros 29,2% vivem com renda entre um e dois salários mínimos. Apenas 4,1% das famílias possuem renda superior a cinco salários mínimos por pessoa.
As famílias chefiadas por mulheres sem cônjuge e com filhos estão entre as mais afetadas pela desigualdade de renda. Mais da metade dessas famílias vivem com renda per capita inferior a um salário mínimo, e quase um terço delas está abaixo da faixa de meio salário mínimo. Esse dado reforça a vulnerabilidade econômica de parte significativa das mães solo no estado, mesmo diante de avanços educacionais.

