Pantanal registrou a maior proporção de área queimada do Brasil em 2024
Bioma teve aumento de 157% em relação à média histórica; país superou média anual em 62%

O Pantanal foi o bioma proporcionalmente mais afetado pelo fogo no Brasil em 2024, segundo a primeira edição do RAF (Relatório Anual do Fogo), divulgado pelo MapBiomas nesta terça-feira (24).
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Pantanal lidera área proporcionalmente queimada no Brasil em 2024, com aumento de 157% em relação à média histórica, segundo relatório do MapBiomas. Vegetação nativa nas margens do Rio Paraguai foi a mais afetada, com 93% da área queimada no bioma nos últimos 40 anos sendo vegetação nativa. Corumbá (MS) lidera em área queimada acumulada. Brasil teve 30 milhões de hectares queimados em 2024, 62% acima da média histórica. Quase metade da área queimada desde 1985 ocorreu na última década, com concentração entre agosto e outubro. Amazônia teve maior área total queimada (15,6 milhões de hectares), seguida pelo Cerrado (10,6 milhões de hectares). Mata Atlântica registrou recorde, com 1,2 milhão de hectares queimados. Caatinga e Pampa tiveram redução nas queimadas.
Somente no último ano, a área queimada na região aumentou 157% em comparação à média histórica, atingindo principalmente vegetação nativa nas margens do Rio Paraguai. Desde 1985, 62% do território pantaneiro já queimou ao menos uma vez.
Quase toda a área atingida no bioma nos últimos 40 anos (93%) era vegetação nativa, com destaque para campos alagados e formações campestres (71%). Pastagens responderam por apenas 4%.
Além disso, 72% da área queimada teve ao menos dois episódios de fogo nesse período, sendo o Pantanal também líder em megaincêndios: 19,6% das queimadas ultrapassaram 100 mil hectares. Corumbá teve o maior acumulado de área queimada no bioma, com mais de 3,8 milhões de hectares.
Incêndios no País — No Brasil como um todo, o fogo atingiu 30 milhões de hectares em 2024 — área 62% acima da média histórica anual de 18,5 milhões de hectares. Esse total representa quase a soma dos estados do Pará e Mato Grosso e corresponde a um quarto de todo o território brasileiro (24%) queimado ao menos uma vez entre 1985 e 2024.
O levantamento aponta que quase metade de toda a área queimada desde 1985 ocorreu apenas na última década. A concentração das queimadas também é sazonal: 72% dos incêndios ocorrem entre agosto e outubro, com pico em setembro (33%).
Os biomas com maior frequência de queimadas são Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal, todos com mais de 80% da vegetação nativa afetada pelo fogo. A Amazônia e a Mata Atlântica, por outro lado, concentram suas queimadas em áreas antrópicas, como pastagens e lavouras.
A Amazônia foi o bioma com maior área total queimada em 2024: 15,6 milhões de hectares, maior número desde o início da série histórica. Pela primeira vez, a vegetação florestal superou as pastagens como tipo de cobertura mais afetado, com 6,7 milhões de hectares queimados.
O fogo na floresta amazônica, segundo o MapBiomas, é causado por ação humana, potencializada por dois anos consecutivos de seca severa.
O Cerrado também teve papel de destaque: 10,6 milhões de hectares queimados em 2024, aumento de 10% em relação à média histórica. O bioma tem a maior recorrência de fogo do País: áreas que queimaram mais de 16 vezes desde 1985 somam 3,7 milhões de hectares. A vegetação florestal do Cerrado também foi a mais atingida em sete anos.
Amazônia e Cerrado responderam por 86% da área queimada no país entre 1985 e 2024, com 87,5 e 89,5 milhões de hectares, respectivamente. Estados com maior área queimada no período foram Mato Grosso, Pará e Maranhão, totalizando 47% do total nacional. Sete dos 15 municípios que mais queimaram estão no Cerrado e seis na Amazônia.
Na Mata Atlântica, 2024 também foi um ano recorde: 1,2 milhão de hectares queimados, número 261% acima da média histórica do bioma. As queimadas ocorreram principalmente no entorno de Ribeirão Preto (SP), em áreas agrícolas. Quase 60% da área afetada no bioma entre 1985 e 2024 era pastagem, e 72% dos hectares atingidos queimaram apenas uma vez.
A Caatinga teve uma redução de 16% nas queimadas em 2024, com 404 mil hectares, abaixo da média histórica.
Já o Pampa foi o bioma menos afetado: 15,3 mil hectares queimados em 2024, com predomínio de incêndios em formações campestres. O volume de chuvas intensas, especialmente no primeiro semestre, contribuiu para manter os incêndios abaixo da média no sul do País.
O relatório foi produzido com base em dados de satélite entre 1985 e 2024, por meio da plataforma MapBiomas Fogo, que utiliza técnicas de deep learning e está disponível gratuitamente ao público.