Petrobras constata alteração e suspende lote de combustível para aviões
Líquido pode ter causado "surto" de vazamentos relatados em todo País, que deixou pilotos receosos em voar
A Petrobras decidiu interromper o fornecimento de um lote de gasolina de aviação (avgas) importada após testes realizados no Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello). A estatal identificou alterações no combustível, o que deve ser a causa de vazamentos registrados recentemente em hangares por todo o País.
Em nota, a Petrobras informou que constatou no lote teor de compostos aromáticos diferente dos demais até então importados. A composição, porém, está de acordo com os requisitos de qualidade exigidos pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
A Petrobras revelou que estuda a hipótese da variação da composição química ter impactado os materiais de vedação e revestimento de tanques de combustíveis de aeronaves de pequeno porte consumidoras do avgas.
No último fim de semana, áudios, vídeos e fotos se espalharam nas redes sociais com relatos de “surto” de panes e vazamentos de avgas. O problema levou a Aopa Brasil (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves) a notificar e se reunir com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), na sexta-feira (10).
Em Campo Grande, pilotos se mostraram receosos em levantar voo. As informações sobre suspeitas de vazamentos circularam pelos hangares dos aeródromos Santa Maria e Teruel, onde operam as aeronaves de menor porte.
A estatal reforçou que ainda não tem “um diagnóstico completo que permita assegurar a relação de causa e efeito” entre o avgas adulterado e os vazamentos. No entanto, a companhia decidiu interromper o fornecimento desse lote de combustível preventivamente.
Responsável pelo importação do avgas a partir de refinarias norte-americanas, a Petrobras ainda garantiu que os demais lotes estão dentro das exigências da ANP. A empresa brasileira assegurou fornecimento regular do combustível.
O País passou a importar avgas após a paralisação da Refinaria Presidente Bernardes, de Cubatão (SP). A planta passa por reformas, atrasadas devido à pandemia de covid-19. A Petrobras estima concluir as obras e voltar a produzir o combustível para aeronaves de pequeno porte a partir de outubro deste ano.