PF apreendeu 3 toneladas de cocaína com braço do tráfico do "Clã Morinigo"
Mapa elaborado pela Polícia Federal mostra municípios de apreensões atribuídas à quadrilha

O esquema criminoso milionário que veio a público com a Operação Status da Polícia Federal, de combate à lavagem de dinheiro do tráfico, é consequência de ações nas quais foram apreendidas três toneladas de cocaína, em Mato Grosso do Sul e São Paulo, no período de dois anos.
Em apena uma das ações, em fevereiro de 2019, foram 957 quilos de cocaína tirados de circulação, em Três Lagoas, quantidade recorde.
- Leia Também
- "Clã" Moriningo aguarda transferência para presídio federal
- PF apreendeu 120 kg de maconha no quarto de alvo da Operação Status
Para escoar tanta droga, a investigação da PF identificou 16 integrantes do braço operacional da organização criminosa, homens e mulheres com a tarefa de comprar e distribuir entorpecentes, além de outras 9 que cuidavam da ocultação de bens. Todas eram chefiadas pelo “Clã Morinigo”, formado por Emídio Morinigo e os filhos, Jefferson e Kleber Morinigo.
Pai e filhos foram presos no Paraguai na sexta-feira passada pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do país vizinho, parceira da PF na operação e onde o bando tinha negócios e propriedades. Mais de R$ 230 milhões em bens foram sequestrados por ordem judicial.
Expulsos pelo governo paraguaio, os Morinigo foram entregues à PF em Ponta Porã e agora aguardam transferência para um presídio federal de segurança máxima, possivelmente em Campo Grande.
Os três são brasileiros e se mudaram para Pedro Juan Caballero, cidade vizinha a Ponta Porã (MS), neste ano, depois que perderam grande carga de droga e desconfiaram que estavam sendo investigados. “Nascidos em Ponta Porã, eles residiam em Campo Grande até fugirem”, explicou o delegado Lucas Vilela, supervisor do Grupo Especial de Investigações Sensíveis da PF em Mato Grosso Sul.
Estrutura - A PF elaborou dois organogramas de integrantes da quadrilha. Um tem 12 pessoas responsáveis pela lavagem de dinheiro, alvos da operação da semana passada diretamente.
No outro esquema de pessoas e funções, estão 19 pessoas, comandadas pelo trio de pai e filhos.
Assim como na equipe fora da lei da lavagem de capitais, as investigações mostram caráter organizado do grupo criminoso, dividido em departamentos: de recebimento e distribuição de drogas, de apoio logístico e apoio operacional. Na linguagem popular, havia os chefões, que não colocavam a “mão na massa”, os diretores, responsáveis pelas compras e destinação dos produtos ilegais, os responsáveis pelo transporte em si da produto ilegal e os criminosos do último nível, aqueles que ficavam responsáveis por levar a cocaína ao consumidor final.
Mapa elaborado pelos policiais federais indica ainda as apreensões feitas no período das investigações, em cidades de Mato Grosso do Sul e de São Paulo. No estado vizinho, os traficantes foram flagrados em Andradina, Araçatuba, Piracicaba e São José do Rio Preto.
As cidades sul-mato-grossenses onde foram interceptados carregamentos são Campo Grande, Jaraguari, Maracaju, Inocência e Três Lagoas. A apreensão da cidade na divisa com São Paulo, foi feita uma das maiores já ocorridas no Brasil.
À época, o levantamento da PF indicou o uso de carretas para o transporte de celulose para traficar a droga sem chamar a atenção.
O Paraguai e a cidade de Ponta Porã, na linha de fronteira, também estão marcados na arte.
Ostentação – A operação feita contra a “orcrim” se chamou Status em razão da vida luxuosa levada pelo líderes do grupo fora da lei. Eles tinham carros de alto valor, mansões e até um resort de alto padrão no Lago do Manso, em Cuiabá (MT), além de concessionárias de veículos, construtoras e ma rede de doleiros.
As empresas eram todas de fachada, conforme a apuração. Serviam só para esquentar os valores.
As pessoas envolvidas diretamente com o tráfico, segundo a apuração feita, estão presas. Na sexta-feira passada, quando foi deflagrada a Operação Status, foram 8 ordens de prisão preventiva e 42 mandados de busca e apreensão, além das ordens de sequestro de bens, todas expedidas pela 5ª Vara Federal em Campo Grande. Houve ações em Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e no Paraguai.
Os autos são sigilosos.