ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 21º

Cidades

Pressionado, governo reavalia data para mudar jornada de servidor

Fetems, principal sindicato dos servidores, é contra a adoção de oito horas de trabalho.

Humberto Marques e Liniker Ribeiro | 12/03/2019 19:25
Hashioka (ao centro) afirma que data da implementação da nova jornada segue em análise. (Foto: Liniker Ribeiro)
Hashioka (ao centro) afirma que data da implementação da nova jornada segue em análise. (Foto: Liniker Ribeiro)

Em meio a apelos apresentados por representantes do funcionalismo estadual, bem como a resistência de algumas categorias em aderirem às mudanças na jornada diária de trabalho, o secretário de Estado de Administração e Desburocratização, Roberto Hashioka, afirmou nesta terça-feira (12) ainda não ser possível cravar a adoção das 8 horas diárias de expediente a partir de 15 de abril. Segundo ele, estas e outras questões devem ser “amadurecidas rapidamente” antes de a medida ser implementada.

Nesta terça, Hashioka se reuniu com representantes da Fetems (Federação dos Trabalhadores na Educação de Mato Grosso do Sul), cujo presidente, Jaime Teixeira, entrou e saiu da sede da SAD com o mesmo discurso, contrário à mudança na jornada de trabalho e também à aplicação de um PDV (Plano de Demissão Voluntária) para servidores efetivos.

Sindicalistas debatem com o secretário desde segunda-feira (11) as duas propostas, em vias de serem adotadas pelo Executivo estadual. Em relação à jornada, os representantes do funcionalismo admitem dificuldade em rejeitar a iniciativa, já que os servidores efetivos envolvidos na mudança –pouco mais de 16 mil– foram aprovados em concurso que já previam o expediente de oito horas, reduzido a partir de 2002 como forma de tentar economizar no custeio da máquina pública.

“Não há dúvida que existe uma complexidade (de aplicar a proposta), pois ela interfere no cotidiano dos servidores. Mas eles são conscientes, sabem que precisam contribuir para que o Estado cumpra com suas responsabilidades”, disse Hashioka, reforçando ainda “ser uma necessidade, visto que não temos condições de contratar novos servidores”.

Com a jornada de oito horas, espera-se que seja possível economizar até R$ 20 milhões ao ano, já que o serviço a ser desempenhado nessas duas horas equivaleria à mão de obra de quatro mil funcionários, conforme estimativas do governo. Uma minuta do decreto, previamente elaborada, prevê a jornada das 7h30 às 17h30, com intervalos de uma a duas horas para almoço –a ser definido pelo chefe do setor. Servidores com cargo em comissão passam a ter dedicação exclusiva ao Executivo, podendo ser acionados a qualquer momento.

Representantes do funcionalismo têm sido ouvidos no processo para adoção da mudança. (Foto: Liniker Ribeiro)
Representantes do funcionalismo têm sido ouvidos no processo para adoção da mudança. (Foto: Liniker Ribeiro)

Ao mesmo tempo, o governo estadual sofre com impedimentos da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) para efetuar contratações, já que fechou 2018 acima do chamado limite prudencial da legislação, por aplicar 57,98% da receita corrente líquida com pagamentos a servidores –o limite é 57% e, por ser extrapolado, impõe sanções como a proibição de novas contratações.

O titular da SAD considera que ainda há dúvidas no funcionalismo em relação à adoção da nova jornada e do PDV, mas apontou pressa na necessidade de solucionar a questão. “Tudo isso precisa ser amadurecido rapidamente”, afirmou, sinalizando, ainda, analisar pedidos de categorias para adiar a vigência do novo horário, inicialmente estipulada para 15 de abril. “Ainda não é possível dizer se mantemos a data ou não”.

Rejeição – A reunião com a presença de representantes da Fetems durou cerca de duas horas. “Não fomos convencidos”, afirmou Jaime Teixeira que, na entrada do encontro, havia feito considerações contrárias à iniciativa.

Teixeira considerou as propostas uma “política unilateral”, apontando ser contrário ao PDV. “Há uma chance muito grande de as pessoas se arrependerem, pois foi o que aconteceu nos anos 1990”, afirmou, referindo-se a proposta aprovada em gestão anterior.

Ele se baseou em questões que vão desde a atual situação econômica do país à vinculação a um plano de saúde familiar (Cassems) como fatores que desestimulam à adesão ao PDV.

Quanto a nova jornada, Teixeira afirma que parte do funcionalismo segue um expediente adotado há 28 anos, proposto pelo governo à época. Além disso, destacou que “a carga horária atual é suficiente para a realização das atividades do servidor”.

Em relação a trabalhadores da Educação, citou as equipes de limpeza, que trabalham das 6h às 11h ou às 12h, “e preparam tudo para o primeiro período e, quando vão embora, deixam tudo organizado para o turno da tarde. Isso é uma economia, acima de tudo, para o Estado. Com oito horas os gastos vão dobrar com vale-transporte, alimentação. Vai deixar o expediente mais caro, sendo que o serviço é o mesmo”.

Nos siga no Google Notícias