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Cidades

Projeto Rondon faz aniversário à espera de apoio para ações em MS

Desde o fim da década de 1960, projeto leva universitários a regiões carentes em troca de experiências com comunidades

Humberto Marques | 11/07/2019 18:27
Operação Zero, realizada em 1967 e que deu origem ao Projeto Rondon, reuniu estudantes da Guanabara rumo a Amazônia. (Foto: Projeto Rondon/Reprodução)
Operação Zero, realizada em 1967 e que deu origem ao Projeto Rondon, reuniu estudantes da Guanabara rumo a Amazônia. (Foto: Projeto Rondon/Reprodução)

Em 11 de julho de 1967, um grupo de 30 universitários e dois professores seguiu para o então Território Federal de Rondônia, a fim de conhecer a realidade da população daquela região da Amazônia. Era o embrião do Projeto Rondon que, nascido no Regime Militar, passou às mãos da iniciativa privada em 1990 e, desde 2004, persiste com o apoio do Ministério da Defesa, permitindo que jovens acadêmicos exercitem seu conhecimento teórico junto a comunidades carentes e isoladas, muitas das quais sem contato com os serviços básicos levados.

Nos 52 anos do projeto, porém, a instituição depende de suporte do empresariado para manter viva as ações, coordenadas pela Associação Nacional dos Rondonistas –nome mantido em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, sertanista mato-grossense que ajudou a desbravar o oeste e a Amazônia no Brasil. Nesta quinta-feira (11), quando é celebrado o aniversário do Projeto Rondon, as comemorações em Mato Grosso do Sul dão lugar a esforços para que as intervenções da associação continuem.

Marilena Reis, presidente do Instituto Estadual dos Rondonistas em Mato Grosso do Sul, lamenta a falta de solenidades alusivas à data, contudo, salienta a importância de sua continuidade. “Desde sua criação, o Projeto Rondon se tornou uma marca indelével para o acadêmico, que tem a oportunidade de entender a realidade fora do entre muros e contribuir com a sociedade. A visão do projeto é que o aluno não vai para ser ensinado, mas que leve o conteúdo teórico para aprender na prática, interagindo com a comunidade e deixar sua presença marcada nas pessoas, nas localidades”, afirmou.

Nas passagens pelas comunidades assistidas, o Projeto Rondon conduz pesquisas e leva serviços em áreas como assistência social e saúde, catalogadas por participantes que, antes de mais nada, são orientados de que não passarão semanas nas localidades a passeio, mas com atribuições em uma jornada que se estende por todo o dia. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, já foram realizadas várias ações com populações indígenas e ribeirinhos no Pantanal.

Marilena afirma que, com apoio, Projeto Rondon poderia fazer muito mais no Estado. (Foto: Reprodução)
Marilena afirma que, com apoio, Projeto Rondon poderia fazer muito mais no Estado. (Foto: Reprodução)

Suporte – “Estou na diretoria e sempre presente nos projetos desde 2005. Nesses anos todos tenho procurado o apoio dos órgãos do governo, de empresas, mostrando o que é o Projeto Rondon, uma força de trabalho, de conhecimento e aprendizagem sem igual”, contou Marilena, apontando que a ação permite “a formação humanística dos acadêmicos, que sente o valor que pode ter como profissional em contato direto com as populações”.

A presidente da Associação dos Rondonistas no Estado reforça que, apesar desse papel, o projeto precisa de apoio para continuar. “Se o Projeto Rondon fosse entendido pela classe política e os governos, seria uma força incalculável para o desenvolvimento dos municípios, dos Estados, do Brasil inteiro”, afirmou.

Atualmente, o convênio com o Ministério da Defesa garante a logística de transporte para os universitários –de instituições que aderiram ao projeto–, enquanto municípios cedem alojamentos (normalmente escolas nas localidades visitadas). Por outro lado, gastos com alimentação e vestuário dependem de doações e nem sempre estão disponíveis –Marilena afirma que, muitas vezes, cabe aos participantes das associações arcarem com os custos.

“Isso traz uma satisfação imensa de poder contribuir como cidadão, não só com os acadêmicos, mas com a sociedade, as comunidades carentes. O Projeto Rondon não pode realmente existir sem uma estrutura sólida”, destacou, frisando o “apoio incondicional” recebido do CMO (Comando Militar do Oeste). Segundo ela, caso houvesse um suporte apropriado, as ações poderiam ser mais frequentes –e não apenas em janeiro e julho, período das férias escolares.

A falta de apoio já levou ao cancelamento de ações previstas para julho no Estado. A sede da Associação Nacional dos Rondonistas em Mato Grosso do Sul funciona no Edifício Nacional –na Rua Dom Aquino, 1.354, sala 58, Centro. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (67) 99998-8612.

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