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Cidades

Quem faz próprio salário não pode se dar ao luxo de parar para assistir Seleção

Em pleno expediente, trabalhadores não param nem para ver jogo do Brasil contra a Suíça

Jéssica Benitez e Cleber Gellio | 28/11/2022 13:50


Toda vez que tem Copa do Mundo é assim: escalas para mudança de horário no trabalho, escolas sem aula, bares cheios, trânsito caótico minutos antes de começar a partida. Quem não quer parar para assistir ao Brasil entrando em campo? Mas para quem faz o próprio salário a conversa é outra.

A exemplo dos motoentregadores que, numa era em que praticamente tudo se pede por aplicativo, não podem desligar os motores nem mesmo para ver a Seleção canarinho em ação.

Cristian só vai parar se Brasil for para final (Foto Alex Machado/Campo Grande News)
Cristian só vai parar se Brasil for para final (Foto Alex Machado/Campo Grande News)

Cristian da Silva Ferreira tem 22 anos e como não tem salário fixo, precisa seguir sem intervalos. “Tenho uma filha pequena, não posso parar de trabalhar, só vou parar se o Brasil chegar à final, aí tenho que assistir”, contou o motoentregador que, enquanto a bola rolava, carregava um lanche para entrega.

Na praça de alimentação do Shopping Norte Sul vários trabalhadores do asfalto aguardavam nos restaurantes os pedidos feitos pelos aplicativos de comida. Entre um lance e outro, eles se dividiam entre pegar os pratos, conferir as notas e deixar o local, não sem antes conferir de novo o telão colocado no lugar para quem pode sentar e apreciar a partida com calma.

Maurício trabalha há cinco anos no centro da Capital (Foto Cleber Gellio/Campo Grande News)
Maurício trabalha há cinco anos no centro da Capital (Foto Cleber Gellio/Campo Grande News)

Há também quem nem assim consiga acompanhar o jogo do Brasil contra a Suíça. Maurício Marques, 39 anos, vende água nas ruas do Centro de Campo Grande há cinco anos. Nesta segunda de calor, ele levou consigo 60 garrafinhas de 500 ml e no momento em que falava com o Campo Grande News, ao fim do primeiro tempo, só lhe restavam três.

Com a marmita o esperando em cima da caixa térmica, o vendedor contou que não pararia por ali. “Eu vendo água, até gosto de futebol, mas a necessidade é maior, então tenho que trabalhar”, disse. “Então vou para casa almoçar rápido, pegar mais água e voltar para vender”, completou.

Atendentes fazem do celular, tv para assistir ao jogo (Foto Cleber Gellio-Campo Grande News)
Atendentes fazem do celular, tv para assistir ao jogo (Foto Cleber Gellio-Campo Grande News)

Assalariados também curtem - Há ainda quem tem que cumprir expediente, mas, como bom brasileiro, dá um jeitinho. Vestidas com o uniforme da padaria Giocondo Orci em que trabalham, o trio de jovens atendentes não abandonaram o verde e amarelo. Jennifer Araújo de 22 anos, Fernanda Fagundes de 18 anos e Fernanda Valdonado, também de 18, usaram o celular para acompanhar a Seleção.

“Eu não acho ruim ter que assistir assim porque se eu tivesse em casa, mas sem emprego, seria muito ruim”, avaliou Jennifer que pintou as unhas e os olhos com as cores da Nação. No caixa do comércio os números deram espaço ao campo, já que na tela era transmitido o jogo. Nos alto-falantes o som ambiente deu espaço à narração da partida.

Em meio às roupas, costureiras acompanham Seleção (Foto arquivo pessoal)
Em meio às roupas, costureiras acompanham Seleção (Foto arquivo pessoal)

Assim ocorreu na oficina de roupas Costuraria. Com horário de funcionamento das 8h às 17h sem interrupção, o jeito foi fechar as portas durante o jogo. Como não haveria tempo hábil para voltar para casa, o time de costureiras se reuniu em frente à TV para acompanhar o Brasil. Na estreia da Seleção, na última quinta-feira (24), o horário permitiu que a empresa fechasse e dispensasse as colaboradoras.

“Mas como hoje foi muito antes do horário de fechamento, tivemos que só parar no horário da partida mesmo, os clientes vêm buscar as roupas no fim do dia”, explicou a empresária Dione Toledo.

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