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Cidades

“Situação caótica” deixa mais de 45 cidades sem combustíveis em MS

Sinpetro-MS aponta que as maiores cidades enfrentam desabatecimento; mas pequenos municípios devem sofrer mais com a falta de pontos de venda e demora de caminhões em chegarem aos locais

Humberto Marques | 25/05/2018 18:57
Posto em Dourados já não tinha gasolina nesta sexta-feira. (Foto: Dourados Agora)
Posto em Dourados já não tinha gasolina nesta sexta-feira. (Foto: Dourados Agora)

Após cinco dias de greve e bloqueios nas estradas promovidos por caminhoneiros e manifestantes contrários à política de preços de combustíveis da Petrobras, pelo menos 45 municípios de Mato Grosso do Sul enfrentam o desabastecimento de combustíveis. O número tende a avançar nas próximas horas, já que os atos realizados na entrada de distribuidoras também impede que caminhões-tanque levem gasolina, álcool e etanol aos postos do Estado.

Gerente-executivo do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul), Edson Lazaroto afirma que o desabastecimento é sentido nas principais cidades de cada região. “Já não há combustíveis em Três Lagoas, Corumbá, Dourados, Caarapó, Chapadão do Sul, Paranaíba e Bonito, onde falta desde a manhã desta sexta-feira”, afirmou. “A situação é muito caótica. A cada hora, mais um município fica sem combustíveis”.

“Já passa de 45 o número de municípios com desabastecimento. Quando mais longínqua é a cidade, maior é a falta de combustíveis, pois há menos postos e os caminhões não conseguem chegar”, prosseguiu o gerente-executivo. Em Campo Grande, a expectativa é de que não haja mais gasolina neste sábado (26) –até o início da noite, quatro postos ainda tinham o combustível à venda.

Nas estimativas da entidade, após o fim da paralisação ou a adoção de medidas judiciais que permitam às distribuidoras voltarem a vender os combustíveis, a situação só deverá ser normalizada no prazo de uma semana.

“Há uma série de fatores que influenciam. O produto em questão, quando represado, é distribuído em um prazo de dois a três dias. O atendimento será feito lentamente”, explicou o dirigente. Caso a liberação ocorresse neste sábado na distribuidora da Petrobras –que atende à maioria dos postos–, ilustrou Lazaroto, “a empresa trabalharia em sistema de emergência no sábado e no domingo, o que daria uma boa adiantada. Se deixar para segunda ou terça-feira, leva uma semana”.

Bloqueios se espalham também pelo interior do Estado. (Foto: Lucimar Couto)
Bloqueios se espalham também pelo interior do Estado. (Foto: Lucimar Couto)

O Sinpetro-MS acompanha movimentações no Judiciário visando a garantia de que as distribuidoras possam voltar a trabalhar. Esperam-se liminares ou interditos proibitórios que liberem a entrada e saída de caminhões nas empresas. Em Campo Grande, por exemplo, motoristas de aplicativos de transporte estão concentrados em frente à Petrobras Distribuidora, na Vila Eliane (região da Nova Campo Grande).

Preço futuro – Embora Lazaroto afirme que o combustível ainda armazenado nas distribuidoras seria vendido sem grandes diferenças em relação ao preço praticado nos últimos dias, o mesmo não pode ser dito quanto aos novos estoques que chegarão nas distribuidoras. Isso porque as refinarias e centrais terão de atender as revendas de todo o país.

O gerente do Sinpetro lembra, por exemplo, que a proposta do governo federal para acabar com a greve dos caminhoneiros envolve abatimentos apenas no preço do óleo diesel. “Não se falou da gasolina, um dos pontos que nos leva a discordar desse acordo”, afirmou Lazaroto, ao reforçar que a entidade que reúne os postos de combustíveis é a favor da manifestação.

Além disso, a segurança nas estradas também preocupa, diante do volume de veículos que voltariam a circular com o fim da manifestação –o que também atinge o abastecimento dos postos. “Se acabasse a greve agora, imagine quantos caminhões iriam rodar ao mesmo tempo? Isso tem de ser feito gradativamente, irem saindo dos locais aos poucos, para o país voltar à normalidade”.

Hábitos – Há dez anos no Sinpetro, Edson Lazaroto afirma que esta é a maior manifestação do gênero que vê envolvendo os setor. “Nunca houve uma paralisação tão grande e com tantas dificuldades para acordo. Mas o povo chegou ao limite. O empresário sofre demais com a carga tributária, que impacta o consumidor”, declarou.

O gerente-executivo afirma que um indicador da situação era sentido nos próprios postos, com a mudança de hábito dos consumidores. “Já tínhamos notado a queda no volume de vendas. Quem antes completava o tanque vem, há muito tempo, colocando R$ 50 ou no máximo R$ 100. Notamos que isso estava afetando até mesmo as classes mais altas”.

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