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Cidades

Após 14 fugas, garoto de 14 anos volta para Unei

Redação | 22/06/2010 14:51

Depois de fugir de 14 abrigos por conta do vício em pasta base, um adolescente de 14 anos foi levado novamente para uma Unei (Unidade Educacional de Internação). Ele foi apreendido na madrugada de ontem (21), na rua 14 de Julho, Centro de Campo Grande, e teve cumprido o mandado por evasão.

Para a avó do garoto a medida é questionável uma vez que seu maior problema é ser dependente químico. "Deviam ter mandado o guri para uma clínica, protesta a mulher de 59 anos, cujo nome é preservado para não expor o menino, conforme determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

A falta de desintoxicação foi a causa das 14 fugas do garoto, que não conseguia ficar em nenhum dos abrigos para os quais foi levado desde que começou a usar drogas, aos doze anos, na versão da avó.

Questionado sobre as fugas e apreensões, o menino justifica "Sou viciado, tia". Ele alega que consome entorpecente desde os oito anos. O vício fez com que abandonasse a escola no segundo ano do ensino fundamental.

De acordo com a Polícia Civil, constam 14 evasões de abrigo e o adolescente acumula antecedentes por tráfico, furto, tentativa de furto, porte de drogas e crimes relacionados a vandalismo, dano, vias de fato e perturbação do sossego.

Na Vara da Infância e Juventude, há uma evasão da Unei e cinco processos, segundo informado pelo juiz responsável, Danilo Burin.

Franzino, magro e sujo ele estava sonolento na delegacia de onde seria levado à Unei, por ter usado pasta base. A Polícia explicou que o garoto é o que eles chamam de "vapor", aquele que vende drogas apenas para sustentar o vício.

"O que é que eu vou fazer?", questiona a avó, ao dizer que tem os dois irmãos dele, uma menina de quinze anos e um menino de cinco anos, para sustentar. Ela conta que a mãe das crianças foi presa por tráfico e cumpriu pena por cinco anos. Liberada há cerca de quinze dias, voltou a morar nas ruas e levou o garoto junto.

"Soube que eles estavam vivendo na região da antiga rodoviária", detalha a avó, que fala com certa naturalidade da desestrutura da família, que mora em uma casa alugada no bairro Jockei Clube.

Ela diz que o menino fez 13 anos em dezembro, mas é franzino e pequeno. A aparência apenas disfarça a série de situações pelas quais já passou. De acordo com a avó, o adolescente já apanhou várias vezes da Polícia por conta de crimes que cometeu. "A Polícia bateu tanto nele que uma vez chegou quase morto em casa", acusa.

Outro motivo de surras na rua seria a tentativa de obter informações sobre o assassinato de um traficante de drogas que o 'protegia'. "Quando dormia, ficava dizendo que não sabia quem matou o Dentinho", lembra.

A avó do adolescente diz que sem o efeito da droga ele brinca com os irmãos, com e dorme normalmente. Mas, quando diz que "vai dar uma volta", ela não sabe quando o verá novamente. A mulher chegou a ficar dois anos sem noticias do neto.

Ela tentou buscar uma nova vida para a família em Rondônia, mas lá ele também conheceu traficantes e continuou com o vício. Há duas semanas, pediu para se tratar e foi encaminhado ao conselho para ir a um abrigo em Cuiabá. "Ele tem pânico de ficar longe e por isso fugiu de lá", diz a avó.

Ontem, ela foi chamada novamente no Conselho Tutelar, mas apenas para buscar as roupas do neto que, ao invés do tratamento, voltou a cumprir medida sócioeducativa na Unei Los Angeles.

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