Bancários da Capital e região se movimentam para eleger direção de sindicato
MPT investiga uso de verbas da instituição em eleição anterior e oposição vê “antecipação” da disputa; atual direção nega irregularidades e reforça seguir estatuto

O Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região abriu na segunda-feira (7) o prazo para inscrição de chapas que pretendem disputar o comando da entidade, que representa cerca de 2,7 mil bancários de 27 municípios de Mato Grosso do Sul. Interessados em construírem grupos a fim de disputar o comando da entidade têm até 21 de janeiro para providenciar o registro. Já a votação ocorre nos dias 12 e 13 de fevereiro.
Embora até esta terça-feira (8) a direção da entidade não tenha confirmado o registro de chapas, espera-se uma disputa entre grupos alinhados à atual diretoria e à oposição, já desenhada em meio a denúncias sobre possíveis irregularidades na eleição anterior –denunciada ao MPT (Ministério Público do Trabalho) por suspeita de uso de recursos da entidade para financiar a campanha da chapa vencedora. O procurador regional do Trabalho, Celso Fortes, abriu ainda em novembro procedimentos visando a elaboração de minuta de ação civil pública sobre o caso.
Atual presidente do sindicato, Edvaldo Barros nega as acusações e as vê como um fato político. “Vamos aguardar, acreditamos na decisão da Justiça e provaremos inocência por meio de provas. As denúncias tem fundamentação político-eleitoreira. Sempre nesse período de campanha as pessoas buscam esses tipos de ações para explorar politicamente”, afirmou.
Marcelo Francisco Assis, conselheiro fiscal da entidade e integrante da oposição à atual direção, afirma que, em virtude da denúncia ao MPT e da instrução da ação, a atual direção do sindicato decidiu antecipar o processo eleitoral.
“O procurador disse que elabora a ação em desfavor do presidente e da diretoria. A antecipação é uma atitude antidemocrática, pois precisamos ter um espaço razoável para o debate. Deixaram 15 dias para inscrição das chapas e a campanha ocorre depois do prazo. Poderia ter mais uma duas semanas”, sustentou Assis, segundo quem o período eleitoral é o mesmo no qual os bancos estão mais cheios. “Você não consegue fazer um debate de qualidade com os bancários”.
O conselheiro afirma, ainda, que as eleições sempre ocorreram em março. O fato é contestado pela atual diretoria do sindicato. “O artigo 76 do nosso estatuto prevê que o processo eleitoral seja instaurado na primeira quinzena de janeiro. As últimas eleições, inclusive, foram realizadas no mesmo período, nos dias 11 e 12 de fevereiro de 2015. Ele, como conselheiro fiscal, foi eleito conosco”, protestou Edvaldo, negando a antecipação e descartando disputar a reeleição –reiterando que, nos últimos três anos, obteve boas negociações para a categoria sem a necessidade de greves “e conquistando ganhos reais nos reajustes salariais, em um momento difícil, com a implantação da reforma trabalhista e a flexibilização das terceirizações”.
Atual tesoureira do sindicato, Neide Rodrigues também rechaça irregularidades. “Todas as contas do sindicato foram aprovadas, inclusive pelo conselho fiscal”, afirmou. Ela ainda reitera que o estatuto do sindicato prevê a data para abertura das eleições. “Induz-se a pensar que pode-se realizar a eleição até o meio do ano, mas em 1º de julho a nova diretoria tomará posse”, pontuou.
Quanto ao prazo de campanha, a tesoureira afirma que, imediatamente após o registro das chapas, está autorizado o início da busca por votos dos filiados. Dos 2,7 mil bancários que integram a base, cerca de 1,8 mil estão em condições de participar da eleição.