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Capital

"Foi uma brutalidade", diz mãe de adolescente morto em perseguição

"Que atirassem na perna, mas deixassem ele vivo", afirmou Valdirene César; acusado de crimes, adolescente morreu ao lado de suposto comparsa durante perseguição policial em mata na região do São Conrado na quinta-feira

Humberto Marques e Mirian Machado | 31/03/2018 17:13
Uniforme e caderno que seriam usados por Wellington no retorno às aulas; adolescente morreu após troca de tiros com a polícia na quinta-feira. (Foto: Paulo Francis)
Uniforme e caderno que seriam usados por Wellington no retorno às aulas; adolescente morreu após troca de tiros com a polícia na quinta-feira. (Foto: Paulo Francis)

Foi sepultado no início da tarde deste sábado (31) o adolescente de 15 anos morto em meio a perseguição e troca de tiros com policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar na quinta-feira (29), sob acusação de participarem de roubos em Campo Grande. Mãe de Wellington Fernandes Rodrigo César Miranda, 15, a garçonete Valdinere Rodrigues César, 38, expressou revolta com a ação policial, considerada por ela uma “brutalidade”.

O corpo de Wellington foi sepultado no cemitério Jardim da Paz. O adolescente, ao lado de Gabriel César Viana Ribeiro, 18, apontado como seu comparsa, foi acusado de participar de crimes usando uma motocicleta furtada na terça-feira (27). Perseguidos após um dos crimes, eles fugiram para uma mata entre os bairros São Conrado e Jardim Tijuca, onde houve troca de tiros.

“Ele não era assassino para mandarem helicóptero, cães farejadores, policial com fuzil atrás dele. Foi uma brutalidade”, afirmou Valdirene, que admitiu que o filho tinha “algumas passagens, coisas pequenas, tudo por má influência”, mas que já pagava à sociedade por esses deslizes –ele foi acusado por furtos e foi levado para uma Unei (Unidade Educacional de Internação)– atuando na limpeza de uma unidade de saúde.

Liberado em fevereiro, segundo ela, o garoto havia sido matriculado em uma escola estadual e, nos próximos dias, começaria a frequentar as aulas depois de dois anos. “Tinha reprovado um ano e ficou outro sem estudar, mas voltaria nesse ano”, disse a mãe, ao mostrar o uniforme e o material do filho, que segunda ela “ajudava muito minha mãe, era companheiro, lavava louça, ia no mercado. Um grito que dessem com ele já chorava”.

Perseguição ocorreu em região de mata entre o Tijuca e o São Conrado. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Perseguição ocorreu em região de mata entre o Tijuca e o São Conrado. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Queixas – Indignada, a mãe afirmou ter sido impedida de ver o corpo do filho no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). “Disseram que era uma imagem chocante”, declarou Valdirene.

Ela também reclamou da ação policial que, na sua avaliação, não precisava ter atuado de forma mortal. “Que atirassem na perna dele, mas deixassem vivo”, declarou a mãe. “Meu filho foi caçado que nem um animal”, prosseguiu.

À imprensa, o Batalhão de Choque informou que reagiu a tiros disparados pelos acusados durante a perseguição pela mata –com eles, afirmou-se que foram encontradas duas armas de fogo que teriam sido usadas nos crimes atribuídos à dupla.

Valdirene relatou, ainda, não conhecer Gabriel Ribeiro ou saber que o filho estaria envolvido em outros atos ilícitos. Ela disse que ficou sabendo da perseguição quando o corpo já estava no Imol e que a motivação para os roubos, conforme conversas por ela encontradas em perfil do garoto em uma rede social, seria um show que o adolescente desejava ir. E, a fim de manter o filho longe de “más influências” e das drogas, disse que procurava uma clínica ou escola de tempo integral.

A mãe ainda criticou o fato de o bairro em que vivem, o Residencial Flores (na região do Buriti), não ter opções de lazer para a juventude, bem como o fato de o garoto, após deixar a Unei, “onde se abriu com o psicólogo”, não ter recebido um trabalho continuado a fim de se manter longe da criminalidade. “Eu estava junto sempre, mas não tem como estar 24 horas”.

Helicóptero também foi usado em busca a acusados de crimes na região. (Foto: Paulo Francis)
Helicóptero também foi usado em busca a acusados de crimes na região. (Foto: Paulo Francis)
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