“Matou pra ficar com que era dele”, diz irmão de major morto por PM
Filha do casal teria tentado suicídio após a morte do pai, segundo a família

Revolta é a palavra que resume o sentimento da família de Valdeni Lopes Nogueira, 45 anos. A perda do major, assassinado no dia 12 de julho, voltou a doer para o irmão dele, Valdeci Alves Nogueira, neste mês.
A indignação veio com a notícia de que a assassina confessa do major, a tenente-coronel Itamara Romeiro Nogueira, 40 anos, irá receber uma pensão de R$ 9,5 mil por mês pela morte e ainda voltou ao trabalho que já exercia antes do crime.
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“Isso só confirma na verdade que nós estamos dizendo desde sempre, ela matou pra ficar com tudo que ele tinha. Ela queria chegar a isso e a lei ajudou”, diz Valdeci.
Para o irmão do major, Itamara foi imoral e contraditória a sua tese de arrependimento e legítima defesa. “Se ela realmente tivesse se arrependido ela jamais aceitaria receber esse dinheiro. Iria colocar em uma conta para a filha ou se recusaria a receber. Para nos isso é uam afronta”, considera.
Ainda conforme Valdeci, a família teme que Itamara receba também o seguro de morte de Valdeni, no valor de R$ 110 mil que, por enquanto, está retido pela Justiça.
“A lei existe, infelizmente existe, mas nós achamos uma imoralidade. Nós estamos aguardando o encerramento do inquérito, que ainda está em aberto, para que depois tomemos todas as atitudes, mas é claro que nós vamos questionar juridicamente contra esse beneficio, contra essa liberdade, contra tudo que pudermos. É uma questão de justiça”, diz.
A família do major também se preocupa com a filha do casal, que tem apenas 13 anos de idade. Segundo Valdeni, a mãe e a avó materna impedem a família do pai de manter contato com a menina. “Estamos muito preocupados, pois soubemos que ela tentou suicídio, então temos a preocupação, mas nós não conseguimos o consentimento deles para conseguir contato com ela”, lamenta.
A filha do casal também irá receber uma pensão no valor de R$ 9,5 mil, que, por enquanto, será administrada pela mãe.
Liberdade e indenização – Itamara está solta desde o dia 19 de julho, quando juiz Alexandre Tsuyoshi Ito, deferiu o pedido da revogação da prisão preventiva da tenente-coronel.
Embora, a Justiça tenha concedido que Itamara responda em liberdade, recomendou que ela não pode se ausentar da cidade e terá que comparecer em juízo trimestralmente para responder sobre o processo.
No dia 19 deste mês, a Justiça decidiu que Itamara vai receber R$ 9,5 mil de pensão por mês, por conta da morte do marido.
A pensão por morte é prevista no Regime Próprio de Previdência Social do Estado de Mato Grosso do Sul (MSPrev). O benefício é concedido quando ocorre falecimento do segurado, sendo pago a seus dependentes, no caso à esposa e filhos.
Pela legislação, a pensão por morte consiste numa importância mensal, com base nos salários, conferida ao conjunto dos dependentes do segurado, quando do seu falecimento. O benefício é rateado entre os dependentes em partes iguais.
Nesse caso, a policial ficará com metade do valor do salário de major da PM, que segundo tabela da ACS (Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Mato Grosso do Sul), gira em torno de R$ 19 mil.
Na semana passada, a policial que ocupa a função de ajudante de ordem no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), mas estava afastada desde a morte do major, voltou ao trabalho.
Crime - Itamara matou o marido com dois tiros, depois de uma discussão, na casa em que moravam no bairro Santo Antônio. Valdeni chegou a ser socorrido, mas morreu na Santa Casa. A policial afirmou a Justiça que foi vítima de violência doméstica, que já ocorria há tempos, e desta vez, foi agredida com socos e tapas, foi ameaçada de morte pelo marido e agiu em legítima defesa.