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Capital

Acusada de golpe do pneu, loja diz que cliente deixou carro por "livre" vontade

Local foi denunciado por suspeita de estelionato e dono acabou preso durante confusão

Por Aline dos Santos e Antonio Bispo | 05/03/2024 08:36
Fachada da loja de pneus anuncia promoções. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fachada da loja de pneus anuncia promoções. (Foto: Henrique Kawaminami)

A Champions Pneus e Rodas, localizada na Avenida Eduardo Elias Zahran, em Campo Grande, apresentou, nesta terça-feira (dia 5), sua versão quanto à denúncia de cliente sobre suspeita de estelionato. Ontem, o proprietário foi preso pela PM (Polícia Militar).

De acordo com o gerente da loja, que não quis dar o nome, a cliente teve problemas com o cartão de crédito no momento do pagamento. E, como não conseguiu quitar os R$ 6.800 (parcelado em 12 vezes), decidiu deixar o veículo Ford Fiesta na loja e retornar na segunda-feira para fazer o pagamento. Contudo, quando retornou, já estava com a polícia.

No sábado (dia 2), a mulher foi ao local para a troca de dois pneus. Era 12h e o estabelecimento fecharia às 12h30. Mas como ela veio de outra cidade, eles decidiram abrir uma exceção e fazer o serviço. O orçamento foi por meio do call center.

“Mas quando levantou o carro, o funcionário fez o checklist para verificar os freios e componentes da suspensão. Para verificar se tinha algo que comprometesse o alinhamento. No caso, seria preciso trocar as buchas e kit do amortecedor traseiro”, diz o gerente.  Todo o serviço – troca de dois pneus, bucha, kit, alinhamento e balanceamento – custaria R$ 2.500.

O gerente diz que a cliente recusou e reforçou que faria somente a troca dos dois pneus por R$ 500. “Porém, nesse meio tempo, ligou para uma terceira pessoa, que passou a conversar com o funcionário”, relata o gerente. Por telefone, o homem autorizou o serviço.

“Através disso, da autorização verbal, a gente começou a executar o serviço. Mas na hora de montar as rodas, estavam empenadas. Em Mato Grosso do Sul, é difícil não ter roda empenada por conta dos buracos. Foi passado um novo orçamento para ela, que envolvia serviços de recuperação e pintura. Novamente, o funcionário falou com a pessoa no telefone, que autorizou o serviço”.

A conta final foi de R$ 6.800. “Mas na hora de pagar no caixa, a cliente disse que não estava com o cartão físico, que só tinha uma foto e queria passar com o número do cartão. Mas da forma que ela queria, nós não fazemos, pois o cliente pode cancelar em até 24 horas. Achei estranho que ela estava com cartão de terceiro e esse terceiro não conseguia efetuar o pagamento”, diz o gerente.

Segundo ele, foi oferecida a possibilidade para o  titular do cartão pagar por QR code, mas a opção foi recusada.

“Ela, por livre e espontânea vontade, disse que retornaria na segunda-feira, para efetuar o pagamento”. Desta forma, ele nega que a cliente teve o carro retido. E, se ela tivesse desistido, as peças novas seriam retiradas e recolocadas as peças antigas.

Após a divulgação, surgiram várias reclamações semelhantes. Mas o gerente nega a existência de outros casos.

Loja da Champions Pneus, na Avenida Eduardo Elias Zahran. (Foto: Henrique Kawaminami)
Loja da Champions Pneus, na Avenida Eduardo Elias Zahran. (Foto: Henrique Kawaminami)

Versão da vítima - Conforme registro policial, a PM (Polícia Militar) foi acionada por mulher que diz ter sido vítima do esquema. Ela relatou que havia deixado seu carro, um Ford Fiesta, na loja para trocar de pneus e foi informada que o serviço ficaria por cerca de R$ 500.

Mais tarde, o estabelecimento informou que, na verdade, precisaria cobrar R$ 2,6 mil da dona do veículo, que supostamente estava com duas rodas amassadas. A cliente não aprovou o orçamento e informou que mais tarde passaria para buscar o carro.

Quando chegou ao comércio, porém, foi informada de novo valor por “serviço prestado”. Ainda conforme relatou à polícia, ela precisaria desembolsar R$ 6,8 mil para levar o carro do local. Embora ela não tivesse autorizado o serviço, as rodas haviam sido retiradas e a vítima foi informada que, “já que estavam amassadas”, não seria seguro que fossem recolocadas.

A mulher informou ainda que com o carro retido, foi constrangida a assinar documento sob o pretexto de evitar que o veículo fosse guinchado do local. Ela afirma que percebeu, logo depois, que na verdade se tratava de uma ordem de serviço e então acionou a polícia.

Ainda de acordo com a PM, o empresário tentou dar “carteirada”, dizendo que faria contato com um suposto coronel da Polícia Militar para “ajudar” a resolver o imbróglio. Depois, ele voltou atrás disse que foi um mal entendido.

Diante da versão da loja, a defesa nega que a cliente tenha deixado o carro na loja por livre e espontânea vontade. “Claro que ela teve problema para pagar. Uma conta que era R$ 500, se transformou em R$ 2.600 e em R$ 6.800. E quando a defesa se refere a isso, não se refere à falta de recursos para pagar. Mas tão somente ao fato de a empresa não cumprir o que foi acordado desde o início e ficar esticando o valor ao ver a possibilidade de ela pagar mais”, afirma a advogada Maria Isabela Saldanha.

 A advogada da cliente também aponta problemas desde o orçamento.  “Eu consultei vários mecânicos e todos perguntaram se o carro foi batido. Eu falei que não. Então todos comentaram: ‘por que tem dois caster e duas colunas?’. Isso só faz quando o carro está arrebentado. E um buraco não faz isso. Comecei a perceber que desde o orçamento eles já colocam coisas assim absurdas”.

João Lopes de Freitas, que é proprietário da loja, vai passar por audiência de custódia nesta terça-feira.

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