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Capital

Agentes presos por jogatina são suspeitos de forjar operação

Nadyenka Castro | 27/08/2012 21:10

Eles chegaram na residência em viatura, se identificaram, mas, não há registro da ocorrência e teriam vendido máquinas caça-níquel para grupo rival

Máquinas apreendidas pelo Gaeco na operação Orfeu, em maio deste ano. (Foto: Elverson Cardozo)
Máquinas apreendidas pelo Gaeco na operação Orfeu, em maio deste ano. (Foto: Elverson Cardozo)

Investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) aponta que os três policiais presos na sexta-feira (24), em Campo Grande, por envolvimento em jogos de azar forjaram ação policial.

Conforme consta no decreto de prisão temporária do trio, os policiais civis Elvis Lincon Barbosa Holsback e Hideraldo Luiz Torres Amarilho e o policial militar Edson Herrero Rodrigues, estiveram em uma residência na Vila Jacy onde funcionava casa de jogos pertencente a Andrey Galileu Cunha, assassinado em 23 de fevereiro deste ano.

Segundo apurado na investigação, o trio chegou ao local em uma viatura Blazer da Deops (Delegacia Especializada em Ordem Política e Social) – onde os civis eram lotados -, e de arma em punho, identificaram-se como policiais e entraram no interior do imóvel.

Eles detiveram a gerente da casa, pegaram R$ 6 mil que havia com ela, mandaram os clientes que lá estavam sair e recolheram máquinas caça-níquel, aparelhos de ar-condicionado e outros equipamentos, “ordenando o não comparecimento em delegacia de Polícia”.

Consta ainda que para levar do local os objetos, eles utilizaram caminhão Mercedes Benz pertencente a Edson Herrero. Apesar de terem usado carro oficial, armas e se identificado como policiais “não houve registro de ocorrência acerca da apreensão das máquinas caça-níquel na residência”.

Para o juiz Juliano Rodrigues Valentin, que determinou a prisão dos três, a “operação sequer foi objeto de registro policial, o que corrobora que, de fato, referida operação foi realizada na clandestinidade”.

Rivalidade - Conforme decreto de prisão temporária, a apuração do Gaeco verificou que os policiais eram comandados pelo também investigador de Polícia Mário Cesar Velasque Ale, que já foi preso por envolvimento em jogos de azar.

Os quatro atuavam “sistematicamente na repressão de grupos rivais ligados à exploração de máquinas caça-níquel”. Consta que eles pertenciam ao bando de Flaviano Cantacini e teriam repassado as máquinas a integrantes do grupo rival.

Afastado - Além de mandar prender os três policiais e mante-los na cadeia por cinco dias, o magistrado também determinou, a pedido do Gaeco, que o investigador Mário Cesar Velasque Ale seja afastado da função de policial. “ ... acolho a presente representação e imponho ao representado a medida cautelar de suspensão da função pública que exerce, sem prejuízo da remuneração”.

Andrey Cunha foi morto na rua Rio Grande do Sul. Ele era passageiro de um Fiat Siena. (Foto: Marlon Ganassin/ Arquivo)
Andrey Cunha foi morto na rua Rio Grande do Sul. Ele era passageiro de um Fiat Siena. (Foto: Marlon Ganassin/ Arquivo)

As prisões- As prisões fazem parte do desdobramento da Operação Orfeu, desencadeada em maio deste ano para repressão a exploração de máquinas caça-níqueis.

Na operação foram fechados diversos cassinos que funcionavam em residências, resultando na apreensão de 37 máquinas caça-níquel, mobiliários, documentos com a contabilidade da atividade e anotações com referência a endereços de pontos de jogos, frequentadores e responsáveis pela contravenção.

Houve fechamento ainda de fábricas clandestinas, apreensão de 31 máquinas de música (“jukebox”) não licenciadas, 32 carcaças e diversos componentes utilizados para a montagem dos equipamentos, bem como para a montagem de máquinas caça-níquel.

Conforme o Gaeco, foi verificado que a quadrilha responsável pelas máquinas -de junkebox e de caça-níquel - seria composta também por agentes policiais da ativa e aposentados.

A apuração também apontou o envolvimento de pessoas que já foram alvo de investigação nas operações Xeque-Mate, realizada pela Polícia Federal em 2007, e Las Vegas, deflagrada pelo Gaeco em 2009, ambas de combate à jogatina.

Assassinato - A disputa pelo monopólio da exploração dos jogos de azar é apontada como a causa do homicídio de Andrey Galileu Cunha.

Conforme denúncia do Ministério Público, o policial civil Mário Cesar Velasque Ale e Flaviano Cantacini estariam envolvidos na execução.

A investigação aponta que horas antes de ser morto, Andrey esteve na Deops, onde Mário César era lotado na época.

Em 2007, Andrey foi preso na operação Xeque-Mate, realizada pela PF (Polícia Federal). À época, foi divulgado que ele fez acordo de delação premiada, ou seja, um acordo com a Justiça para passar informações. Em maio de 2009, ele voltou a ser preso; desta vez na operação Las Vegas. Em 2008, a polícia estourou dois cassinos, no Jardim dos Estados, comandados por Andrey.

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