Além de deixar a cidade "feia", asfalto remendado é "peso no bolso"
Além de deixar cenário mais feio, remendos em alto número fazem com que carros "balancem" com desnível em vias
Reclamação geral, asfalto remendado é cena comum pela Capital. Em determinadas vias, como nas do Residencial Maria Aparecida Pedrossian, o asfalto corrigido como uma colcha de retalhos é mais regra que exceção.
Guilherme Souza Verzas, de 19 anos, sonha com ruas “lisas”. Como não tem, contabiliza os prejuízos que aparecem de tempo em tempo.
Olhar poucos minutos para o fluxo de veículos na rua Manoel de Oliveira Gomes é suficiente para entender o comentário de Guilherme, que trabalha de moto como entregador na região. Os carros trepidam enquanto passam por remendos seguidos.
A suspensão vai estragando e começa a cair óleo. De pouco em pouco estraga, esse que é o problema. Com o movimento do carro dá para ver melhor os remendos, chega a balançar, diz Guilherme Souza Verzas.
Poucas quadras longe do endereço indicado pelo entregador, a cena se repete com piora na avenida Orlando Darós. É possível ver novos buracos surgindo a partir de remendos distribuídos pela rua, deixando o cenário mais complicado.
Resumindo o sentimento sobre a rua, ele diz que “tem quase mais remendo do que asfalto normal mesmo”.
Em outro ponto da cidade, no bairro Universitário, o açougueiro Cássio Rogério Ferreira, de 45 anos, destaca que durante período de chuvas a situação ganha relevo.
A explicação de Cássio é que conforme a intensidade de chuvas aumenta, novos buracos são esperados, transformando a rua em queijo suíço. É possível ver a situação na rua Professor Hilário da Rocha, esquina com a avenida Guaicurus. Pequenos buracos começam a se formar, dividindo espaço com os reparos.
Moro aqui há 30 anos. Já foi pior, mas ainda dá problema porque é muita manutenção para ficar arrumando toda hora. Buraco não para de aparecer e os remendos estão na rua inteira, comenta Cássio Rogério Ferreira.
Torcendo para que o asfalto ganhe cara nova de fato, o açougueiro diz que andar pelos bairros é sempre esperar por recapeamentos. “Todo mundo quer que melhore mesmo que não esteja tão ruim quanto antigamente”, explica.
Na região norte da cidade, Ronaldo Gomes Carvalho, de 55 anos, relata que até andar de bicicleta fica mais difícil em vias com asfalto desgastado. Na rua Olímpio Klafke com Marquês de Herval, Parque dos Novos Estados, os ajustes no asfalto se misturam com paralelepípedos e buracos.
De acordo com o aposentado, há oito anos o cenário é o mesmo visto hoje. “Sempre foi assim, mas fica pior em período de muita chuva porque dá para ver melhor como é fácil de aparecer buraco”.
Como vai arrumando de pouco em pouco, o asfalto vai criando buraco novo e nunca para. Toda hora precisa vir gente arrumar, direto a gente vê isso, explica Ronaldo Gomes Carvalho.
Melhorou - Ao pensar sobre mudanças nos últimos 20 anos, o mecânico Rubens da Silva, de 47 anos, diz que o cenário vem melhorando de pouco em pouco. “Lembro que o pessoal reclamava mais da buraqueira porque dava bastante prejuízo, quem mora em Campo Grande há bastante tempo sabe como era difícil”.

Diferença no bolso, Rubens relata que gastar com troca de pneus era rotina quando o carro caía em buracos grandes. “Antes você desviava de um buraco e caía em outro. Hoje não é tão ruim, mas tem sempre que melhorar”, conta.
Em enquete realizada pelo Campo Grande News, 49% dos leitores indicaram que o pior problema visual da cidade é justamente o asfalto remendado. Sobre recuperação das ruas, a prefeitura da Capital explicou que nos últimos seis anos, aproximadamente, 45 quilômetros foram recapeados.
Conforme nota da assessoria de imprensa, desde 2017 foram cerca de 100 quilômetros recuperados, “malha que não havia sido recuperada há pelo menos 20 anos”, garante a prefeitura por meio de nota.