ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 26º

Capital

Ampliação de cemitério que tem três meses de vida útil revolta moradores

Eles temem por desvalorização de imóveis na região

Aline dos Santos e Nadyenka Castro | 14/03/2013 12:18
Terreno será usado para ampliar cemitério. (Foto: Vanderlei Aparecido)
Terreno será usado para ampliar cemitério. (Foto: Vanderlei Aparecido)

A ampliação do cemitério Santo Amaro, que vai avançar sobre 9,1 hectares da Área do Papa, provocou protesto dos moradores do Residencial Flamingos, na Vila Sobrinho. A contrariedade dos moradores dos 706 apartamentos chegou hoje à Câmara Municipal.

Por meio de ofício, eles relatam que o documento é “em caráter de desespero”. Também na Câmara, o vereador Derly dos Reis de Oliveira (PP), o Cazuza, aliado ao prefeito Alcides Bernal (PP), declarou que o cemitério só tem mais três meses de vida útil. O local tem 37.141 sepulturas.

O pedido de ajuda dos moradores foi lido em plenário pelo vereador Edil Albuquerque (PMDB). Para o parlamentar, a ampliação precisa de um estudo técnico. “O cemitério não está dentro das normas técnicas nem ambientais. O investimento em desapropriação pode ser feito dentro do cemitério”, avalia Edil.

Morador no residencial Flamingos há 16 anos, o jornalista Wilson Aquino relata que o temor é a desvalorização dos imóveis e risco de contaminação do lençol freático. “A água vem de poço artesiano, gastamos mais de R$ 600 mil no poço. Como fica?”, questiona. Segundo ele, o ideal é que a Prefeitura faça o cemitério em outra área, nos arredores da cidade.

A desvalorização da área é algo que também preocupa os moradores. "Acho que seria melhor se construíssem um prédio comercial ou um condomínio residencial, valorizaria mais aqui", sugere a auxiliar de contabilidade Marinês Lubas, 52 anos, que tem um escretório bem em frente à área onde será construída a extensão do cemitério.

Batriz acha que seria melhor mudar o cemitério de lugar, ao inves de aumentar a área (Foto: Simão Nogueira)
Batriz acha que seria melhor mudar o cemitério de lugar, ao inves de aumentar a área (Foto: Simão Nogueira)

Vizinha do escritório, a dona de casa Beatriz Fialho, 72 anos, também discorda da medida."Moro aqui há 25 anos, e antes era só mato, mas agora mudou, estamos praticamente no centro da cidade, não cabe mais um cemitério aqui, tinham é que retirar tudo daqui ao invés de aumentar", reclama.

Já o vereador Paulo Siufi (PMDB) reclama que a notícia da ampliação deixou a comunidade católica perplexa. “Porque aquele terreno estava predestinado para construção de um auditório ou um memorial”, afirma. Em 1991, o papa João Paulo II realizou missa campal no terreno. “É um local onde o papa esteve. Tem que respeitar”, declarou.

Siufi cobra que o prefeito vá à Câmara para prestar explicações. O vereador sugere que outra área seja destinada ao cemitério, como, por exemplo, no bairro Aero Rancho, o mais populoso da Capital. Conforme Cazuza, o terreno ao lado do Santo Amaro pertencia à uma empresa particular, que pretendia abrir um cemitério privado.

Histórico – O decreto de utilidade pública para ampliar o cemitério foi publicado na última terça-feira pelo prefeito. A área, de 55 hectares, leva este nome em homenagem a João Paulo II.

Em 2005, uma ação na Justiça questionou a transação entre a Prefeitura de Campo Grande e a Construtora Financial, que recebeu 33 hectares do poder público como pagamento por obras executadas na região do Carandá Bosque e Parque dos Poderes. No entanto, ao judiciário não viu irregularidade no procedimento.

Outros 19 hectares, deixados para ampliar o cemitério Santo Amaro, foram desafetados pela Prefeitura e repassados à Financial. Com o decreto, parte da área retorna para posse do município.

Nos siga no Google Notícias