Ansiosos pela volta, idosos vão esperar até amanhã para CCI abrir com regras
Com 30% da capacidade, CCI's reabrem após capacitação de funcionários e apenas dois deles: Vovó Ziza e Elias Lahdo
A expectativa era tamanha que bastou sair o decreto autorizando a abertura dos CCI's (Centro de Convivência de Idoso) que já teve público batendo à porta. A prefeitura liberou as atividades, mas hoje os funcionários ainda vão passar por capacitação, o que fez com que dona Julieta Shibuya, de 73 anos, sentisse que "perdeu a viagem".
A aposentada frequenta o CCI Vovó Ziza, na Rua Joaquim Murtinho, o mais famoso dos quatro centros que a Capital oferece, e saiu caminhando do bairro onde mora, Vilas Boas, até o Centro. Foram 20 minutos a pé para se surpreender com as portas fechadas.

"Eu sinto muita falta de fazer hidro, gosto daqui, porque a gente socializa, são muitos idosos que vivem em casa sozinhos. Aqui faço minhas aulas, converso, jogo com meus amigos, tem o seu Nilton, a dona Terezinha", cita.
A vontade de rever a turma deixou dona Julieta chateada. "Falaram que ia começar hoje. Uma falta de respeito, porque poderiam avisar, tem gente que vem de longe e acaba perdendo a viagem".
A viagem não foi perdida para o seu Walter Machado. O aposentado de 71 anos veio de ônibus no Bairro Jardim Noroeste, mas ia aproveitar o "passeio" para ir ao mercado. "Aqui eu faço hidro e ginástica, gosto de vir porque é um lazer completo para a gente, tem bom atendimento, muitas opções de atividade", descreve.
Por morar sozinho, a parte mais importante da reabertura é reencontrar os amigos. "Posso interagir, conversar, sinto falta disso", acrescenta. Já que a abertura ficou para amanhã, ele conta que vai aproveitar para ir às compras. "Falaram que ia abrir hoje, mas não tem problema não, vou fazer uma compra no mercado aqui perto".
Os quatro centros de convivência concentram 1.892 idosos cadastrados. Com a volta dos CCI's, a atividade será gradativa, primeiro retornam o Vovó Ziza e o Elias Lahdo, localizado na Avenida Monte Castelo. O primeiro é o de maior movimento, com 1.260 idosos inscritos e o segundo, 227.
De acordo com a assessoria de imprensa da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) hoje os servidores vão passar por capacitação para acolher os idosos e ensiná-los a usar o tapete sanitizante, aferir temperatura e uso de álcool em gel.
Por enquanto, apenas os dois centros, da Joaquim Murtinho e da Avenida Monte Castelo vão reabrir e só vão poder entrar os idosos cadastrados nestes especificamente. Os locais também vão poder funcionar com 30% da capacidade total. Ainda conforme a assessoria de imprensa da Secretaria, não serão abertas novas inscrições, porque o momento é de readaptação.
No Bairro Piratininga, o CCI Edmundo Scheuneman estava fechado e deve-se manter assim até que saia uma nova determinação da Prefeitura. Aposentada, dona Amália Araújo, de 80 anos, fala com orgulho do lugar que ama e que se vê como uma das fundadoras.

"Eu chego aqui 7h da manhã e fico o dia todo, participo dos debates pela defesa dos idosos, almoço, faço crochê, dança", elenca. Aproveitar todas as atividades que o espaço oferece significa também curtir os amigos. "Sinto falta do grupo, aqui é a minha casa, fiz muitas amizades ao longo desses anos, não tem uma pessoa que não goste de mim", diz.
Mesmo sabendo que o CCI não deve abrir por ora, Amália diz que está se cuidando por conta da pandemia e não vai para outro lugar. "Minha maior alegria é cantar, é dançar neste lugar. Sou muito feliz aqui", comemora.