Após ataque no Parque dos Poderes, corredores ajustam rotas e redobram atenção
Esportistas evitam pontos considerados perigosos e dizem que falta melhorar patrulhamento no local
No dia seguinte à tentativa de estupro no Parque dos Poderes, o cenário era semelhante a qualquer outra quinta-feira: muita gente correndo, pedalando ou caminhando. Mas, hoje, o cuidado é redobrado e teve quem evitasse pontos considerados perigosos e mantivesse o olhar atento para todos os lados.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Na quinta-feira, o movimento é maior por conta das assessorias de corrida, que organizam vários grupos para a prática esportiva coletiva. A equipe de reportagem chegou por volta das 5h30, percorreu as ruas do parque por uma hora e não encontrou nenhuma viatura da PM (Polícia Militar) nas vias do local.
- Leia Também
- Apesar de pânico, ataque a corredora no Parque dos Poderes é caso isolado
- Corredora escapa de estupro no Parque dos Poderes e agressor é preso
A advogada Marília Stangarlin, 34 anos, corre no Parque dos Poderes há cerca de dois anos, três vezes na semana. “Terça e quinta têm as assessorias, é bem movimentado, me sinto segura, mas alguns pontos, por exemplo ali embaixo, na curva, geralmente ninguém corre muito”, disse, acrescentando que também evita o trecho.
O ponto indicado por Marília foi onde ocorreu a tentativa de estupro, ontem, por volta das 5h15. Conforme relatado pela vítima à polícia, o homem identificado como Gleidon Barbosa da Silva, 33 anos, tentou arrastá-la para uma mata fingindo estar armado. A mulher reagiu e pediu socorro; o agressor correu, mas foi alcançado e detido.
Marília se surpreendeu que o ataque tenha ocorrido cedo, em horário que normalmente tem movimento. “De manhã a gente pensa ‘Ah, o povo que faz coisas erradas, os meliantes estão dormindo, né? Não vão acordar às cinco horas da manhã pra atacar pessoas’. Porque se fosse à noite, você fala: ‘À noite é mais perigoso’. Mas de manhã eu nunca tinha ouvido falar”, contou.
Deolina Souza de Oliveira, 82 anos, também estava no parque, acompanhada do marido e de um casal de amigos. “Sozinha eu não venho de jeito nenhum”. Diz que não viu patrulhamento hoje. “Tem que ter, a quantidade de pessoas, atleta correndo, andando de bicicleta, e mesmo as moças correndo aqui nessa pista onde eu corro”.
A psicóloga Paula Vilena, 40 anos, estava com uma amiga e adotou como tática correr somente nos dias de assessoria, quando os grupos organizados são maiores. “A gente acaba ficando mais segura pela quantidade de pessoas, mas não pelo patrulhamento. Acho que falta um pouco, principalmente por causa das mulheres”.
Frequentador do parque há cerca de um ano, o empresário Douglas Brandão, 43 anos, conta que a situação é mais tensa na sexta-feira, quando é comum ver pessoas alcoolizadas que estacionam em pontos do local. Hoje, veio mais tarde e desconfiado. “O pessoal está com medo, falei ‘vou dar uma arriscada, mas vou correr mais pra cá’”.
Além do estupro, circulava entre os esportistas o relato de outro crime, também ocorrido ontem, às 7h44, segundo registro da ocorrência.
O caso foi registrado na Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). Segundo o homem de 29 anos, ele foi assaltado enquanto começava uma corrida na Avenida Desembargador José Nunes da Cunha, no Parque dos Poderes. A vítima relatou que foi abordada por um ladrão armado com uma faca, que levou chave do carro, celular, relógio e óculos. Depois, percebeu que fizeram um pix de R$ 300 usando o aparelho celular.
Brandão diz que muitos preferem correr dentro do parque, perto dos grupos das assessorias. Mas conta que um amigo desistiu de ir ao local hoje depois dos relatos.
Marília Stangarlin, a primeira entrevistada, diz que é preciso ficar alerta. “Ser mulher é difícil, né? Porque a gente, em todo lugar que vai, nunca está totalmente segura. Quem tem assessoria se sente um pouco mais segura, mas quem não tem, tem que ser assim: se está de fone, correr com um fone só, ficar sempre de olho”.
A reportagem entrou em contato com a PM para saber do patrulhamento no local e aguarda retorno para atualização do texto.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.






