Idosos voltam aos Correios, mas saem sem resposta sobre reembolso
Começou a segunda etapa do processo de ressarcimento, que deveria responder se lesados vão ser ressarcidos
Aposentados e pensionistas procuraram a agência dos Correios durante a “Operação Sem Desconto” para tentar, enfim, uma resposta sobre os descontos indevidos nos benefícios do INSS. Contudo, muitos beneficiários saíram frustrados da agência de Campo Grande nesta manhã e alguns, sequer, sabem os valores descontados.
RESUMO
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Aposentados e pensionistas enfrentam dificuldades para resolver descontos indevidos em benefícios do INSS na agência dos Correios da Rua Calógeras, em Campo Grande. Muitos idosos, alguns com problemas de locomoção, retornaram ao local na segunda fase da "Operação Sem Desconto", mas saíram sem respostas definitivas. Em Mato Grosso do Sul, mais de 4,5 mil beneficiários contestaram descontos não autorizados, sendo 1.317 reclamações apenas em Campo Grande. As investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelaram que 97% dos entrevistados desconheciam vínculos com associações que realizavam descontos mensais em seus benefícios entre 2019 e 2024.
A consulta presencial permite verificar se houve alguma dedução, contestar valores indevidos e acessar documentos enviados pelas entidades envolvidas. Na Capital esse atendimento acontecem na agência localizada na Rua Calógeras, que ficou lotada hoje (18).
Em primeiro momento, beneficiários haviam registrado reclamações contra as associações que subtraíram valores das aposentadorias e pensões. Nesta segunda fase, o atendimento informa se a contestação foi aceita pelas instituições e se haverá reembolso.
A aposentada Altina Rosa Caldeira, de 79 anos, descobriu o desconto há cerca de 30 dias. “Quando fui receber no Bradesco e me ofereceram empréstimo, falei que não queria. Aí o atendente disse que já estavam tirando 45 reais do meu dinheiro. Isso é o valor de uma caixa de remédio que eu uso”, desabafa.
Altina conseguiu bloquear o desconto no INSS, mas para reaver o que já foi retirado, agora terá de recorrer à Justiça. Por isso, procurou os Correios para ter respostas. “Para tirar de mim foi fácil, mas agora, para pegar o que é meu, tem que ser pela Justiça? Fiquei sem graça, e faz falta”, pontuou. Contudo, ela ainda saiu sem retorno sobre qualquer restituição.
O aposentado Jorge Augusto, de 65 anos, recebe pensão por invalidez e só ficou sabendo do desconto ao ligar para o 135 no mês passado. Tentou resolver na agência, mas a resposta recebida foi de que ele havia autorizado o desconto, o que nega veementemente. “Nem sabia disso. Vi na TV que tinha que vir aqui contestar. A gente gasta com remédio, tem contas".
A pensionista Eva Antonia da Silva, de 67 anos, enfrenta uma situação ainda mais dramática. Descobriu que descontos eram aplicados há cinco anos em seu benefício, mas não sabe o valor exato.
“Não sei mexer no celular, sou analfabeta. Foram meus netos e minha filha que viram no aplicativo. Desde o dia 13 de junho estou esperando uma resposta. Hoje foi a segunda vez que venho e nada. Mandaram voltar de novo semana que vem para saber pelo menos o valor que descontaram. A gente recebe salário pequeno e vem com desconto. Fico triste, cansada de esperar”.
Por outro lado, o aposentado João Rodrigues da Silva, de 76 anos, chegou às 5h e descobriu não haver descontos no nome dele. "Avisaram que esse valor que está sendo descontado de mim é de um cartão de crédito e me orientaram ir ao banco para ter outras informações", disse.
Mesmo com fila de idosos, o atendimento flui rápido na agência. De acordo com o INSS, mais de 4,5 mil beneficiários em Mato Grosso do Sul contestaram descontos não autorizados. Em Campo Grande, foram 1.317 reclamações.
Entenda - O atendimento presencial é voltado a segurados do Regime Geral da Previdência Social que encontraram dificuldade ou preferem não usar o aplicativo Meu INSS, onde o conteúdo das respostas começou a ser liberado no dia 9 de junho. A consulta presencial permite verificar se houve algum desconto, contestar valores indevidos e acessar documentos enviados pelas entidades envolvidas.
A abertura desse canal presencial também responde ao impacto das investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, que revelaram um esquema bilionário de descontos não autorizados. De acordo com a apuração, 97% dos entrevistados afirmaram desconhecer o vínculo com as associações que mensalmente descontavam valores de seus benefícios, entre os anos de 2019 e 2024.
As associações e sindicatos notificados tinham até 15 dias úteis para responder às contestações. Caso não apresentem comprovação da autorização do desconto, como documentos de filiação assinados ou decisão judicial, o INSS iniciará processo de cobrança para que os valores sejam devolvidos aos aposentados ou pensionistas prejudicados.
Se a entidade apresentar justificativa, cabe ao beneficiário se manifestar no prazo de 30 dias, concordando ou não com os argumentos. Essa manifestação também pode ser feita via aplicativo Meu INSS ou pessoalmente nos Correios.
A lista de agências habilitadas está disponível no site da estatal e também pode ser consultada pelo telefone 135. Importante destacar que, para acessar o conteúdo completo das respostas enviadas pelas entidades, o segurado deve utilizar o aplicativo Meu INSS ou ir a uma agência dos Correios. A Central 135 não exibe os documentos.
Desde abril, o INSS começou a reembolsar os valores descontados indevidamente diretamente nos pagamentos mensais dos beneficiários. Para saber se há cobranças irregulares, o segurado pode consultar o Extrato de Pagamento no site ou app Meu INSS, acessando com CPF e senha do portal Gov.br. Em caso de irregularidade, é possível solicitar o cancelamento do desconto na própria plataforma.
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