Após quase 1 ano em casa, volta à escola traz doenças típicas do convívio
Recomendação de pediatras é ficar alerta a sintomas, afastar criança da escola e só retornar após diagnóstico e recuperação

Depois de quase um ano de pandemia, suspensão de aulas e ensino remoto, o início do ano letivo veio com uma presença de crianças bem maior do que foi o retorno gradativo a partir da liberação em setembro de 2020. Com a volta das crianças ao convívio escolar, vem junto o aumento do número de gripes, resfriados e sintomas gastrointestinais. O alerta dos pediatras é para atenção ao menor indício de doença, precaução em não mandar o filho à escola e também de calma: nem tudo será covid-19.
Médica pediatra e mãe de dois, Natacha Dalcomo descreve o que vem percebendo nos atendimentos de consultório. Da semana passada para cá, houve um aumento grande de sintomas gripais, sem ser covid-19, de gripes, resfriados e até sintomas gastrointestinais como diarreia e vômito.
"A gente não pode esquecer que as crianças ficaram afastadas muito tempo umas das outras e isoladas, então acabaram tendo menos contato com outros microrganismos, mas agora estão tendo", explica a pediatra.

A preocupação, claro, está na covid-19 e a médica não tira a razão, no entanto, é preciso lembrar que existe uma infinidade de outros vírus circulando, como rinovírus, rotavírus e influenza, e que é importante consultar o pediatra. "Não podemos esquecer que estamos em uma pandemia, a gente não tem como saber pelo quadro clínico somente se é gripe simples, resfriado leve ou se é covid, qualquer sintoma, é melhor que a criança fique em casa para não passar para as outras", ressalta.
Médico pediatra, Alberto Jorge Félix tem décadas de experiência na volta às aulas. Para acalmar pacientes e famílias, ele vem falando do aumento da circulação dos vírus, e que cabe aos pais e à escola fazer sua parte.
"Está havendo aumento de incidência, em parte pela volta às escolas e também pela época do ano. Nem tudo é covid, lógico, mas a criança que apresentar qualquer sintoma como coriza, febrícula ou dor de cabeça e diarreia não pode ir para a escola", enfatiza.
Os sintomas podem ser até de uma tosse esporádica, e por mais simples que seja, a criança deve permanecer em casa até ter o diagnóstico fechado e se recuperar totalmente.
"Os professores têm ficado de máscara o tempo todo, tem o distanciamento social, os alunos não estão fazendo atividade coletiva nenhuma e estes protocolos de biossegurança tem que ser seguidos à risca para não termos um descontrole da situação", alerta o médico.
Há duas semanas com aulas presenciais e alunos ocupando a escola, a diretora pedagógica do Instituto Cooperar, Célia Tavares Rino, fala que tem reforçado as orientações com as famílias de que a criança que tiver qualquer sintoma deve ficar afastada o tempo que for necessário.

"Quando os sintomas duram mais de três dias, o aluno tem que fazer o teste para retornar. Nós temos estabelecido um diálogo onde a família se conscientiza para cuidar dos outros", explica Célia.
Nesta semana mesmo, a escola teve dois casos de alunos que testaram negativo para a covid-19, além de pais que fazem questão de comunicar a escola a partir de qualquer diferença. "Vejo que as famílias estão bem preocupadas, se a criança fez um coco mais mole, já avisam que não vão mandar. Este cuidado é uma necessidade no contexto de hoje, uma coriza já é um sinal de alerta", frisa a diretora.
A escola voltou com uma proposta de salas ao ar livre, onde as crianças ficam em um galpão que tem apenas uma cobertura, sem divisão de paredes. Além do distanciamento e uso de máscaras, a rotina do Instituto também é a de maior contato com a natureza.
"Colocamos cadeiras e mesas de plástico ali, as crianças não ficam dentro de uma sala, com metragem fechada e isso tem dado um bom resultado, porque você não tem o vírus circulando ali dentro, então as chances de ter uma contaminação é muito pequena", afirma.