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Capital

Após ver que morto não era irmão, mulher devolve corrente de R$ 4,8 mil

Ricardo Campos Jr. | 06/10/2015 16:18
Nilza com a corrente e o capacete que o marido usava no momento do acidente (Foto: Gerson Walber)
Nilza com a corrente e o capacete que o marido usava no momento do acidente (Foto: Gerson Walber)

A família do eletricista automotivo João Poscidônio Sobrinho da Silva, morto em um acidente de moto no domingo, encontrou a corrente de ouro que ele usava no momento da batida e que estava desaparecida. O objeto foi recolhido por uma mulher, que pediu para não ser identificada, que confundiu a vítima com o irmão. Ela conseguiu localizar os verdadeiros donos do objeto após ler uma reportagem do Campo Grande News e os procurou para devolvê-lo.

O motociclista bateu na traseira de um Palio na Avenida Gury Marques e não resistiu aos ferimentos enquanto era socorrido.

“Foram tantas coincidências. Eu estava vindo da igreja, avistei o acidente e vi, pelas roupas, que a pessoa no chão poderia ser meu irmão. A cor da bermuda, o tênis e a aparência. Na hora em que eu ia entrar na ambulância com ele peguei a carteira e descobri que não era meu parente. Quando eu cheguei em casa me dei conta que as tinha trazido as coisas dele”, relata a mulher, que trabalha no setor financeiro de uma empresa.

Com o contato da família de João em mãos, ela os encontrou nesta terça-feira (6) para fazer a devolução. “Estão muito abalados. Foi uma perda muito brusca”, conta. Além do item de valor, ela também entregou o capacete e um dos tênis dele, que também havia recolhido no local da batida.

“Aquilo que não nos pertence tem que ser devolvido. Como que fica na consciência de uma pessoa ficar com alguma coisa de uma vítima de acidente? Será que ela conseguiria colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz? Eu não conseguiria ter esse sossego”, relata.

Realizado – A viúva Nilza Padilha conta que o marido tinha três sonhos e partiu tendo realizado todos. A corrente de ouro era um deles. De origem pobre, quando jovem, sempre admirou quem usava o adereço e traçou a meta de um dia poder comprá-lo também. “Não somos ricos. Era um sonho que custava o trabalho dele”.

A família relata que João vivia com o objeto vinte e quatro horas por dia, mesmo sabendo dos riscos de ser assaltado por conta dele. Ainda há prestações pendentes do adorno, que custa em torno de R$ 4,8 mil e foi comprado em janeiro. Diante da dívida, Nilza pretende vendê-la, mesmo estando carregada de lembranças.

O segundo sonho do motociclista era viajar ao Rio Grande do Norte para reencontrar a família na cidade de Passo e Fica e fazer uma grande festa. Há três anos, ele conseguiu juntar os recursos necessários e conseguiu realizá-lo.

A terceira meta do eletricista automotivo custou a vida dele. “Era ter uma moto potente. Nós fomos contra. Sabemos que uma moto como essa é muito perigosa. Não existe pequeno acidente com essa moto. A maioria é fatal. Meu marido é uma pessoa do bem. Depois que ele comprou o veículo, eu pedia para que ele vendesse. Disse que venderia em dezembro”, conta.

O veículo não tinha seguro. Ele está na carroceria de uma caminhonete no quintal da casa onde a vítima vivia com Nilza, uma filha de criação, os sogros e a mãe idosa. “Ele era o pilar da família“, lembra, emocionada, a viúva de João Poscidônio.

Destroços da moto pilotada pelo eletricista automotivo (Foto: Gerson Walber)
Destroços da moto pilotada pelo eletricista automotivo (Foto: Gerson Walber)
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