Buraco que originou "tsunami" na Vila Nasser é problema antigo
Na última semana, um morador teve a casa destruída pela enxurrada
O "buracão" que agora parece lago e transbordou, arrastando galhos, entulhos e até geladeira no último temporal em Campo Grande, no dia 4 de janeiro, é problema antigo para os moradores da Vila Nasser. Na ocasião, a casa do advogado Donald Inácio, de 56 anos, ficou destruída pelo que categorizou como "tsunami".
O buraco, na verdade, é um terreno baldio que serve de escoamento para o Condomínio Vilas de Navarra I e II, que fica em uma área mais elevada do bairro, na Rua Marluce com a Diamantina.
Toda a água fluvial é escoada por canos que passam embaixo do asfalto do condomínio e cai no terreno. Quando chove forte, a água transborda e invade as casas dos moradores que ficam na parte mais baixa do bairro.
Um morador, que preferiu não se identificar, teve a casa alagada pela primeira vez em 2020, mas o último temporal foi quando teve o maior prejuízo, de pelo menos R$ 80 mil.
"O condomínio solta a água fluvial aí nesse buraco, a gente descobriu isso sobrevoando lá com o drone, e isso contribui para encher esse buraco de água causando mais estrago ainda. Esse cano ai acho que não podia ser assim, soltarem a água em qualquer lugar, a construtora tinha que canalizar em uma rede fluvial, não em qualquer lugar", apontou.
A casa dele ficou repleta de lama e os móveis, danificados pela água da chuva. Em 2020, ele entrou com uma ação contra a Prefeitura de Campo Grande e recentemente realizou uma audiência on-line que, segundo o morador, não deu em nada.
A reportagem procurou a Sisep (Secretaria Municipal De Infraestrutura E Serviços Públicos) que não respondeu até a publicação.
Tsunami - Na ocasião, o advogado Donald e a esposa, Lurdes Nunes, 56, classificaram o episódio como “assustador”. Imagem do circuito de segurança da rua mostra o momento em que os móveis da cozinha são arrastados pela água. Lurdes contou que mora na casa há pouco mais de dois anos.
Na quarta-feira da semana passada, por volta do meio-dia, ela percebeu que havia uma infiltração no muro e, na sequência, passou a jorrar água. A mulher, então, teve a ideia de pegar uma enxada e ir pela lateral para saber de onde vinha a água. Foi nesse momento que a força da enxurrada arrebentou o muro dos fundos e invadiu a casa pela cozinha.
“Foi um horror, só deu tempo do meu marido me puxar. A enxurrada era tão forte que arrancou a porta. Foi assustador”, lamentou Lurdes. A água tomou conta de tudo e só começou a escoar quando a parede da cozinha cedeu. “Nisso a enxurrada foi levando tudo embora. Só consegui salvar as duas TVs, o sofá e um colchão”, contou.
A casa ficou repleta de lama. O cachorrinho da família, “o Neguinho”, chegou a desaparecer, mas depois foi encontrado em cima de uma cama. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil foram acionados. O casal teve que dormir na casa de parentes.