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Capital

Busto de fundador de Campo Grande é furtado na Afonso Pena

Monumento já havia sido pichado em 2022, também no mês de aniversário da Capital, em outra ação de vândalos

Por Ângela Kempfer | 08/09/2025 14:42
Busto de fundador de Campo Grande é furtado na Afonso Pena
No lugar só ficou a base de granito cinza, no cruzamento da Afonso Pena com a Calógeras (Foto: Osmar Veiga)

Campo Grande perdeu um de seus marcos mais simbólicos: o busto de José Antônio Pereira, fundador da cidade, foi furtado do canteiro central da Avenida Afonso Pena, no cruzamento com a Calógeras. A peça, inaugurada em 1972, paga pela colônia libanesa, era feita em bronze e repousava sobre uma base de granito cinza, mas não resistiu à ação de criminosos.

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O busto em bronze de José Antônio Pereira, fundador de Campo Grande, foi furtado do canteiro central da Avenida Afonso Pena, no cruzamento com a Calógeras. A peça, inaugurada em 1972 e doada pela colônia libanesa, já havia sido alvo de vandalismo em 2022, quando foi pichada. Este não é um caso isolado na capital sul-mato-grossense. Outros monumentos históricos também sofreram ataques, como o carro de boi em frente ao Horto Florestal e a estátua do poeta Manoel de Barros, que permaneceu três anos sem um dos pés. A Fundação de Cultura de Campo Grande registrou ocorrência policial sobre o furto do busto.

Não se sabe ao certo o dia em que ela desapareceu, mas há relatos de que o sumiço ocorreu em meados de julho. Até a placa com as informações sobre a homenagem desapareceu.

Este não é o primeiro ataque ao monumento. Em 2022, o busto amanheceu pichado de branco poucos dias antes do aniversário de 123 anos da cidade. A restauração foi feita pela Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), que aproveitou para lembrar que “cuidar do patrimônio é papel de todos”.

A história de José Antônio Pereira também está preservada no Museu José Antônio Pereira, localizado na Avenida Guaicurus, em prédio construído por volta de 1880 e tombado como patrimônio histórico. O espaço guarda objetos e documentos do fundador e foi restaurado dentro da programação dos 120 anos de Campo Grande há 6 anos.

Busto de fundador de Campo Grande é furtado na Afonso Pena
Monumento do Carro de Boi também foi alvo de furtos e depois passou por restauração (Foto: arquivo)
Busto de fundador de Campo Grande é furtado na Afonso Pena
Em 2021 foi entregue novinho, mas sem alumínio, que tem maior valor de revenda, trocadopelo aço.

Outro símbolo da origem da Capital, o monumento do carro de boi em frente ao Horto Florestal também já foi alvo de furtos e teve de ser recuperado. Na tentativa de escapar dos ladrões, o material foi trocado em 2021: saiu o alumínio, que tem maior valor de revenda, e entrou o aço.

O busto lembrava o mineiro que, em 1872, saiu de Monte Alegre acompanhado de filhos e ex-escravizados, atravessou o rio Paranaíba e chegou à serra de Maracaju. Encantado pela fertilidade das terras, pelo clima ameno e pela abundância de água, decidiu permanecer. Foi assim que iniciou uma roça às margens do córrego Prosa e lançou as bases do povoado que se tornaria Campo Grande em 1899. Os restos mortais do pioneiro estão no Cemitério Santo Antônio, o mais antigo da Capital.

A Fundac (Fundação de Cultura de Campo Grande) informa que já tomou conhecimento e registrou a ocorrência na polícia, conforme os procedimentos legais.

Busto de fundador de Campo Grande é furtado na Afonso Pena
Monumento foi pichado de branco há 3 anos (Foto: Arquivo)
Busto de fundador de Campo Grande é furtado na Afonso Pena
Busto depois de ser recuperado em 2022. (Foto: Arquivo)

O desrespeito à história e aos grandes personagens da cidade é constante. Em 2021, o monumento de bronze em homenagem ao poeta Manoel de Barros acordou sem um dos pés depois de 3 anos "sentado" na Afonso Pena.

Assinada pelo artista plástico Ique Woitschach, a peça que fica no cruzamento com a Rui Barbosa, com 400 quilos de bronze, foi montada em dezembro de 2017 como forma dos campo-grandenses homenagearem os 101 anos de nascimento do poeta.

Manoel ficou três anos sem pé até ser restaurado por Ique. Na época do furto, o artista disse que não estava surpreso com o vandalismo: "Me entristece muito, mas não me surpreende esse vandalismo, porque a arte não tem nenhum valor, nunca teve nem vai ter e as políticas públicas com relação à arte e ao artista cumprem um protocolo político. Mas o potencial da arte não é nem minimamente usado na formação da sociedade. Por isso, não me surpreende: como a arte é abandonada, obviamente, aconteceria alguma coisa com a escultura".

Busto de fundador de Campo Grande é furtado na Afonso Pena
Também na Afonso Pena, Manoel de Barros ficou 3 anos sem pé (Foto: Arquivo)