Busto de fundador de Campo Grande é furtado na Afonso Pena
Monumento já havia sido pichado em 2022, também no mês de aniversário da Capital, em outra ação de vândalos

Campo Grande perdeu um de seus marcos mais simbólicos: o busto de José Antônio Pereira, fundador da cidade, foi furtado do canteiro central da Avenida Afonso Pena, no cruzamento com a Calógeras. A peça, inaugurada em 1972, paga pela colônia libanesa, era feita em bronze e repousava sobre uma base de granito cinza, mas não resistiu à ação de criminosos.
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O busto em bronze de José Antônio Pereira, fundador de Campo Grande, foi furtado do canteiro central da Avenida Afonso Pena, no cruzamento com a Calógeras. A peça, inaugurada em 1972 e doada pela colônia libanesa, já havia sido alvo de vandalismo em 2022, quando foi pichada. Este não é um caso isolado na capital sul-mato-grossense. Outros monumentos históricos também sofreram ataques, como o carro de boi em frente ao Horto Florestal e a estátua do poeta Manoel de Barros, que permaneceu três anos sem um dos pés. A Fundação de Cultura de Campo Grande registrou ocorrência policial sobre o furto do busto.
Não se sabe ao certo o dia em que ela desapareceu, mas há relatos de que o sumiço ocorreu em meados de julho. Até a placa com as informações sobre a homenagem desapareceu.
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Este não é o primeiro ataque ao monumento. Em 2022, o busto amanheceu pichado de branco poucos dias antes do aniversário de 123 anos da cidade. A restauração foi feita pela Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), que aproveitou para lembrar que “cuidar do patrimônio é papel de todos”.
A história de José Antônio Pereira também está preservada no Museu José Antônio Pereira, localizado na Avenida Guaicurus, em prédio construído por volta de 1880 e tombado como patrimônio histórico. O espaço guarda objetos e documentos do fundador e foi restaurado dentro da programação dos 120 anos de Campo Grande há 6 anos.
Outro símbolo da origem da Capital, o monumento do carro de boi em frente ao Horto Florestal também já foi alvo de furtos e teve de ser recuperado. Na tentativa de escapar dos ladrões, o material foi trocado em 2021: saiu o alumínio, que tem maior valor de revenda, e entrou o aço.
O busto lembrava o mineiro que, em 1872, saiu de Monte Alegre acompanhado de filhos e ex-escravizados, atravessou o rio Paranaíba e chegou à serra de Maracaju. Encantado pela fertilidade das terras, pelo clima ameno e pela abundância de água, decidiu permanecer. Foi assim que iniciou uma roça às margens do córrego Prosa e lançou as bases do povoado que se tornaria Campo Grande em 1899. Os restos mortais do pioneiro estão no Cemitério Santo Antônio, o mais antigo da Capital.
A Fundac (Fundação de Cultura de Campo Grande) informa que já tomou conhecimento e registrou a ocorrência na polícia, conforme os procedimentos legais.
O desrespeito à história e aos grandes personagens da cidade é constante. Em 2021, o monumento de bronze em homenagem ao poeta Manoel de Barros acordou sem um dos pés depois de 3 anos "sentado" na Afonso Pena.
Assinada pelo artista plástico Ique Woitschach, a peça que fica no cruzamento com a Rui Barbosa, com 400 quilos de bronze, foi montada em dezembro de 2017 como forma dos campo-grandenses homenagearem os 101 anos de nascimento do poeta.
Manoel ficou três anos sem pé até ser restaurado por Ique. Na época do furto, o artista disse que não estava surpreso com o vandalismo: "Me entristece muito, mas não me surpreende esse vandalismo, porque a arte não tem nenhum valor, nunca teve nem vai ter e as políticas públicas com relação à arte e ao artista cumprem um protocolo político. Mas o potencial da arte não é nem minimamente usado na formação da sociedade. Por isso, não me surpreende: como a arte é abandonada, obviamente, aconteceria alguma coisa com a escultura".