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Capital

Cada minuto a mais pode custar a vida de pacientes graves, alerta médico

Em casos de hemorragia, insuficiência respiratória e alguns tipos de traumas, vítima pode morrer em 2 minutos, explica emergencista

Luana Rodrigues | 03/04/2017 17:20
Tempo de espera deve ser o mínimo em casos de emergência, segundo médico. (Foto: Alcides Neto)
Tempo de espera deve ser o mínimo em casos de emergência, segundo médico. (Foto: Alcides Neto)
Rodrigo Quadros, médico emergencista, diz que em 100% dos casos de urgência e emergência, o tempo de resposta no atendimento interfere diretamente na recuperação e preservação da vida do paciente. (Foto: Alcides Neto)
Rodrigo Quadros, médico emergencista, diz que em 100% dos casos de urgência e emergência, o tempo de resposta no atendimento interfere diretamente na recuperação e preservação da vida do paciente. (Foto: Alcides Neto)

Já dizia um antigo ditado: ‘quando chega a hora da morte, ninguém consegue evitar’. Para quem acredita nos ditos populares, um minuto a mais ou a menos no tempo de atendimento médico pode não fazer diferença a quem está entre a vida e a morte.

Mas, para a medicina, a agilidade ao atender casos graves é crucial, bem como a demora pode ser fatal. E o que os médicos chamam de 'tempo resposta' - que obedece ao critério de, quanto mais grave o caso, mais rápido o paciente deve ser atendido.

Segundo o médico emergencista do pronto-socorro da Santa Casa, Rodrigo Quadros, em 100% dos casos de urgência e emergência o tempo de resposta no atendimento interfere diretamente na recuperação e preservação da vida do paciente. “Não dá para se estipular um tempo mínimo ou máximo, mas, na maioria dos casos, o atendimento deveria ser no mesmo minuto que o paciente sofre a lesão”, explicou o médico.

Pela legislação federal, um paciente em situação de urgência e emergência deve ser atendido em, no máximo, duas horas, nos pronto-socorros e UPAs (Unidades de pronto Atendimento Comunitário). No entanto, a lei também estabelece que, casos graves devem socorridos de imediato, em tempo zero – conforme a linguagem dos médicos.

Problema recorrente - Na manhã desta segunda-feira (3), por exemplo, o Corpo de Bombeiros teve que percorrer 11 km a mais com uma criança atropelada para conseguir atendimento médico. O estudante sofreu trauma na cabeça e vários ferimentos pelo corpo. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros.

Como não tinha pediatra na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Universitário, que fica a 7 km do local do acidente, a equipe de socorristas teve que levar a vítima para a UPA Coronel Antonino e percorrer 18 km, ou seja 11 km a mais em busca de socorro, o que fatalmente faz o socorro demorar mais tempoTrajeto de pelo menos meia hora em um veículo normal.

Porém, esta não é a primeira vez que ambulâncias da Capital percorrem a cidade em busca de atendimento para os pacientes socorridos nas ruas. No último dia 26, uma mãe em trabalho de parto quase teve o bebê no elevador da santa Casa.

Segundo denúncia dos Bombeiros que a socorreram, a médica Cristiane Hiane de Oliveira, de 40 anos, se recusou a atender a gestante na maternidade Cândido Mariano, sob a justificativa de superlotação. Por isso, a equipe de socorro precisou se deslocar até a Santa Casa para que o parto pudesse ser feito. O bebê nasceu com complicações e está internado.

Por questões éticas, nenhum hospital pode se recusar a atender uma pessoa com um trauma ou problema de saúde extremo. (Foto: Alcides Neto)
Por questões éticas, nenhum hospital pode se recusar a atender uma pessoa com um trauma ou problema de saúde extremo. (Foto: Alcides Neto)

Contra o tempo - Pela lei, nestes casos de superlotação e falta de vagas, o diretor técnico do hospital ou UPA deve notificar o CRM (Conselho Regional de Medicina) e o gestor responsável local, que deverá buscar uma solução. E, se o gestor for omisso ou se recusar a resolver a crise, o diretor técnico do hospital deve comunicar "imediatamente" ao Ministério Público.

Ocorre que, para muita gente, o tempo do trâmite pode custar a vida. “Por exemplo, em um sangramento grande – , ferimentos, são muitos casos em que a morte pode ser eminente, caso o atendimento não seja imediato, é o que chamamos de morte evitável", explicou Quadros.

Exija seus direitos - Por questões éticas, nenhum hospital pode se recusar a atender uma pessoa com um trauma ou problema de saúde extremo. Mesmo assim, saber quem procurar em caso de emergência, não perder tempo e conhecer seus direitos na hora de recorrer a um pronto-socorro fazem toda a diferença para garantir um atendimento rápido e seguro.

Conforme o Ministério da Saúde, todos os hospitais com pronto-socorro ou pronto-atendimento devem contar com a classificação para determinar o risco da situação do paciente. Quem recebe uma classificação “vermelha” não fica na fila e vai direto para atendimento, caso de pessoas com parada cardiorrespiratória ou inconscientes.

Nos hospitais particulares, a pessoa também deve ser atendida prontamente e não pode ser cobrada qualquer taxa previamente para emergências. Exigências tipo cheque-caução ou depósito em conta que condicionem o atendimento são proibidas por lei.

Se você tiver convênio médico, os procedimentos devem ser realizados mesmo sem autorização prévia. Também é importante ler seu contrato e se certificar de que seu convênio médico cobre todas as despesas com emergências. Caso a seu plano tenha esse respaldo, você deve exigi-lo durante o período de atendimento, para evitar eventuais problemas.

"Cada minuto para uma pessoa que passa por uma emergência médica faz diferença entre a vida e a morte. Metade das vítimas sobrevive se for atendida nos primeiros minutos. A partir desse tempo, as chances caem gradualmente até chegar a quase zero após dez minutos", afirma o médico.

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