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Capital

Campanha mostra diferença entre trabalho infantil e responsabilidade

Flávia Lima | 12/06/2015 11:41
População recebeu panfletos e cata-ventos alertando sobre o combate ao trabalho infantil. (Foto:Marcelo Calazans)
População recebeu panfletos e cata-ventos alertando sobre o combate ao trabalho infantil. (Foto:Marcelo Calazans)
O auxiliar de produção Fagner Souza acredita que crianças deveriam ficar na escola em período integral. (Foto:Marcelo Calazans)
O auxiliar de produção Fagner Souza acredita que crianças deveriam ficar na escola em período integral. (Foto:Marcelo Calazans)

A diferença entre explorar uma criança no trabalho e conscientizá-la sobre a importância de ter responsabilidades em casa é um dos principais motes da campanha de combate ao trabalho infantil, que na manhã desta sexta-feira (12) realizou ação nos cruzamentos da rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena, no centro da Capital.

Representantes do Conselho Municipal da Criança e Adolescente e da SAS (Secretaria de Assistência Social), abordaram a população entregando folders e cata-ventos chamando a atenção sobre a importância de denunciar os casos de trabalho infantil. No entanto, o conselheiro Donizete Alves Oliveira ressalta que muitas pessoas confundem a questão da responsabilidade com os afazeres de casa com o trabalho.

"É importante a criança ter tempo para cada coisa, inclusive para auxiliar os pais com as tarefas domésticas, caso contrário ele corre o risco de crescer uma pessoa sem responsabilidade, que espera tudo dos outros", destaca. Na opinião de Donizete, muitas famílias criaram uma inversão de valores e acreditam que a escola é o único meio responsável pela educação do filho.

"Falta responsabilidade em algumas famílias. É preciso ensinar o filho a ajudar em casa, e não utilizar seu trabalho como fonte de renda", diz.

A diretora de Proteção Especial da SAS, Mônica de Castro revela que muitas famílias alegam que utilizam a mão-de-obra infantil por não ter com quem deixar os filhos, por isso uma das ações da SAS é justamente conversar com esses pais mostrando o trabalho dos Cras (Centro de Referência de Assistência Social), que são unidades onde a população tem acesso a oferta de serviços continuados de proteção social básica.

Segundo Mônica, em Campo Grande as feiras livres são os locais onde há mais flagrantes de crianças trabalhando. Ela lembra que crianças menores de 14 anos não podem trabalhar. Dos 14 aos 16 anos elas estão liberadas, porém atuando como menor aprendiz, ou seja, trabalha em um período e no outro estuda. Acima de 16 anos, o adolescente já está liberado para trabalhar.

Tanto o conselheiro Donizete Oliveira quanto Mônica Castro acreditam que a abordagem da população através de panfletagem é válida no sentido de sensibilizar, mas acreditam que a campanha só surte efeito quando há uma divulgação maciça na mídia, além das visitas e ações preventivas que a secretaria realiza rotineiramente. "Nosso números já foram piores aqui no Estado devido ás carvoarias. Isso só melhorou com a divulgação das campanhas", diz Mônica.

De acordo com dados da Comissão para Erradicação do Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho, Mato Grosso do Sul está na 11ª posição no ranking dos estados com maior número de casos de trabalho infantil. Outro dado que chama a atenção é que houve aumento do trabalho infantil na zona rural no Estado: 160%, com um total de 6.070 menores trabalhando. Já na zona urbana houve queda de 13%. Mesmo assim, a maioria (78%) dos menores ocupados está na zona urbana.

Quem flagrar um caso de exploração de menor no trabalho deve ligar para Disk 100.

Maior divulgação - Pessoas abordadas pelos voluntários na região central aprovam a ação realizada na manhã de hoje, mas acreditam que é necessária uma intensificação da campanha nas mídias. A dúvida sobre o que configura trabalho também foi destacada por alguns pais abordados.

O auxiliar de produção Fagner Vargas Souza é um dos que concorda que a criança precisa ter uma ocupação fora do horário escolar. "Quando a criança sai da escola e fica ociosa pode cair na criminalidade", destaca. Para ele , a solução seria a implementação de uma educação em período integral.

Já a vendedora Aliléia Santos acredita que para manter o filho longe dos maus exemplos não é necessário obrigá-lo a trabalhar, apenas mantê-lo ocupado com afazeres domésticos. "Precisa mesmo dar responsabilidade ou então incentivar a prática esportiva ou de algum curso fora do horário da escola", diz.

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