Campo Grande pede de volta seu Horto Florestal em manifestação contra abandono
Cerca de 50 pessoas se reuniram na manhã deste sábado para manifestar pela revitalização do Horto Florestal
Neste sábado (19), mais de 50 pessoas se reuniram em frente ao portão trancado do Horto Florestal para lembrar a Campo Grande que esse lugar já foi cheio de vida, e que não dá mais para aceitar o silêncio como resposta.
O lugar foi fechado em março para retirada de uma árvore e estudo preventivo das demais espécies para identificar possíveis riscos e garantir que o local seja seguro para o público.
Hoje, a manhã começou com caminhada e olhos voltados para o alto, em busca de aves da região, uma "passarinhada" organizada pelo Instituto Mamede. Mas logo o passeio virou protesto.
O tom do ato de que Campo Grande precisa do seu Horto. “Não dá pra aceitar essa placa. É um espaço público, arborizado, cheio de memória, cercado por vias de fácil acesso e próximo da maior rede hoteleira do estado. A gente quer reabertura, revitalização e diálogo com a prefeitura”, defendeu a vereadora Luiza Ribeiro, que articulou a mobilização no local em vez de realizar uma audiência na Câmara.
Segundo ela, reunir as pessoas em frente ao próprio espaço abandonado “é mais potente do que falar em uma sala fria”. “A gente precisa colocar energia aqui, no chão do Horto, para que a prefeita veja, o governador veja, os deputados e os vereadores vejam que esse espaço importa.”
Entre os cartazes e conversas, não faltaram lembranças. Do Rock no Horto, das tardes de pagode aos domingos, da biblioteca que serviu de refúgio para estudantes e da ponte onde se equilibravam skates e bicicletas. "O Horto tem papel fundamental na construção das nossas memórias. Quando ele fecha, a cidade também perde um pedaço de sua identidade", disse o arquiteto e pesquisador João Santos, que participou do protesto.
"Esse lugar criava vínculos. Era onde o interior vinha tirar foto, onde as crianças vinham com a escola, onde a adolescência se encontrava. Quando não temos mais esse espaço, criamos lacunas. E isso afeta a nossa qualidade de vida, a ambiental e a emocional", completou.
João lembrou ainda que o Horto já abrigou projetos da Funsat e cursos do Pró-Jovem, que hoje não têm mais espaço físico para acontecer.
Matheus Peca, 26 anos, designer, colava cartazes com colegas na frente do portão. Para ele, ocupar o espaço é uma forma de lembrar que a cidade é também de quem vive nela, não só de quem visita. “Não é só questão de turismo. A gente quer viver melhor aqui, ter onde andar, respirar, pertencer.”
Matheus contou que sua última memória no Horto é de 2019. “Já estava mal cuidado naquela época, mas agora é outro nível. Abandono total. Dá pra sentir a diferença.”
Ao lado dele, Tiago Eloy de Lima, 26, também segurava cartaz, mas o alvo era outro: o CMDU, Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano. “O conselho não representa a população, só os interesses de mercado. Isso se reflete diretamente aqui, em espaços como o Horto que ficam invisíveis.”
Ele lembra de andar de bicicleta pelo parque, de cruzar a ponte de skate, de crescer entre árvores. “Hoje, tudo isso está trancado.”
A vereadora Luiza defende uma reunião com a prefeita e com instituições como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o Instituto Histórico e Geográfico de MS e deputados federais como Camila Jara e Vander Loubet. “A única coisa que não dá é aceitar uma placa de ‘interditado por tempo indeterminado’. A cidade precisa reagir”, finaliza.
O Campo Grande News entrou contato com a prefeitura da Capital, que informou apenas que está realizando estudos para definir o projeto mais adequado para a revitalização do espaço, mas que ainda não há prazo para a conclusão dessa análise.
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(*Matéria atualizada as 16:09 para acrescentar retorno da prefeitura)