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Capital

Cetremi reabre, mas contando com doações moradores preferem a rua

Viviane Oliveira e Ricardo Campos Jr. | 22/12/2016 14:53
Moradores de rua foram recebidos com salva de palmas e oração (Foto: Ricardo Campos Jr.)
Moradores de rua foram recebidos com salva de palmas e oração (Foto: Ricardo Campos Jr.)

Com salva de palmas, oração e almoço. Foi assim que o Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante) reabriu as portas e recebeu os moradores de rua, na tarde desta quinta-feira (22), em Campo Grande.

Os funcionários retornaram as atividades após decisão da Justiça determinando que voltassem ao trabalho. Hoje, no horário de almoço, o grupo de assistência social foi buscar os moradores de rua, que tinham montado barraca embaixo do viaduto, mas muitos contando com as doações não quiseram voltar. 

“O fechamento do abrigo zerou um trabalho que a gente tinha feito com os acolhidos. Por exemplo, teve doação até bebida alcoólica para pessoas que tentavam se recuperar do vício e, com isso, retrocedeu todo o processo que a gente vinha fazendo aqui”, lamenta Inara Luíza Sales Cabral, diretora de proteção social e especial da SAS.

 A assistente social Alessandra da Silva pede que a população não faça mais doações. “Vamos ter que fazer tudo de novo. É um ano que se perde. Se os moradores continuarem recebendo comida e roupa, não vão mais querer sair das ruas”, reclama. Quem ainda quiser ajudar, pode fazer a doação direto no Cetremi.

Almoço servido para comemorar a reabertura do abrigo (Foto: Ricardo Campos Jr.)
Almoço servido para comemorar a reabertura do abrigo (Foto: Ricardo Campos Jr.)
Com gorro de papai noel na cabeça, Joel conta como foi parar nas ruas (Foto: Ricardo Campos Jr.)
Com gorro de papai noel na cabeça, Joel conta como foi parar nas ruas (Foto: Ricardo Campos Jr.)

Mesmo assim, cerca de 20 pessoas voltaram para o centro de triagem. Os funcionários almoçaram no refeitório junto com os acolhidos, que tomaram banho e vestiram roupas limpas. Além de receber moradores de rua, o Cetremi atende migrantes que chegam na cidade e não tem para onde ir.

Atendido pelo abrigo, Everton Xavier, 35 anos, foi um dos que participou da festa. Ele não quis contar a história pessoal, apenas relata que vende bala e reciclados para conseguir se manter. “Aqui é bom para quem necessita, seja de um banho ou acolhimento”, diz. Everton trabalha também com serviços gerais, mas reclama que tem alguns meses que não consegue emprego, muitas vezes por causa do preconceito.

Aos 60 anos e com gorro do papai noel na cabeça, Joel Ferreira Ramalho, comemorou a volta ao abrigo. “Na rua a gente fica sem opções”. Atendido no local desde 2009, o homem relata que morava em Coxim e perdeu o pai atropelado por um caminhão, quando tinha 7 anos. Ele era o filho mais velho e teve que ajudar a mãe a cuidar dos irmãos.

Já morando em Campo Grande, a mãe de Joel faleceu de uma doença pulmonar. “Foi ai que passamos a viver na rua. Trabalhei com engraxate, vendendo jornal e picolé. Acabei conhecendo o mundo e a vida me levou às drogas e as bebidas”, lamenta. Joel diz que trabalha como pedreiro, pintor e operador de máquinas em fazenda, mas no momento encontra-se desempregado. 

Fechamento - No sábado (17), sem ter pessoal para o atendimento por causa da suspensão dos convênios e consequente demissão em massa dos funcionários da Omep (Organização Mundial para Educação Pré-Escolar) e da Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária, a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) decidiu fechar o abrigo e 90 pessoas foram colocadas na rua.

A determinação do Tribunal de Justiça para que os funcionários lotados em abrigos públicos da Capital, retornem ao trabalho atinge 914 trabalhadores. 

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