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Capital

Com 1 kg, nasce bebê que resistia em ventre de mãe com morte cerebral

Em meio a despedida da mãe, menino de 27 semanas (seis meses), nasceu saudável, com 34 centímetros

Luana Rodrigues e Amanda Bogo | 31/03/2017 14:08
Em meio a alegria pela chegada da criança, família chora por dor de despedida da mãe. (Foto: Amanda Bogo)
Em meio a alegria pela chegada da criança, família chora por dor de despedida da mãe. (Foto: Amanda Bogo)

A dor da despedida e a alegria por uma espécie de milagre. Nasceu por volta das 11h desta sexta-feira (31) o bebê de Renata Souza Sodré, 22 anos. Há dois meses, Yago resistia no ventre da mãe, que teve morte cerebral constatada no dia 30 de janeiro.

Foi na noite desta quinta-feira (30) que Renata deu os primeiros sinais de que precisava dar a luz ao filho. Conforme a Santa Casa, o parto estava previsto para a próxima terça-feira (4), no entanto, a paciente apresentou instabilidade no quadro de saúde e a equipe médica decidiu que levá-la para o Centro cirúrgico.

A criança de 27 semanas (seis meses), nasceu de parto cesárea, saudável, com 34 centímetros e 1, 050 quilo. A princípio, apresentou problemas respiratórios, mas foi medicada e agora já respira sem a ajuda de aparelhos.

"A médica disse que ela (Renata) estava bem cansada, foi uma guerreira e precisava descansar. Ela lutou pelo filho e ele nasceu bem. Vai ser cuidado com amor e carinho", disse a irmã de Renata, Adrielli de Souza Avalos dos Santos, 20 anos, que deixou o hospital juntamente com a mãe e marido, todos bastante abalados.

Segundo a família, os aparelhos de Renata já foram desligados. Os órgãos dela seriam doados, no entanto, por conta das complicações que o corpo dela apresentou recentemente, a doação foi impedida. A criança está na UTI Neonatal da Santa Casa e não há previsão de quando irá receber alta.

Drama – O caso de Renata é inédito em Mato Grosso do Sul e foi marcado por troca de informações com médicos do Espírito Santo e Portugal, onde houve situação similar. Com a morte encefálica da paciente, o nascimento do bebê era uma aposta de alto risco.

“É muito difícil um caso como esse porque além do risco de morte, tem o risco de infecção. Tudo compromete a viabilidade do nascimento dessa criança”, afirmou a médica Patrícia Berg Leal, responsável pela UTI (Unidade de Terapia de Intensiva), em entrevista ao Campo Grande News no dia 2 deste mês.

Após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 27 de janeiro, Renata teve a morte cerebral constatada por dois exames clínicos mais exame de imagem. Os exames também apontaram que o feto vivia e entrava na 17ª semana.

O marido Eduardo Noronha, 25 anos, contou que Renata nem sabia o sexo da criança, pois, na última vez que ela pôde acompanhar o exame, não foi possível saber se viria menino ou menina. Porém, ela já havia escolhidos os nomes.

Com o caso explicado à família e acompanhado pela Comissão de Ética do hospital, começou a administração diária de medicamentos, pois, com a morte cerebral, o corpo para de produzir hormônios.

Contra o risco de infeção, o trabalho envolvia todos os setores da UTI, da limpeza ao corpo clínico. A médica contou que a paciente recebia a mesma atenção das demais pessoas internadas na terapia intensiva, que, por atender os casos graves, tem regras rígidas de funcionamento.

A gestação deveria ser mantida, pelo menos, até a 28ª semana (sete meses). Segundo a médica, não havia como prever sequelas. A gravidez era monitorada por exames e ultrassons todos os dias.

- Matéria editada ás 15h12, para correção de informações

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