ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
MAIO, SEGUNDA  19    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Com 70% das barracas fechadas, silêncio e vazio agora tomam conta do Mercadão

Em meio à pandemia do coronavírus, não há mais o característico “grito” dos vendedores oferecendo os produtos; eles estão em casa

Maressa Mendonça e Lucas Mamédio | 25/03/2020 13:05
Com 70% das barracas fechadas, silêncio e vazio agora tomam conta do Mercadão
Corredor vazio e barracas fechadas no Mercadão Municipal, em Campo Grande (Foto: Kisie Ainoã)

A suspensão das atividades em 70% das barracas do Mercadão Municipal de Campo Grande, resultado de medidas de prevenção contra o coronavírus, transformou o cenário do tradicional centro de compras dos campo-grandenses e turistas. Não tem mais “grito” dos feirantes oferecendo os produtos, nem barulho dos carros ao redor e muito menos perigo de esbarrar em alguém porque quase não há clientes.

Há dez anos, Osmar Pereira Leite comercializa farinhas em uma das barraquinhas do Mercadão. “Nesse tempo todo aqui eu nunca vi nada parecido”, lamenta. Sozinho, ele tenta garantir o sustento mesmo percebendo uma queda drástica no movimento. Ele conta que atende em média 30 pessoas antes das 10h. Em tempos de coronavírus, o número caiu para duas.

Com 70% das barracas fechadas, silêncio e vazio agora tomam conta do Mercadão
Em locais ainda aberto, clientes usam máscaras para ir até o Mercadão Municipal (Foto: Kisie Ainoã)

Queda brusca no movimento percebida também pela comerciante Marina Yurie. Ela e família trabalham em quatro barracas do Mercadão, comercializando castanhas variadas e chás. Segundo ela, o número de clientes que passam pelas bancas caiu pela metade. Por esse motivo ao invés de trabalhar acompanhada dos parentes, ela decidiu ir sozinha e mesmo assim consegue dar conta de todos os pontos de venda.

Proprietária de um açougue no local, Sinedir Amorim também lamenta a queda na movimentação. Para amenizar o prejuízo, ela decidiu dar férias coletivas para 15 dos 30 funcionários. “O que a gente está fazendo é tentar diminuir o prejuízo, mas ele já existe”.

Com 70% das barracas fechadas, silêncio e vazio agora tomam conta do Mercadão
Osmar Pereira Leite trabalha há 10 anos no Mercadão Municipal (Foto: Kisie Ainoã)l

O estabelecimento que antes ficava aberto até às 18h30 agora fecha às 15h porque, segundo ela, o movimento “zera”.

Outra proprietária de açougue, Najila Machado Dib preferiu retirar todos os produtos do freezer e suspender completamente as atividades. Os 30 funcionários também receberam férias coletivas.  A difícil decisão envolve questões econômicas e de saúde pública.

Com 70% das barracas fechadas, silêncio e vazio agora tomam conta do Mercadão
Produtos de açougue foram retirados (Foto: Kisie Ainoã)

“A gente resolveu primeiro para não gastar com eles aqui e também por questão de saúde. Um funcionário contaminado aqui significa todos contaminados porque o espaço é pequeno".

O funcionamento do Mercadão não contraria o decreto publicado na semana passada pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) com determinações sobre o fechamento do comércio. Isto porque a maioria das barracas instaladas são para a venda de produtos alimentícios.

Mesmo assim, segundo a administração, até os comerciantes que poderiam ter aberto o negócio preferiram permanecer em isolamento social, dentro de casa.

Frequentadora assídua do Mercadão há 20 anos, a vendedora autônoma Rosângela Silva, de 49 anos, lamentou a situação em que se encontra o local. “Nesse período todo que eu venho nunca vi uma situação dessas. É triste ver o Mercadão desse jeito que ele está aqui, vazio”.

Rosângela costuma comprar produtos para os quitutes que comercializa nas ruas de Campo Grande, mas como também está em isolamento social hoje ela foi até lá apenas para comprar carne para família. Ela saiu da residência carregando um pote de álcool em gel.

Com 70% das barracas fechadas, silêncio e vazio agora tomam conta do Mercadão
Cliente assídua do Mercadão, Rosângela nunca viu local tão vazio (Foto: Kisie Ainoã)

O produto também está disponível para os comerciantes já que um dispenser foi instalado e está carregado de álcool em gel. Segundo a administração do Mercadão, dois funcionários também foram contratados recentemente para cuidar exclusivamente da higienização dos banheiros.

A administração informou que o horário segue normal para as barracas de alimentação, ou seja, até 18h30.

Contudo, os donos de barracas consultados pelo Campo Grande News, disseram que neste período de coronavírus as barracas do Mercadão estão fechando mais cedo, a critério de cada um.  A maioria funciona, em média só até às 12h.

Nos siga no Google Notícias