Com acesso à internet, oito presos participavam de golpe na OLX
Foram identificados mais de 300 boletins de ocorrência contra a quadrilha. Quadro integrantes foram transferidos de presídio
A Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) identificou oito presos do Centro de Triagem como autores da série de golpes feitos pela internet em Campo Grande. Já foram identificados mais de 300 boletins de ocorrência contra a quadrilha. Pelo menos quadro integrantes foram transferidos do presídio e isolados em celas disciplinares.
O caso foi descoberto durante monitoramento de organizações criminosos e de internos do sistema prisional, efeito constantemente pela delegacia especializada. Os policiais perceberam que o mesmo golpe foi registrado em várias áreas da cidade e identificaram mais de 300 vítimas que registraram boletins de ocorrência.
Com as investigações, oito presos do Centro de Triagem foram apontados como autores dos crimes. Segundo a delegada titular da Deco, Ana Cláudia Medina, todos foram ouvidos e indiciados pela série de golpes. Alguns foram transferidos para o Instituto Penal de Campo Grande e para a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira.

Em nota, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) confirmou a transferência de quatro presos, que agora respondem processo disciplinar interno e estão isolados em celas disciplinares.
De dentro da cela – As investigações revelaram que com celulares os internos conseguiam acesso à um site internacional e de lá copiavam documentos digitalizados de outras pessoas. Posteriormente usavam os dados em cadastros no site OLX.
Com as contas falsas, negociavam todos os tipos de produtos e enviavam aos vendedores comprovantes bancários, muitas vezes até autentificados, editado por eles. Quando recebiam o “aval” as vítimas, avisavam que estavam fora do Estado e por isso um funcionário buscaria a compra. Nesse momento começava a segunda fase do golpe.
Para conseguir retirar os produtos, os presidiários contavam com ajuda de motoristas de aplicativo. Segundo Medina, no começo os motoristas foram contatados pelo aplicativo, mas com o tempo passavam a ter relação direta com os golpistas. “Eles nunca esconderam a condição do serviço. Ofereciam o dobro do valor da corrida, essa era a vantagem deles” conta a delegada.
Os produtos eram novamente negociados pela quadrilha, muitas vezes pelo site de compra. Assim que a venda era feita, os motoristas eram mais uma vez chamados para entregar a mercadoria aos “clientes”. O golpe também ocasionou uma espécie de comércio clandestino entre internos, que costumavam destinar os itens a familiares e amigos.
Parte dos motoristas que trabalharam para a quadrinha foram identificados e levaram a polícia até alguns dos endereços de receptadores. Eles também foram responsabilizados pelos crimes, já que tinham pleno conhecimento da situação.
Através dos golpes, os internos conseguiam adquirir diversos tipos de produtos, como pizzas, cestas básicas, cestas de café da manhã, buquê de flores, kits de maquiagem, instrumentos musicais, notebooks, motosserra, carrinho de cachorro quente, uma gigantesca máquina de assar frango e até veículos.
Agora a polícia trabalha para identificar vítimas que por algum motivo não denunciaram o golpe a polícia.