Com chipa, mosquitão e drag queens, nem tempo seco atrapalhou desfile
Desfile reuniu 15 mil pessoas na rua 13 de Maio, além de 54 entidades, escolas e órgãos públicos
Entidades, escolas e órgãos públicos capricharam no desfile de 120 anos de Campo Grande. Na Rua 13 de Maio, entregaram chipas e levaram estruturas enormes para falar de cultura e conscientização. Por quase 3 horas, 54 grupos apresentaram o resultado de meses de preparação.
O desfile começou às 8h25, aberto pela Banda de Percussão Ulysses Guimarães. No palanque de autoridades, o prefeito Marquinhos Trad e o governador Reinaldo Azambuja comeram até chipa paraguaia, servida pela colônia que, animada, também dançou polca para o público.
Filha de paraguaios, Cidinha, de 60 anos, não gosta de dar o nome completo. Prefere se identificar como todo mundo a conhece na comunidade paraguaia. Hoje, ela levou as chipas para o desfile. “Temos sangue paraguaio, mas somos brasileiros. Por isso, é uma honra trazer nossa tradição para o desfile”, comemorou.

Miss Angel, de 20 anos, entrou no grupo de 6 drags que apresentou pela primeira vez a arte das drags no desfile de 26 de agosto. “Viemos para mostrar que nós existimos. Para levar brilho e glamour para todos os ambientes”.
Para as drags, a oportunidade foi essencial na luta contra o preconceito. “Campo Grande ainda é uma cidade conservadora e tradicional. Aparições como essa fazem com que as drags saiam dos guetos e de espaços de boates e ocupem outros espaços, tão marcantes como esse”
O evento reuniu cerca de 15 mil pessoas, plateia perfeita para valorizar a cultura, mas também conscientizar. Os servidores do Centro de Controle de Endemias, levaram um “mosquitão” Aedes aegypti, feito de ferro, como forma de mostrar que o risco da dengue é permanente em Campo Grande.
A festa acontece na rua 13 de Maio, com pessoas espalhadas pelo trecho da Mato Grosso até a 15 de Novembro. A segurança foi feita por 60 policiais militares e a Defesa Civil montou força-tarefa com dez equipes, em parceria com a Cruz Vermelha. Mas não houve registros de incidentes.
Para enfrentar o tempo seco, todo mundo levou, pelo menos, uma garrafinha d'água. Quem esqueceu, teve de gastar até R$ 5,00 nos ambulantes.
Como já é tradição, os ambulantes também salvaram muita gente da fome. Yara Faria, de 40 anos, tirou a barraca do Tiradentes e montou em calçada da Avenida Afonso Pena. “Hoje, preferimos vir para cá porque a gente achou que venderia mais”, contou sobre os salgados vendidos a R$ 3,00.
Quem fez do desfile o programa do feriado, teve de acordar cedido para achar espaço ao longo da 13 de Maio. A costureira Elizabeth Camargo Alves, 58 anos, acompanhou o evento ao lado do esposo e dos cinco netos, com idades de 6 a 11 anos. "Moramos nas Moreninhas e acordamos às 5 horas, Adoro assistir, principalmente ao desfile de fanfarras. A do Instituto Mirim é a que mais gosto”, diss Elizabeth.