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Capital

Agora, insegurança é para conseguir vaga em universidades

Ricardo Campos Jr. e Viviane Oliveira | 14/01/2011 11:55

Método de cálculo das médias é obscuro para alunos

Lennon está confiante, conferiu as notas e quer sair do ensino médio direto para a faculdade. (Foto: Simão Nogueira)
Lennon está confiante, conferiu as notas e quer sair do ensino médio direto para a faculdade. (Foto: Simão Nogueira)

O resultado individual do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi divulgado pelo MEC (Ministério da Educação) depois de quase dois meses da realização das provas. Com o desempenho em mãos, estudantes continuam cheios de incertezas se a nota será ou não suficiente para chegar à universidade.

Gabriel Souza Nogueira, 18 anos, fez a prova pela segunda vez, acertou mais questões e teve menos pontos que no ano passado. O estudante diz que se preparou para o exame e acompanhou amigos que estudaram com mais afinco e que tiveram pontuações menores ou semelhantes às dele.

“A gente não tem ideia de como eles corrigem a prova. É uma coisa que ninguém entendeu até agora. Sei que é um sistema que mede seu conhecimento com questões difíceis e fáceis. Acho que deveria usar peso normal”, reclama o estudante.

Nogueira relata que a nota do ano passado não foi suficiente para ingressar no curso de direito. Por conta dos pesos e do desempenho de colegas, não sabe se este ano conseguirá.

Longos prazos entre as divulgações de gabaritos, desempenho e resultado, deixam um clima de suspense no Enem e fazem com que os estudantes, muitas vezes, repensem as futuras carreiras, como o caso da estudante Thayanne Couto Morel, 17 anos.

“Acho que quando saísse o resultado já deveria sair se foi aprovado. Não essa demora para inscrever no Sisu e acompanhar. Quem quer arquitetura terá de fazer uma prova específica. Eu queria, mas não vou porque senão eu perco as chamadas para outros cursos. Vou tentar engenharia civil porque não tem como esperar até o dia 21 (para a prova específica), sendo que as aulas começam dia 24”, diz a estudante.

Luan Flávio de Lara, 17 anos, terminou o terceiro ano do ensino médio recentemente e também cobra mais rapidez nas divulgações, o que diminuiria a ansiedade.

“O tempo que tem que esperar para saber a nota é muito grande. A maioria das universidades particulares tem as notas no final do ano e não em janeiro. Então fica difícil saber se você tem que pagar matricula em uma universidade particular não sabendo se vai ou não entrar na federal”, diz o estudante.

Já Karine diz não estar confiante e continuará prestanto Enem para conseguir bolsa pelo Prouni (Foto: Simão Nogueira)
Já Karine diz não estar confiante e continuará prestanto Enem para conseguir bolsa pelo Prouni (Foto: Simão Nogueira)

Expectativas - Mesmo não sabendo se a nota será suficiente ou não para entrar na universidade, o estudante Lennon de Souza Malta, de 17 anos diz que teve um bom desempenho na prova “Estou confiante com a minha nota. Eu acertei bem mais que a metade”, disse, “Quero sair do ensino médio direto para a faculdade”.

O que mais provoca dúvida são os cursos que antes tinham seleção no meio do ano, o chamado vestibular de inverno. Como não sabe se haverá outra edição da prova no meio do ano e levando em conta que a nota vale por 3 anos, prestou o Enem no segundo ano, sem muitas preocupações, e conta que serviu pelo menos como teste. “Já garanti uma nota. No ano que vem posso usar essa nota para entrar na faculdade”, disse.

A auxiliar administrativa Karine de Souza, 17 anos, disse não ter estudado o tanto que deveria, não se saiu bem na prova e tampouco está confiante. “A prova estava bem difícil”. Ela pretende usar a nota para tentar o Prouni (Programa Universidade para Todos) e cursar faculdade particular.

“Não quero perder tempo”, diz a estudante. Caso não consiga a bolsa na primeira tentativa, pretende pagar a faculdade e tentar novas provas e novas bolsas ano após ano.

Opinião de mestre - Diretor de uma escola da Capital que prepara alunos para o Enem,Newton Miyahira, mais conhecido como Professor Chuck, explica que pouca coisa mudou em relação ao vestibular e Enem, no tocante ao cálculo das notas, que também tinha pesos diferentes.

“Mas na realidade naquele vestibular antigo o que ocorre: vamos supor que faço uma prova de 90 questões. Eu, mesmo tendo mais acertos que meu colega, passe na frente. Antes era chamado de desvio padrão”, diz o professor.

Hoje, com relação ao sistema de correção, ele entende o funcionamento da seguinte maneira. “A gente sabe que é feito com um critério que permita o aluno a ser avaliado. Tem questões que o computador acha mais simples e outras que o computador julga ser mais difícil. Em questões fáceis dão um valor mais baixo e outro para ter um valor mais alto”.

No entanto, ele não nega que o Enem tenha deixado grandes incertezas. Na opinião dele, os pesos das questões, ou seja, o grau de dificuldade de cada pergunta deveria ser divulgado, pelo menos aos professores e diretores dos cursinhos e escolas de nível médio.

“Acho que poderiam dar essa informação. Ainda não entrei para ver se nós, como escola, teríamos acesso a esses dados”, diz Chuck.

Resultado - Os estudantes poderão se cadastrar no Sisu (Sistema de Seleção unificada) a partir do próximo domingo, dia 16. Por enquanto, os candidatos podem conferir o desempenho no site Nesta edição, serão oferecidas 83.125 vagas em 83 instituições, sendo 39 universidades federais.

Em Mato Grosso do Sul, 70 mil estudantes fizeram as provas do Enem e irão concorrer às 6.350 vagas em instituições públicas de ensino superior disponíveis no Estado.

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