Comerciantes que montaram trailers em área invadida são retirados
Lanchonetes e borracharia tinham sido montadas na Rua Cláudio Coutinho; algumas estavam lá desde 2015

Comerciantes que montaram trailers em área invadida na Rua Cláudio Coutinho no Residencial Ramez Tebet foram obrigados a deixar o local nesta quarta-feira (1º), um dia após serem notificados pela Prefeitura de Campo Grande. Eles até tentaram chegar em um consenso com o município, mas como não tiveram respostas a tempo preferiram fazer a retirada dos pertences.
Ao menos quatro trailers haviam sido montados ali. Em um deles funcionava uma borracharia e nos outros lanchonetes. Segundo os comerciantes, os mais antigos estavam lá há cinco anos e foram responsáveis por melhorias na região, antes ocupada por usuários de drogas e possíveis criminosos.
Ednilson da Costa Tomiate, de 33 anos, havia montado o trailer dele no ano passado e lamenta ter de deixar o espaço tão cedo. “A gente entrou aqui com três objetivos. Primeiro trabalhar, segundo trazer melhoria para o bairro e terceiro oferecer um local para as famílias comerem porque aqui não tinha nada”, diz.
Tomiate diz ter recebido a notificação dos fiscais da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) na tarde de terça-feira (30) e na manhã seguinte foi até a prefeitura, acompanhado dos outros comerciantes verificar o que poderia ser feito. “Ficamos igual bola de pingue-pongue, de um lado para outro”, diz.
Por volta das 8h30, eles receberam uma ligação informando que haviam patrolas na área para derrubar os trailers e correram para fazer a retirada dos materiais. “Com essa pandemia estamos sem poder arrumar emprego. Aqui é nosso ganha pão”, declarou Tomiate. “Queremos um tempo para tirar nossas coisas e arrumar um local para trabalhar ou que eles legalizem para a gente”.
A auxiliar administrativa Gislaine Cristina Simões, de 44 anos, frequenta as lanchonetes e lamenta a retirada dos comerciantes. Moradora do bairro há 9 anos, ela diz que antes da chegada dos comerciantes ali só havia matagal e o sentimento era de insegurança.
“O pessoal tinha medo até de pegar ônibus na região. Era muito roubo, assalto a qualquer hora. A situação mudou muito. É um local bom pra comer, se precisar arrumar a moto também tem. Deu uma valorizada no comércio também porque aqui é longe de tudo”, diz.
Gislaine se mostra preocupada também com o fato de eles terem sido retirados em meio à pandemia do coronavírus. “Aqui não tinha algazarra, som alto, nada disso. Era só para o ganha pão deles. Gostaria que a prefeitura regularizasse a situação para eles não precisarem sair. Porque não tem como arrumar emprego agora”.
Dona de um container há cinco anos naquela área Rose Margarete da Rocha, de 54 anos, reforçou que antes ali só havia matagal e agora eles cuidam. “Seguimos o toque de recolher, não tinha aglomeração aqui. É uma revolta muito grande porque a gente não incomodava ninguém. Tenho 54 anos onde vou arrumar emprego?”.
Rose afirma que o local só é limpo porque eles estão ali. “Somos trabalhadores honestos. A gente tem conta para pagar, família para sustentar. A gente só queria uma solução para poder trabalhar em paz”, finalizou.
Sobre a área questionada a Semadur informa que notificou os envolvidos para a sua desocupação, pois trata-se de uma invasão de área pública.
"Destacamos que uma vez constatada a ocupação indevida de área pública por meio de invasão são tomadas as providências cabíveis ao caso. Ressaltamos que invasão de área pública é crime conforme o Código de Polícia Administrativa – Lei n. 2909 – Artigo 5º, § 2º - Verificada a invasão de logradouro público, o Executivo Municipal promoverá as medidas Judiciais cabíveis para colocar fim a mesma", informaram em nota.
* Matéria editada às 14h para acréscimo da resposta da Semadur.