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Capital

Conselho entre mulheres é redobrar atenção durante caminhadas no Sóter

“Eu vou voltar, te encontrar e te estuprar”, teria dito um homem a uma dona de casa, de 46 anos, há duas semanas

Adriano Fernandes e Liniker Fabrício | 31/08/2020 21:06
Moradores caminhando em trecho mal iluminado no entorno do parque. (Foto: Marcos Maluf) 
Moradores caminhando em trecho mal iluminado no entorno do parque. (Foto: Marcos Maluf)

A cada vez que o sol se põe o clima de insegurança paira no entorno do Parque Sóter, segundo os moradores que praticam atividades físicas no local. No mesmo trecho em que uma secretária executiva, de 40 anos, foi atacada por um homem no último sábado (29), há duas semanas, uma dona de casa, de 46 anos, que pediu para não ser identificada, conta que também viveu momentos de tensão.

“Não adianta fugir porque eu vou voltar, te encontrar e te estuprar”, teria dito um homem a dona de casa enquanto ela caminhava do lado de fora do parque. O local fica próximo ao cruzamento das ruas Salsa Parrilha com a Abel Aragão.

“Eu estava passando por um trecho escuro, acho que ele pulou a cerca e estava no meio da mata, dentro do parque. Eu atravessei a rua correndo e fui em direção a uma escola que estava iluminada”, conta. A situação teria ocorrido em um final de semana, período em que segundo ela o movimento é menor na região.

Escuridão quase impede de enchergar duas pessoas passando sob magueira. (Foto: Marcos Maluf) 
Escuridão quase impede de enchergar duas pessoas passando sob magueira. (Foto: Marcos Maluf)

Em outra ocasião a mulher também disse ter ouvido um barulho vindo das árvores, como se alguém tivesse pulado em meio às folhas secas, no momento em que ela passava.

“Antes eu vinha aqui de segunda a sexta-feira, mas agora já não venho aos finais de semana. Também aconselho outras mulheres a redobrarem a atenção ao passar por esse trecho”, diz. O pouco policiamento na região também aumenta a sensação de insegurança, segundo a moradora.

Fabrícia foi ao local acompanhar uma amiga. (Foto: Marcos Maluf) 
Fabrícia foi ao local acompanhar uma amiga. (Foto: Marcos Maluf)

“Hoje tem polícia, mais não é sempre assim. Na semana passada, me lembro de um dia ter visto uma equipe da Policia Militar, mas quando dei a volta no parque já não tinha mais ninguém. Acredito que se as luzes do parque ficassem acesas, mesmo com ele fechado, iria aumenta a sensação de segurança”, sugere.

Na noite desta segunda-feira (31) a reportagem também visualizou viatura da Guarda Civil Metropolitana fazendo rondas na região.

Insegurança - Entre as praticantes de atividades físicas do local a principal crítica, é quanto ao pouco policiamento na região e a falta de iluminação em alguns trechos do parque.

A auxiliar de produção Otilde Ferreira, de 59 anos, é enfática. “Aqui não da para caminhar sozinha”, desabafa. “Tem roubo de celular e eu venho porque realmente preciso, mas combinei de vir junto com a minha vizinha”, diz ao lado de sua amiga a dona de casa Gabrieli Vieira, de 27 anos.

“Concordei em vim junto até porque, pessoa mais medrosa que eu não tem”, completa Gabrieli. A grande maioria dos praticantes de atividades físicas do parque são mulheres. Há dois anos a estudante Fabrícia Fernanda, de 29 anos, por exemplo, percorre o local pelo menos três vezes por semana e conta que se previne da violência com atitudes simples.

Em terreno baldio em frente ao parque não há nenhum tipo de iluminação. (Foto: Marcos Maluf) 
Em terreno baldio em frente ao parque não há nenhum tipo de iluminação. (Foto: Marcos Maluf)

“Tenho aqueles cuidadinhos de vó”, ela brinca. “Não ando perto da grade, passo pelos locais onde tem bastante gente e sempre olho para trás, buscando não ficar desatenta”, ensina.

Além do ponto onde a vítima foi atacada no final de semana outro ponto crítico, segundo os moradores, é na rotatória entre as ruas Rio Negro e Cristóvão Lechuga Luengo.

Em um terreno baldio em frente ao parque não há nenhum tipo de iluminação, sob os pés de figueira e mangueiras presentes no local. “Como caminhamos por aqui sempre juntos, nunca presenciei nenhuma situação suspeita, mas já reparei que muitas mulheres caminham por ali sozinhas”, comenta a pedagoga Lidiane Mello, de 40 anos, que estava no parque com o marido e os dois filhos.

Ataque – Era por volta das 19h30 do último sábado (29), quando um homem tentou enforcar a secretária executiva com pedaço de fio elétrico. "Fica quietinha, só vou matar você", teria dito o criminoso a vítima. Desesperada ela conseguiu gritar por socorro, momento em que o homem correu, foi perseguido por um motociclista, mas conseguiu fugir por uma área de mata.

Horas após o ataque, o fio usado pelo bandido foi encontrado na região. Ele foi entregue na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro.

 Moradores praticando atividade física no entorno do parque. (Foto: Marcos Maluf) 
 Moradores praticando atividade física no entorno do parque. (Foto: Marcos Maluf)


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